O Estado de S. Paulo

Filme abraça o nonsense e diverte sem medo do ridículo

Cinema Em cartaz ‘Belo Desastre: O Casamento’, inspirado em franquia literária de sucesso, brinca com a ideia do amor romântico adolescent­e

- MATHEUS MANS

Adolescent­es, quando estão vivendo um romance, pensam que aquela paixão será para a vida inteira. É ridículo – o amor, afinal, tende a ser brega.

E é divertido quando filmes como Belo Desastre: O Casamento, em cartaz nos cinemas brasileiro­s, mandam a seriedade às favas e abraçam o besteirol sem nenhuma vergonha.

Dirigido e roteirizad­o por Roger Kumble, o longa é baseado na franquia literária Belo Desastre (que já havia chegado ao cinema com After) e narra a história de Abby (Virginia Gardner) e Travis (Dylan Sprouse). Ela é toda certinha, ele é o bad boy que participa de lutas clandestin­as. Depois de um conturbado início de romance no primeiro filme, neste segundo eles já começam a história casados e vivendo uma estranha rotina no México.

A questão é: como esse casal, tão cheio de diferenças, vai conseguir suportar uma vida a dois? É isso que Abby e Travis tentam entender ao longo de O Casamento.

Kumble eleva o tom de ridículo ao máximo. Tudo é exagerado e brega, como são os amores juvenis. São cenas que variam em intensidad­e, com pequenas observaçõe­s absurdas e sequências improvávei­s. O filme deixa o romance de lado para explorar ao máximo o humor que surge da busca incerta pelo “felizes para sempre”. É aí que Kumble abraça o nonsense romântico, já trabalhado por ele em Tudo para Ficar com Ele e Apenas Amigos.

EXAGERO. É difícil dizer que o filme é realmente bom: falta cadência para a história, que adota um tom episódico cansativo; há exagero nos estereótip­os mexicanos, muito além do filtro amarelo; e não há cuidado ao inserir alguns elementos gráficos na história, envolvendo o desenho de um pênis com rosto na tela, causando uma certa vergonha alheia que nem mesmo a cena que se passa em meio a galos de briga consegue causar.

Ainda assim, ao escolher o besteirol sem nenhum constrangi­mento, Belo Desastre: O Casamento faz rir. Bebe da fonte de filmes como American Pie e Superbad, deixando de lado histórias de amigos fazendo besteira para rir dos romances adolescent­es que são, por si só, divertidos para quem olha de longe.

Só os fãs do livro, normalment­e jovens que levam essas histórias a sério, é que devem ficar frustrados com pessoas rindo dos amores impossívei­s. •

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VOLTAGE PICTURES Abby (Virginia Gardner) e Travis (Dylan Sprouse): besteirol

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