O escândalo dos 37 milhões de infiéis
Imagine seu nome, casadas número 37 milhões endereço, infiéis de cartão de tendo pessoas de email, crédito e fantasias na internet. sexuais Isso divulgados aconteceu em 2015, quando o site canadense Ashley Madison teve seus dados hackeados. Famoso pelo slogan Life is short. Have an affair (A vida é curta. Tenha um caso), ele agora é tema da série documental da Netflix Ashley Madison: Sexo, Mentiras e Escândalo.
A série conta que em 13 de julho daquele ano os funcionários do site se depararam em seus computadores com uma mensagem assinada por um suposto grupo chamado Impact Team, que dizia que, se o site não encerrasse as atividades, os dados de todos os seus clientes seriam divulgados. Dias depois, a ameaça foi vazada para a imprensa, com novo ultimato. Como o site continuou no ar, as informações foram divulgadas.
O vazamento não só levou a vários divórcios como a casos de execração pública, chantagem e suicídios. A série da Netflix conta a história, por exemplo, de um professor de um seminário em Nova Orleans, nos Estados Unidos, que se trancou na garagem, ligou o carro e morreu por inalar monóxido de carbono horas depois de ser demitido.
Até hoje não se sabe quem hackeou o Ashley Madison. A investigação não deu da em polícia nada, de ninguém Toronto conseguiu a recompensa de US$ 500 mil oferecida pela empresa e os dois suecos especialistas em cibersegurança contratados para evitar que os dados fossem vazados voltaram para Estocolmo sem nada descobrir. Alguns clientes lesados foram à Justiça e conseguiram US$ 11 milhões em indenização.
A série levanta reflexões sobre a internet. A primeira é que falar mal pode, no final, ser uma bela publicidade. Quando surgiu, o Ashley Madison causou indignação em boa parte da sociedade e teve seus anúncios rejeitados pela imprensa tradicional. Mas também foi tema de vários programas de auditório. E, quanto mais debate, mais usuários descobriam seus serviços, acreditavam na promessa de anonimato e gastavam seu dinheiro em créditos no site.
A série também mostra como as pessoas são ingênuas quando se trata de segurança na internet. O site que se dizia “100% seguro e discreto” inventou selos que supostamente atestariam o cuidado com que guardavam os dados. Tudo mentira. Assim como eram fakes vários perfis de mulheres, usados para fisgar homens dispostos a gastar seus dólares em créditos para se comunicar com elas – ou melhor, com os robôs que se passavam por elas.
Um terceiro ponto suscitado pela série é que nem sempre se aprende com os erros do passado. Depois do escândalo – apontado por um entrevistado na série como o ataque hacker de maior impacto da história –, a chefia do site mudou, mas ele continuou ativo. Hoje diz ter mais de 65 milhões de usuários e continua com a mesma proposta de oferecer “casos extraconjugais com total sigilo”. Numa das páginas, dá dicas aos clientes de como se proteger na internet. Dois dos títulos são: Proteja-se contra fraudes e Compromisso contínuo com a segurança. •