Opala & CIA

PERSONALIZ­ADO

NÃO SE ENGANE! A aparência relativame­nte discreta deste Opala 1977 ESCONDE UMA FERA com cavalaria suficiente para “ENRUGAR” o asfalto

- Por Roberto Marks / Fotos de Saulo Mazzoni

Visual discreto e potência de sobra transforma­m cupê 1977

Acarroceri­a pintada na incomum tonalidade laranja e as rodas cromadas da marca Weld, usualmente utilizadas em provas de arrancada, chamam a atenção. Mas quem apenas olha os detalhes externos não pode imaginar toda a força oculta embaixo do capô deste Opala 1977. Segredo que começa a ser revelado apenas quando se escuta o ronco grave, assim que o clássico “seis canecos” é colocado em funcioname­nto. São nada menos que 320 cv de potência “comprovada no dinamômetr­o de rolo”, afirma o preparador Rogério Rascio, da Auto Mecânica Allen, especializ­ada em preparação para Opala.

Este projeto especial foi desenvolvi­do para realizar o sonho de um empresário paulista que prefere não se identifica­r. Segundo nos relatou, sua proposta básica era ter um carro diferencia­do, mas sem alterar o estilo original do modelo. No fundo, ele queria um carro personaliz­ado, que preservass­e o charme da segunda geração do Opala, porém com “cavalaria” suficiente para “incomodar” modelos mais modernos. Para isso, chegou até a comprar a mecânica seis-cilindros de um antigo modelo de competição, dos tempos em que o Opala corria nas provas da Stock Car.

PROFISSION­AIS ESPECIALIZ­ADOS

Depois de algumas decepções em oficinas não especializ­adas no

assunto, ele confessa que estava quase desistindo do projeto por não conseguir achar alguém que atendesse suas aspirações. A proposta só não foi arquivada em definitivo porque o dono do carro conta ter encontrado dois especialis­tas na arte de personaliz­ar Opala: “O Rogério da Allen, preparador de motores, e o Márcio, da Mar Projetos Especiais, que se dedica a customizar interiores”. A partir de então, segundo o empresário, foi apenas questão de tempo para o carro passar “da água para o vinho”.

Na Allen, o “seis canecos” ganhou novos pistões, forjados, sobremedid­a 0,060 polegada (+ 1,5 mm), o que fez a cilindrada aumentar ligeiramen­te para 4.214 cm³. “Este pistão também aumenta a taxa de compressão”, detalha o preparador. Além dos pistões, as bielas agora

também são forjadas. Ao mesmo tempo, o cabeçote foi retrabalha­do e teve instaladas válvulas de aço inox, enquanto o comando original foi substituíd­o por um importado da marca Crower 310320 graus de duração, assim como foram instalados tuchos mecânicos da mesma marca.

Para garantir fôlego suficiente na alimentaçã­o, Rogério Rascio informa que instalou um sistema de injeção de combustíve­l triplo: “Com corpos de alumínio, que desenvolve­mos aqui mesmo, acionados por módulo de injeção Fuel Tech FT 300”, detalha o preparador. Para suprir o sistema de injeção, a bomba elétrica de combustíve­l (álcool, no caso) foi preparada para trabalhar com maior pressão. Já o módulo de ignição, bobina e os cabos são da marca MSD, enquanto o sistema de escapament­o 6x2, dimensiona­do para competição, foi especialme­nte desenvolvi­do pela Allen.

Com a finalidade de usufruir da potência extra, o câmbio agora é o de cinco velocidade­s da linha Opala de 1992, assim com o eixo traseiro. Com isso, o Opala 77 agora também tem discos

freio nas rodas traseiras. Outro detalhe importante na personaliz­ação são as rodas esportivas Weld, tradiciona­lmente utilizadas em provas de arrancada. Nas dianteiras, com tala de 6 polegadas, os pneus são da marca Toyo 205, enquanto as traseiras, um pouco mais largas, com tala de 7 polegadas, também foram montados pneus Toyo 235. Uma “pitada” estética diferencia­da é a grade dianteira aletada, feita artesanalm­ente.

INTERIOR RADICAL

E se por fora este Opala conserva o estilo tradiciona­l, o mesmo não acontece quando as portas são abertas, revelando o interior. Assinado pela Mar Projetos Especiais, a cabine conserva detalhes de acabamento luxuosos, como era no antigo modelo topo de linha Chevrolet, porém com uma boa dose de esportivid­ade e acessórios dignos de modelos fora-de-série. A começar pelos bancos dianteiros, que são originais de Porsde

O INTERIOR DESTACA ESPORTIVID­ADE, MAS NãO DEIXA DE LADO O CONFORTO E O LUXO TRADICIONA­IS DA LINHA OPALA

che, enquanto o volante de direção veio de uma versão SS.

Um pedido especial feito pelo proprietár­io foi o tingimento do couro do revestimen­to interno de bancos, laterais de portas e até mesmo do volante, com detalhes na tonalidade laranja. Outra exigência era a de que nenhuma ponta de fiação poderia ficar à mostra, fazendo com que todos os terminais do chicote fossem embutidos. Já o painel original deu lugar a uma “verdadeira relojoaria” com seis instrument­os da marca AutoMeter, destacando o velocímetr­o graduado até 200 mph. Ainda no painel, destacam-se quatro pequenas luzes-espia (bateria, óleo, farol alto e pisca) posicionad­as acima do velocímetr­o e do conta-giros.

Outro detalhe curioso é o conjunto de cinco interrupto­res instalados entre as travas dos cintos de segurança dos bancos dianteiros. Importados da Argentina, assim como a pe

O NOVO PAINEL RECEBEU DIVERSOS INSTRUMENT­OS, ENQUANTO OS COMANDOS DOS FARóIS ESTãO AGORA NO NICHO CRIADO ENTRE OS BANCOS

daleira esportiva, o conjunto de botões aciona a lanternas, faróis principais e auxiliares, além dos limpadores de para-brisa de duas velocidade­s. Já o nicho especialme­nte criado para acomodar o freio de mão também se destaca pela presença de um descansa-braço e de um pequeno porta-objetos.

Além de toda a instrument­ação mencionada, o painel também acomoda o visor da central de injeção FuelTech FT300, possibilit­ando o constante monitoraçã­o do sistema de alimentaçã­o de combustíve­l. Logo abaixo dela, uma outra central da mesma marca faz a leitura dos gases do escapament­o. Ah, claro, o console leva ainda um moderno CD-Player Pioneer. Detalhe insignific­ante, entretanto, num projeto como o deste charmoso Opala 1977. Afinal, música mesmo é o ronco do clássico “seis canecos” devidament­e “envenenado”!

O ANTIGO MOTOR “SEIS CANECOS” DE STOCK CAR FOI PREPARADO E PASSOU A DESPEJAR NADA MENOS QUE 320 CV DE POTêNCIA!

A CHARMOSA E EXCLUSIVA GRADE FRONTAL FOI FEITA ARTESANALM­ENTE

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 ??  ?? Capricho nos detalhes: sistema de ignição, bobina e cabos são da badalada marca MSD
Capricho nos detalhes: sistema de ignição, bobina e cabos são da badalada marca MSD
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 ??  ?? Os bancos dianteiros vieram de um Porsche e tiveram parte do couro tingida na tonalidade laranja
Os bancos dianteiros vieram de um Porsche e tiveram parte do couro tingida na tonalidade laranja
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 ??  ?? O menor dos módulos Fuel Tech instalados no console é responsáve­l pela leitura dos gases do escapament­o
O menor dos módulos Fuel Tech instalados no console é responsáve­l pela leitura dos gases do escapament­o
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