IMPORTADO
A OPEL CAR-A-VAN KOMBI foi a principal NOVIDADE da linha Rekord C, lançada na Alemanha em 1966 .E SERVIU DE BASE para a PERUA OPALA
Opel Car-a-van alemã, modelo que inspirou a Caravan brasileira
Ao ser lançada, em agosto de 1966, a nova linha Rekord C da Opel inovou não apenas no desenho, mas também pelo fato de contar com a versão perua de quatro portas, denominada Car-a-van Kombi (ou seja: modelo de uso combinado, pois podia tanto ser usado como carro de passeio ou carga). Na linha anterior, Rekord B, que foi fabricada até o início de 1966, a perua só era oferecida com duas portas.
Curiosamente, a nova linha da Opel também tinha um furgão com duas portas, mas se tratava de um utilitário básico de carga, sem os vidros laterais traseiros substituídos por chapas de aço. Portanto, para quem queria um veículo de uso misto da linha Rekord C, a única opção era a perua de quatro portas que, inclusive, acabou servindo de base para a nossa futura Caravan, lançada aqui em 1975, mas com duas portas apenas.
NOVA PROPOSTA
Como os demais modelos da família Rekord
O MODELO ALEMãO ERA DEFINIDO DE USO MISTO, PARA PASSEIO OU TRABALHO, E ACABOU SERVINDO DE BASE PARA O LANçAMENTO DA FUTURA CARAVAN BRASILEIRA
C, a Car-a-van Kombi também teve seu projeto coordenado por Hans Mersheimer, diretor técnico e engenheiro-chefe da Opel, que começou a trabalhar na nova proposta por volta de 1963. A gama de motores era semelhante a dos outros modelos começando com o Opel de quatro cilindros em linha e 1.492 cm³, denominado 1500, o qual desenvolvia 58 cv com carburador Carter. Em 1969, este carburador de origem americana foi substituído pelo alemão Solex e a potência aumentou para 60 cv.
Também era oferecida a opção do motor 1700 (1.698 cm³), que inicialmente tinha 62 cv. Porém, em 1967, ao ter o carburador Carter substituído pelo Solex, passou a gerar 66 cv. Este foi o motor mais utilizado na linha Rekord C e também tinha uma versão mais “quente”, denominada 1700S que, equipado com carburador Solex 35 PDSI e taxa de compressão mais alta, desenvolvia 75 cv.
EMBREAGEM AUTOMÁTICA
A Car-a-van Kombi podia sair de fábrica com opções de caixas de câmbio manual, de três ou quatro marchas com alavanca na coluna de direção. A partir de 1970, a caixa de quatro marchas passou a ser equipamento padrão, enquanto o câmbio de três marchas passou a ser opcional, mas podia ser adquirido com o sistema Olymat de embreagem automática, fabricada pela Fichtel and Sachs, semelhante à que em 1965 podia equipar opcionalmente DKW-Vemag Fissore, mas sob a denominação Saxomat (era vendida também em forma de kit para instalação no Belcar e na Vemaguet, nas concessionárias).
Com isso, o carro vinha apenas com os pedais de acelerador e freio, sendo necessário basicamente o manuseio da alavanca para a troca
O INTERIOR OFERECE CONFORTO PARA OS PASSAGEIROS, INCLUSIVE NO BANCO DIANTEIRO INTEIRIçO
de marchas. Com o motor em marcha-lenta, três contrapesos, solidários com a placa de pressão do platô, ficavam recolhidas por ação de mola, como se um pedal fosse pressionado. Ao acelerar, os contrapesos se expandiam por centrifugação e levavam a placa de pressão a pressionar o disco, acoplando-se a embreagem da mesma maneira que ocorre quando se solta o pedal das embreagens normais. Para as trocas com o veículo em movimento, já que os contrapesos estavam expandidos, havia uma câmara
O MODELO ALEMãO CONTAVA COM TRêS OPçõES DE MOTORES, COMBINADAS TANTO COM O CâMBIO MANUAL COMO COM AUTOMáTICO
de vácuo, semelhante à de um servofreio, que acionava uma alavanca de embreagem junto ao câmbio quando o vácuo do coletor de admissão comunicava-se com a câmara mediante atuação de um solenoide, cujo contato elétrico era na base da alavanca de câmbio. Bastava encostar na alavanca, com o pé fora do acelerador, para a embreagem desacoplar e as marchas poderem ser trocadas normalmente.
EXCLUSIVIDADE NO MERCADO
Em 1968, antes mesmo do lançamento do Opala, publicações especializadas brasileiras fotografaram uma perua Opel Rekord Car-avan azul clara, com a peculiar carroceria de quatro portas e bagageiro no teto, sendo testada pelo departamento de engenharia da GM, em São Caetano do Sul (SP). Isso gerou diversas especulações, mas a Caravan brasileira só seria lançada sete anos mais tarde e com configuração diferente no que se refere ao número de portas. Segundo consta, essa demora ocorreu porque a GMB tinha como prioridade a fabricação de um modelo compacto de baixo preço, o Chevette, lançado em 1973.
Assim, somente quando apresentou a nova geração da família Opala, em 1975, a GMB lançou a versão nacional da Car-a- van e que, rapidamente, obteve sucesso no mercado com a grafia ligeiramente modificada. Vale lembrar, inclusive, que ela foi anunciada como “a primeira station wagon do Brasil”, o que indicava, no mínimo, desconhecimento por parte do marketing da fábrica e também da agência de publicidade que cuidava da conta da GM, a McCann-Erickson. Afinal, antes da Caravan já existiam no mercado a Vemaguet e, especialmente, a Simca Jangada. Isso sem falar da Amazona e Veraneio...