NACIONAL

O MONZA CLODOVIL foi uma TENTATIVA de oferecer ao mercado uma VERSÃO EXCLUSIVA deste modelo Chevrolet, que fez MUITO SUCESSO nos anos oitenta

O requinte exclusivo do controvertido Monza Clodovil

Pode não parecer, mas este Monza hatch 1983 é um modelo especial que teve produção limitada e leva a assinatura do já falecido estilista de moda Clodovil Hernandes. Esta rara unidade sobrevivente do Monza Clodovil se destaca pelos detalhes exclusivos de acabamento, que foram desenvolvidos pela concessionária paulista Chevrolet Itororó. A ação de marketing da Itororó não era nenhuma novidade. Baseava-se em proposta da Ford, para o mercado americano, com as séries especiais de modelos Lincoln assinadas por estilistas renomados como Givenchy e Bill Blass. A escolha de Clodovil Hernandes se baseava em ele ser o principal nome da chamada alta costura brasileira, no inicio da década de 1980.

ESTILO E MODERNIDADE

A imagem do estilista foi explorada pela Itororó para conferir a essa série especial do Monza uma aura de exclusividade e requinte, procurando dar uma opção diferenciada a um mercado que sofria limitações devido às restrições à importação de veículos na época. Além disso, o carro mundial da GM tinha versões fabricadas contemporaneamente

A CONCESSIONÁRIA OFERECIA PINTURA COM SEIS TONALIDADES EXCLUSIVAS E GARANTIA DE UM ANO PELO SERVIÇO

tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Era, portanto, o que havia de mais moderno no mercado brasileiro.

O “nosso” J-Car (como o projeto foi denominado pela General Motors) tinha o desenho baseado no Opel Ascona hatchback de quatro portas, mas a versão de duas portas era exclusiva do mercado nacional. Além disso, o Monza também foi o primeiro Chevrolet nacional com motor transversal e tração dianteira. Denominado “Família 2”, este motor tinha o bloco fundido no Brasil e exportado para equipar os “J-Cars” em outros países. Não é de se admirar, portanto, que o modelo era a base ideal para uma versão “esnobe” num mercado carente.

DETALHES DIFERENCIADOS

Conforme destacava a publicidade da época, o Monza Clodovil era oferecido em

NA CLODOVIL TRASEIRA, A EXCLUSIVA VERSÃO RECEBIA APLIQUES EM ACRÍLICO QUE PROLONGAVAM AS LANTERNAS

cores exclusivas, já que a própria Itororó fazia a repintura da carroceria dando garantia de um ano pelo serviço. Eram oferecidas seis cores: Ouro, vermelho Sangue, marrom Café, azul Noturno, azul Esverdeado e branco Perolizado. Também eram instalados apliques em acrílico que prolongavam as lanternas traseiras. Acessório que, por sinal, já era vendido no mercado paralelo. Em algumas unidades também foi aplicado borrachão lateral, com detalhes em verde e amarelo, indicando ser o Monza Clodovil um modelo exclusivo e nacional.

Internamente, a versão especial vinha com os bancos revestidos em couro, nos quais eram grafadas as letras “C” e “H” (iniciais de Clodovil Hernandes) em baixo relevo. A assinatura do estilista também se destacava no vigia, enquanto no volante de direção eram aplicadas as iniciais “C”

e “H”. No console especialmente desenvolvido para esta versão e que tinha um porta-objetosm eram instalados o relógio e os comando dos de acionamento elétrico dos vidros e do ar condicionado (item também opcional). Outro detalhe era o chaveiro folheado a ouro.

OPCIONAL EXCLUSIVO

Além disso, o Monza Clodovil também podia vir com um opcional exclusivo: o jogo de malas feito sob medida para aproveitar o espaço no porta-malas, também revestido em couro, e que vinha com um organizador das malas, para que elas ficassem na posição correta. Mas não demorou muito tempo para a concessionária rever a sua decisão no acordo com Clodovil. Segundo consta, problemas de relacionamento com o costureiro, que já tinha fama de encrenqueiro na época, acabaram provocando o fim da carreira do charmoso modelo.

Também com base em relatos da época, pouco tempo depois as unidades usadas começaram a ser consideradas verdadeiros “micos” no mercado de usados, o que deixou os clientes insatisfeitos. Afinal, eles pagaram muito mais pelo Monza especial que, de uma hora para outra, valia menos do que um modelo comum...

REPLETO DE LUXOS E MIMOS EXTRAS, O MONZA CLODOVIL ERA OBVIAMENTE MAIS CARO, MAS LOGO SE TORNOU UM “MICO” E ACABOU DESVALORIZADO NO MERCADO DE USADOS

O nome do estilista também aparecia em um adesivo no vigia traseiro. Já as faixas verde e amarelo das laterais destacavam o “projeto nacional”

Bancos e volante são marcados pelas iniciais “C” e “H”, enquanto um console extra acomoda relógio e comandos de acionamento elétrico dos vidros