AURORA BOREAL
INSPIRADO NOS STREET RODS americanos, colecionador paulista REALIZA O SONHO de customizar este EXCLUSIVO CUPÊ 1979
Num “universo” repleto de carros pretos ou prateados rodando pelas ruas de nossas cidades, este reluzente Opala SS 1979 laranja Boreal do empresário Harry Pollheim, de São Paulo, SP, costuma despertar a atenção das pessoas, que não ficam indiferentes ao ver passar o vibrante Chevrolet. “Sempre gostei de carros antigos e o meu primeiro foi um Puma GTE 1975, mas, desde a infância também tenho carinho especial pelo Opala”, explica. “Por isso, quando tive a oportunidade passei a garimpar modelos do Chevrolet no mercado. Foram dois anos pesquisando na internet e vendo dezenas de carros, mas nenhum me agradava. Porém, finalmente encontrei este SS de quatro cilindros em bom estado e com preço justo, o que me animou a fechar negócio”.
RESTAURAÇÃO “CUSTOM”
Apesar da alegria inicial, não tardou para o novo proprietário decidir restaurar o carro completamente. Mas a proposta não era de simplesmente realizar uma restauração, como também customizar levemente o Opala, assim como fazem os americanos
atualmente nos Chevrolet Nova, Camaro e Chevelle. A intenção de Harry, entretanto, não era de “enxertar” peças como lanternas, faróis ou para-choques de outros modelos: “Como costumam fazem os adeptos do xuning e que dá origem a verdadeiros Frankensteins de quatro rodas, mas sim proporcionar ao carro um visual mais moderno e esportivo, preferencialmente utilizando o maior número de peças originais”, detalha o proprietário.
O serviço começou pela mecânica. O motor 151-S foi devidamente re
A MECâNICA FOI TODA REFEITA, ALéM DE MODERNIZADA COM A ADOçãO DE COMPONENTES DE OUTRAS GERAçõES DO OPALA, COMO CâMBIO E DIREçãO
tificado com a troca de pistões, anéis, casquilhos e outros componentes já desgastados. O câmbio varetado de quatro marchas, no qual o trambulador já estava com folga, foi trocado pela “nova” caixa lançada na linha Opala em 1983, com trambulador interno. Molas, bandejas, terminais e caixa de direção também foram substituídos por componentes novos, assim como os discos, pastilhas, lonas e tambores do sistema de freios. Foi feita ainda uma modificação mecânica para aumentar o conforto com a troca da coluna de direção original pelo modelo regulável lançado no Diplomata SE em 1988.
VISUAL NOVO
A etapa seguinte do projeto foi a restauração da lataria e pintura, bem como o acabamento. Assim, foi feita a raspagem completa da carroceria para a eliminação dos pontos de ferrugem no monobloco. Em seguida foi feita a pintura na tonalidade laranja Boreal, que começou a ser oferecida pela GMB na linha Chevrolet 1978. Por uma questão de gosto, Harry optou em aplicar nos para-lamas dianteiros os adesivos do Opala SS4 1974 (curtos), mas na posição dos utilizados no SS4 1975 (mais baixa). O arranjo ficou parecido com aquele empregado no SS 1975, mas os adesivos não alcançam a seção inferior dos para-lamas, o que gera um efeito que costuma confundir.
Além disso, o proprietário também optou por “envelopar” o capô com adesivo preto em tom imitando fibra
de carbono: “Sei que muitos vão torcer o nariz”, detalha Harry. Porém, o recurso causa um contraste interessante com a cor laranja Boreal. Outro detalhe na customização foi a troca das rodas de aço pelas esportivas Jaagruti de liga leve, com aro 18, pintadas em preto, nas quais foram montados pneus radiais Sunny SN3800, na medida 255/40R18. Além disso, detalhes como lentes de lanternas, molduras de faróis e lâminas dos para-choques finalizaram o trabalho externo da carroceria.
Na sequência foi feita a personalização do interior, na qual Harry procurou deixar o acabamento do SS ainda mais luxuoso e também esportivo: “Mas sem exageros”. O volante original deu lugar ao outro de menor diâmetro, mais moderno, mas que mantém os característicos três raios do SS. Já o console foi desenhado e confeccionado pelo próprio dono do carro. “No desenho do console procurei seguir as linhas do modelo original, contudo, a parte da frente sobe até a altura do painel e a peça tem encosto de braço com abertura para porta-objetos”, detalha o dono. Na forração em couro, destaca-se o detalhe de acabamento com as costuras duplas em forma de faixa. Estas mesmas costuras foram utilizadas no tampão traseiro.
A manopla de câmbio original deu
PNEUS DE PERFIL BAIXO E RODAS ESPORTIVAS DE LIGA LEVE GARANTEM VISUAL ATUALIZADO
lugar a uma esportiva em alumínio, com detalhe cromado e a coifa da alavanca tem acabamento em couro e alumínio. Todo o revestimento interno do Opala também é novo e coerente com a proposta externa do veículo, que nada fica a dever aos street rods americanos o que é motivo de orgulho para Harry. “Uma de minhas grandes alegrias é passear com a minha família, nos fins de semana, no Opalão e nos quais normalmente fazemos novos amigos aonde vamos. Além disso, meu filho Pedrinho, que completou recentemente dois anos de idade, é apaixonado pelo carro. Se fosse por ele, nós só andaríamos no SS. Recentemente, ele foi comigo levar o carro para ser exposto no evento Two Wheels Brazil. Porém, como o carro teria que ficar exposto de um dia para o outro, quando fomos embora em outro carro, o Pedrinho chorou por uns 20 minutos, pedindo para não deixássemos o SS lá”, conta Harry.
Porém, se o filho não gostou muito da ideia, o mesmo não se pode dizer dos visitantes do evento. “Mesmo estacionado ao lado de um imaculado Chevrolet Bel Air 1956 e de um Ford Roadster rat rod 1930, o carro que realmente chamou a atenção dos visitantes foi o Opala laranja Boreal”, destaca, sem modéstia, o dono. Mas Harry afirma que não pretende parar por aqui no projeto de personalização. “No visual já está quase pronto, faltando apenas alguns detalhes. Porém, já estou pensando em realizar um upgrade na mecânica instalando um “seis–canecos” 4100, do qual pretendo tirar uns 250 cv. Não será nada muito radical: quero apenas apimentar um pouco a brincadeira”, finaliza o orgulhoso dono deste Opala, uma verdadeira “Aurora Boreal” nas ruas de São Paulo.
APESAR DO ELEVADO INVESTIMENTO Já REALIZADO, O DONO PRETENDE INSTALAR UM “SEIS CANECOS”