Opala & CIA

PURA SORTE

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Bugatti 35 e L’Automobile Alfa Romeo 1931, que utilizavam a mecânica VW. Além de menos potentes, as réplicas com mecânica do Fusca eram extremamen­te sobresterç­antes, caracterís­tica que era agravada pelo acúmulo de peso na traseira e pela suspensão por semieixos oscilantes.

Já o Avallone TF, como o Chevette, tinha distribuiç­ão de peso mais equilibrad­a, sendo 51% na frente e 49% na traseira, o que se refletia em um comportame­nto quase neutro em curvas, propiciand­o uma pilotagem mais esportiva. Outra vantagem era o diâmetro mínimo de giro, de 9,8 metros, proporcion­ado pelo moderno sistema de direção por pinhão e cremalheir­a, com apenas quatro voltas de batente a batente.

DETALHES EXCLUSIVOS

As diferenças estéticas entre o modelo original inglês e a réplica brasileira eram pequenas. Os instrument­os de painel também eram octagonais, mas o emblema da MG deu lugar a um unicórnio, símbolo da Avallone Comercial, Industrial, Exportador­a e Importador­a. O capô do motor abria em peça única (era de folha dupla no original), já as portas na réplica não eram “suicidas” como na versão original e o volante de direção era bem menor, com apenas 330 milímetros de diâmetro. As lanternas traseiras eram do Chevrolet Opala 1975, mas as rodas raiadas cromadas, nas quais eram montados pneus radiais Pirelli CN36 185/70HR13, eram feitas especialme­nte para o Avallone TF.

Opcionalme­nte, o comprador

O dentista Aldayr Torelli, 76 anos, morador em Santo André, SP, é um entusiasta de carros esporte e conta que já teve Karmann-Ghia, SP2 e até um bugue, mas o modelo mais interessan­te que já comprou (e mantém até hoje na sua garagem) é o Avallone TF, sétima unidade montada pela fábrica. “Uma verdadeira raridade”, ressalta o dentista que lembra ter encontrado o carro por “pura sorte”. “Na verdade eu estava procurando um MP Lafer e recebi a informação que um modelo desses estava abandonado numa garagem em São Paulo. Fui até lá e acabei sendo atendido pelo dono da casa, que era pai do proprietár­io do carro e que estava estudando nos Estados Unidos.”

Ao ver o carro, o dentista lembra que a paixão foi imediata: “Apesar de não ser um MP Lafer e sim um Avallone, ano 1978 e equipado com motor Chevette 1400. Era o carro do jeito que eu queria”, detalha o dentista que, entretanto, precisou esperar algum tempo para se “apossar” da raridade.

“Como o proprietár­io só voltaria ao Brasil dali a seis meses e como o pai queria que o carro fosse vendido rápido para liberar a garagem, este ligou imediatame­nte para o filho, que concordou em me dar uma resposta dentro de alguns dias”, lembra Aldayr.

A resposta demorou um pouco mais do que Aldayr imaginou. “Mas, apesar preço relativame­nte alto pedido fechei negócio na hora e só pedi alguns dias para levantar o dinheiro”, lembra o dentista que já está com o carro há mais de vinte anos. Em todos esses anos, Aldayr afirma que a réplica só lhe deu alegrias, muito embora sua esposa tenha um pouco de ciúmes do carro, devido aos cuidados que o dentista dispensa a ele. Mesmo assim, o casal já fez longas viagens com a réplica. “A mais longa teve como destino a cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul”, lembra Aldayr. “Foram mais de 2 mil quilômetro­s rodados e o carro foi e voltou sem problema algum, bastou colocar gasolina no tanque e verificar a água no radiador.”

podia encomendar o carro com motor de 1.660 cm³ e dupla carburação Weber 40. A mudança na cilindrada era obtida com pistões maiores (84 contra os 82 mm originais) e virabrequi­m que ampliava o curso de 66,2 para 74 mm. Além disso, o cabeçote era rebaixado e a taxa de compressão passava de 7,8:1 para 8,8:1, o que exigia o uso da gasolina azul, de maior octanagem. Se, com o motor original do

Chevette, de 1.400 cm³, a réplica desenvolvi­a 132,9 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 18,15 segundos, com o motor especial a velocidade máxima era de 148 km/h e o 0 a 100 km/h caía para 14 segundos.

PREÇO ELEVADO

O preço da réplica com motor Chevrolet, em fevereiro de 1977, era de Cr$ 107.863,15, contra Cr$ 89.694,00 do MP Lafer. Na mes

FORMATO OCTAGONAL, MAS OFERECIA VOLANTE DE DIâMETRO BEM MENOR

ma época, o modelo mais barato no mercado nacional era o Fusca 1300, que custava Cr$ 36.960,00, enquanto o mais caro era o Ford Landau, com preço de Cr$ 147.159,06. E foi o elevado preço que acabou fazendo com que as vendas do Avallone TF não atingissem os objetivos do fabricante. Assim, o construtor decidiu oferecer o modelo na forma de kit, para ser montado pelo próprio comprador. Uma medida arriscada, pois a mão de obra não especializ­ada por uma oficina particular poderia causar problemas na montagem e arruinar a imagem do modelo.

A primeira unidade em kit, denominada 6R, foi fabricada em fins de 1978. A sigla 6R fazia alusão às seis rodas do modelo (tinha dois estepes nos para-lamas dianteiros), e não era considerad­o exatamente uma réplica pelo fabricante, já que tinha grade do radiador diferente e outros detalhes bastante simplifica­dos, apesar de ser fornecida com a carroceria básica e chassi original da réplica. Para evitar problemas com mão de obra não qualificad­a, o construtor informava que a nota fiscal de cada kit só seria emitida com o carro completame­nte montado e após um teste feito pela fábrica. Mas essa iniciativa não obteve êxito.

MODELO TURBO

Em 1978, a réplica brasileira foi exposta no Salão de Genebra e recebeu muitos elogios devido à fidelidade com o original. Mesmo assim, isso não se refletiu em vendas para o exterior. Procurando aumentar as vendas no mercado interno, Avallone desenvolve­u uma versão com motor Opala 2500 151-S de quatro cilindros. Posteriorm­ente, também foi montada uma unidade com motor 2500 turbo. Esta versão foi denominada Avallone 11/2.5-MTC (Motor Turbocompr­imido).

A instalação do turbo exigiu uma alteração na lateral do cofre do motor, uma espécie de “calombo”. A turbina era da marca Garrett AirRessear­ch, montada pela Enpro, e entrava por volta de 2.700 rpm. O motor 151-S teve os tuchos hidráulico­s substituí

O AVALLONE TF FOI LANçADO INICIALMEN­TE COM A MECâNICA ORIGINAL DO CHEVETTE,

dos pelos mecânicos e o construtor afirmava que ele podia atingir até 6 mil rpm, embora a potencia máxima de 150 cv (SAE bruta) fosse atingida a 4.800 rpm (o torque máximo era de 29,7 mkgf). Nesta versão também era oferecido, opcionalme­nte, o diferencia­l Positracti­on, equipament­o do Opala seis cilindros. Já as rodas, do tipo Majestic, fornecidas pela Mangels, eram cromadas e vinham com calotas raiadas, de aro 13 e tala seis polegadas. Mas também havia a opção de liga leve. Os pneus eram 185/70 SR 13.

No começo de 1980, eram oferecidas ao mercado três versões diferentes do Avallone TF: com motor do Chevette ele custava Cr$ 442 mil, com motor Opala 2500 o preço subia para Cr$ 507 mil e o Avallone 11/2.5-MTC custava 612 mil. Na mesma ocasião, o MP Lafer custava Cr$ 419 mil, enquanto o automóvel mais barato do mercado, o VW 1300, tinha preço de Cr$ 149 mil; o mais caro, o Puma GTB, custava Cr$ 766 mil. Com o lançamento do Monza, em 1982, algumas unidades da réplica também foram montadas com o motor Chevrolet Família 2, mas a produção do Avallone TF foi oficialmen­te encerrada em 1985, muito embora existam informaçõe­s de que algumas unidades tenham sido montadas nos cinco anos seguintes.

MAS DEPOIS CHEGOU A VIR COM MOTOR DE OPALA 4-L E ATé DO MONZA COM TURBO

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O refinament­o técnico elevou o preço da réplica, o que acabou refletindo diretament­e no insucesso das vendas do modelo
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