Opala & CIA

FIBREIRO POR ACASO

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Advogado bem-sucedido em Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro, Iraci Elias da Silva virou fabricante de automóveis praticamen­te por acaso. “Em meados dos anos oitenta eu decidi comprar um carrinho esportivo especial, para curtição. Era uma réplica de um Alfa Romeo da década de 1930, feita de plástico reforçado com fibra de vidro. Quando fui à fábrica, em São Paulo, notei que as coisas não estavam muito bem por lá”, lembra. Simpático, bom de conversa, Iraci acabou fazendo amizade com os novos donos da empresa, que pouco antes havia mudado a razão social de L’Automobile para L’Autocraft. Ao ouvir os lamentos dos fabricante­s da réplica, Iraci tomou uma decisão surpreende­nte: “Não sei o que me deu na cabeça, mas em vez de comprar o carro acabei comprando a fábrica”, conta.

Com o incentivo da prefeitura da cidade de Barra do Piraí, ele transferiu a empresa para aquele município do Rio de Janeiro e continuou montando as réplicas do Alfa. “Fizemos mais de 200 unidades daquele modelo na nova fábrica”, contabiliz­a Iraci, que assumiu o comando da L’Autocraft justamente em 1986, quando o Brasil enfrentava o primeiro pacote econômico do governo Sarney, o malogrado Plano Cruzado. “Foi uma coisa incrível. Ao mesmo tempo em que dobrou os impostos, o governo congelou os preços dos produtos. A conseqüênc­ia logo foi sentida: passou a faltar matéria- prima e, assim, não dava para entregar os carros já encomendad­os. Pior: tínhamos que honrar os salários dos empregados e os compromiss­os da fábrica”, relembra Iraci.

Mesmo assim, ele continuou firme no negócio. Com isso, ganhou fama de empresário arrojado e logo passou a receber ofertas daqueles que queriam sair do ramo. “Acabei comprando moldes de modelos de outros fabricante­s, que resolveram deixar o negócio de carros de fibra”, conta o empresário. “Muitos, nem cheguei a fabricar, mas ainda hoje tenho os moldes do Dimo ( réplica do Dino Ferrari), dos bugues Terral 1 e 2, do Bugatti e até o molde do Ford 1929, além dos do Alfa e do próprio Sabre”, detalha Iraci, que está colocando os referidos moldes à venda. “Eu os guardei porque achava que ainda voltaria a fabricar carros, mas agora não tenho mais esta intenção e estou aberto para propostas de quem estiver interessad­o neste ferramenta­l”, informa o advogado.

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