RESTAURAÇÃO FORÇADA
O mecânico Marco Antônio Zampalla, de São Paulo, SP, sempre foi um grande admirador das “banheiras” americanas. Em 1995, após ter diversos modelos Dodge V8, nacionais, soube que numa loja de carros antigos estava exposta uma camionete Impala da década de 1970. Interessado, foi examinar a station wagon que, entretanto, necessitava de alguns reparos.
Na mesma loja, ao lado do modelo que fora ver, estava o conversível 1968. Bege, com capota e interior pretos, o carrão, também em sofrível estado de conservação, mas tinha motor 327 V8 Turbo Fire e câmbio automático TH 400. A “banheira” chamou sua atenção e, em vez de comprar a station, Marco entrou numa dívida maior do que imaginava, mas levou o conversível para casa.
Mesmo tendo custado R$ 10 mil, na época dinheiro suficiente para comprar um carro popular 0km, e ainda vinha troco, o Impala tinha ainda alguns problemas sérios. O motor e o câmbio vazavam óleo, o pára-brisa original fora trocado por um de acrílico, a capota e a tapeçaria necessitavam reparos, a pintura estava gasta e a carroceria apresentava diversos pontos de ferrugem. As calotas eram originais, mas do modelo 1960. Nada disso, entretanto, abateu Marco, que passou a utilizar o Chevrolet em ocasiões especiais.
Certa vez, ao viajar com o conversível para a praia Boissucanga, litoral de São Paulo, aconteceu o pior. Subindo tranqüilamente a serra, Marco viu um velho Gol “a ar” apontar na curva em alta velocidade. Foi tudo muito rápido. O motorista perdeu a direção, rodou, passou para a pista contrária, onde acertou em cheio a lateral esquerda do Impala. Além disso, o dono do Gol fugiu e só restou mandar o carro para uma oficina para desamassar a lataria. Aproveitando a ocasião, Marco mandou eliminar os pontos de ferrugem, além de autorizar a pintura completa, inclusive no chassi. Na mesma ocasião, retirou o motor e o câmbio para retifica-los com peças de kits americanos importados. Posteriormente, também refez o sistema de freios e trocou as capas dos bancos e o carpete original, substituído pelo do Ford Landau nacional.
Já o vinil da capota e o envelope que a cobre quando fechada teve que importar. Por uma questão de gosto, Marco trocou as calotas que vieram no carro pelas usadas no SS 1965 e, ao mesmo tempo, instalou máquinas elétricas para levantar os vidros das portas. Por fim, trocou o pára-brisa de acrílico pelo original, de vidro.
Este último componente tem uma história interessante: Marco encontrou inicialmente uma peça que fora retirada de um Impala fastback, mas esta não “encaixou” na moldura do pára-brisa do conversível. Para resolver o problema, ele conseguiu encontrar a carcaça de um cupê, num ferro-velho, na qual o tal pára-brisa era a última peça ainda instalada.