Silêncio! MÃE EM FORMAÇÃO
DESDE QUANDO DESCOBRE QUE ESTÁ GRÁVIDA, A MÃE SE DEPARA COM TODO TIPO DE OPINIÃO E PALPITE: DO MÉDICO, DO LIVRO, DO BLOG, DA SOGRA… VEJA COMO PESAR – E FILTRAR – TUDO O QUE ESTÁ LENDO E OUVINDO
Imagine a cena: o bebê acabou de nascer e começa a ter as primeiras cólicas, e nada parece resolver. Mãe de primeira viagem, ela tentou de tudo: do exercício da “bicicletinha” com as pernas do nenê; colocar a criança contra o peito do pai sem camisa; pôs ela de barriga pra baixo; usou pano quente; deu chá; buscou orientação em livros e sites; conversou com amigos… E a sensação de culpa e de não acertar só aumentando.
Essa história te parece familiar, não é? Seja pra fazer qualquer coisa relacionada ao nosso filho, as opiniões são muitas, divergentes entre si, e a mãe fica perdida mesmo. Muita calma nessa hora: é só ter bom senso pra lidar com elas.
Um pulo na história
Primeiro vamos voltar no tempo pra pensar em algumas coisas: há alguns séculos, as famílias eram grandes e com muito filhos. Havia muita convivência com crianças nesse ambiente familiar e os parentes costumavam compartilhar experiências – até porque o mais comum era todo mundo morar na mesma casa. Na hora de criar os filhos, os costumes e tradições estavam ali, e bastava perguntar pra avó, ou a avó da avó, o primo, o primo do primo...
Hoje, o tamanho das famílias é menor. No Brasil, por exemplo, passamos de cerca de 6 filhos por mulher dos anos 1960 para uma média atual de menos de 2 filhos por mulher (dados do IBGE). No meio do caminho, também, muitas mudanças de comportamentos fizeram com que as pessoas revissem conceitos e começassem a questionar se o que a mãe, a avó e a tataravó fizeram realmente é o certo, e se esse é o modelo a ser seguido.
Famílias pequenas e cada um na sua casa, uma rotina de trabalho corrida e ainda a internet invadindo a vida de todo mundo, inclusive da grávida e da mãe... Aí já viu: com a falta de ter com quem dividir as informações, os blogs, as redes sociais e os grupos de mães na web nunca foram tão bombados. Essa é a chamada Sociedade da Informação: todo
mundo conectado e as informações correndo muito rápido pelos meios de comunicação. É aí que entra a história de muitas mães: o maior acesso a diferentes fontes de informação que a mulher tem hoje pode ajudar a lidar com seus dilemas maternos. Só que…se apoiar em qual delas?
Muito ajuda quem pouco atrapalha
As pessoas tentam ajudar, mas dá um nó danado: a vizinha que insiste com seu método infalível de desfraldar, a colega de trabalho que acha absurdo você pensar em abandonar o trabalho, e por aí vai...
Na internet não é diferente. Segundo a psicóloga Karyne Mariano Lira Correia, madrasta de Isabela, quando falta qualidade ao conteúdo, o que se vê mais confunde que ajuda. Na web, há facilidade de acesso, sim, mas a dificuldade de triar a informação suspeita das boas é grande também. “DA MESMA FORMA QUE A MÃE PODE SE BENEFICIAR DE INFORMAÇÕES ÚTEIS, TAMBÉM PODE TER PREOCUPAÇÃO DESNECESSÁRIA ou tomar decisões equivocadas por seguir orientações não confiáveis”, pondera ela.
Outro problema são as autorias: qualquer um fala qualquer coisa. De acordo com Andrea Wolffenbuttel, diretora de comunicação da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), a mãe precisa ficar de olho. “A internet é um espaço aberto onde todos podem se manifestar, independentemente de seu conhecimento ou formação”, diz. Como fazer, 1. CUIDADO COM
O DR. GOOGLE
É só uma tosse de criança, mas, depois de pesquisar no Google, a mãe entra em pânico. Quem nunca? “O ideal é ir sempre às fontes seguras”, orienta a psicóloga Karyne. Mas em questões médicas, as hipóteses são tantas... Nada como o pediatra do seu filho decidindo o que se aplica ao caso. então? “A mãe deve pedir indicações aos pediatras, professores e aos demais profissionais nos quais confia”, orienta.
Espelho, espelho meu
É comum a mãe se espelhar em pessoas na mesma situação, seja compartilhando experiências com elas ou apenas lendo seus relatos ou publicações em blogs. “É fato que nós aprendemos não apenas por instrução, mas também pelo exemplo de outras pessoas”, explica Karyne.
Para Marcelo Cunha Bueno, pai de Enrique, educador e escritor, conversar com amigos que também são pais é recomendado e superimportante. “Quando os pais conversam com pessoas no mesmo momento de vida, cria-se uma rede de entendimento das dificuldades, e isso faz bem”, diz ele. O QUE NÃO PODE É ACHAR QUE A MESMA DICA VALE PRA TODO MUNDO, AFINAL CADA UM TEM SEU JEITO. O PARTO DA AMIGA OU A ROTINA DA SUA IRMÃ NEM SEMPRE É O QUE FUNCIONA NA SUA VIDA. “Somos diferentes, e portanto precisamos considerar essas diferenças”, ressalta Karyne. Portanto, é preciso autoconhecimento.
A mãe que eu quero ser
Existem bons exemplos que a gente gostaria de seguir, que, de repente, não servem para sua vida. E a mãe que os outros querem que a gente seja, então? Quanta autocobrança essas mulheres ideais, essas mães-modelo causam em você! 2. BOATOS X PESQUISAS CIENTÍFICAS
É fato: nos EUA, se espalhou uma hipótese de que a vacina contra sarampo estaria associada ao autismo. Daí, mães passaram a não vacinar os filhos... e o sarampo, de quase erradicado, passou a preocupar de novo. E de comprovado contra a vacina não há nada, nenhuma pesquisa. 3. “COMO MEUS PAIS” PODE NÃO SER UM CRITÉRIO
O exemplo mais claro disso é a questão da palmada. Hoje há muitas fontes de referência que ajudam os pais a entenderem como conversa e bons exemplos pautam uma boa educação. E que as palmadas, no fundo, são exemplos bem negativos...