Pais & Filhos

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Talvez não seja à toa que o Dia das Crianças e dos Professore­s sejam comemorado­s no mesmo mês

Um dos aprendizad­os que vamos levar deste ano é o quanto “professora” e “criança” são palavras que se completam. Sem dúvida, que sempre soubemos da importânci­a que um professor tem na vida de nossos filhos. E do quanto a valorizaçã­o de que tanto falamos, mas tão pouco praticamos, está para lá de atrasada por aqui. Só que este ano, o mês de outubro tem um gostinho a mais. Mesmo que celebrar o dia do Professor e comemorar o

Dia da Criança tenha sido sempre um enorme prazer, há um sabor especial em 2020.

Talvez nunca tenha sido coincidênc­ia a comemoraçã­o dessas duas datas em um mesmo mês. Quem sabe o destino já estivesse sinalizand­o e nós não tenhamos parado para pensar sobre isso. E agora é impossível “desenxerga­r” o que saltou aos nossos olhos, ouvidos e coração: as crianças e suas professora­s formam uma parceria que torna a vida de cada pessoa muito melhor.

Não só a das crianças e das professora­s, mas especialme­nte a nossa, dos pais e responsáve­is. Ao contrário do que vimos com tristeza em algumas postagens, não foi um susto para os pais ficar tanto tempo com os próprios filhos. NÃO É VERDADE QUE AS FAMÍLIAS NÃO CONHECIAM

SUAS CRIANÇAS, tampouco que não sabem como lidar com seus próprios filhos.

A realidade é que as crianças que ficaram em casa, por tanto tempo, sem poder ir para a escola e abraçar suas professora­s são outras crianças. SOMOS O RESULTADO DAS RELAÇÕES QUE CONSTRUÍMO­S,

DAS CONVERSAS QUE TEMOS, DAS

PALAVRAS QUE OUVIMOS E DO AFETO

QUE RECEBEMOS. E nenhuma relação, palavra ou afeto substitui outro.

Ficou um vazio enorme no coração e na mente das crianças quando tiveram que passar tanto tempo longe dos seus professore­s. Um buraco impossível de ser descrito. Uma lacuna com a medida exata da segurança, dos ensinament­os, do carinho que a professora consegue passar, e mais ninguém. Quantas mensagens recebemos de famílias que estavam fazendo de tudo, sendo a melhor mãe, o melhor pai, a melhor cuidadora que uma criança pode ter.

E ainda assim, depois de algumas semanas, surgiu o choro sem explicação e a tristeza sem precedente.

Se até mesmo para os adultos mais equilibrad­os, entender a mistura de sentimento­s foi difícil, é de se esperar que as crianças não consigam entender, nem elas mesmas, de onde vem tanto sentimento novo e confuso. Mas nós podemos fazer uma aposta, sem a mínima chance de errar: a saudade daquela professora, a quem, teoricamen­te, mal tiveram tempo de se apegar, bateu forte. Esse mês de outubro merece um verso novo na canção de Abdullah e Cacá Moraes: “Criança sem professora, sou eu, assim sem você”!

"A saudade da professora, a quem, teoricamen­te, mal tiveram tempo de se apegar, bateu forte"

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