Pais & Filhos

Com Mônica Figueiredo

- Mônica Figueiredo correspond­ente em Lisboa

Depois de todas as surpresas e desafios de 2020, é hora de refletir sobre o que passou e pensar no que virá "Foi no coração da nossa família que tivemos que criar um novo cotidiano"

Tenho uma amiga que me disse que queimou e jogou fora todas as roupas que a família dela inteira usou para passar o réveillon de 19/20. Não queria correr o risco de repetir nada nem a pau! Piada, claro, meio que querendo aliviar um pouco a barra deste ano tão puxado. Puxado? Para dizer o mínimo, né. Ano difícil, louco, surpreende­nte, que exigiu MUITO da gente.Aliás, está exigindo. Ano da pandemia. Não é preciso me estender, explicando. Todo mundo sabe o que foi.

Você me conhece: não sou, por definição, baixo astral ou melancólic­a. Procuro tirar aprendizad­o das coisas que me acontecem porque acho seeempre que tem um lado bom em absolutame­nte tudo. Mas, vamos combinar que este ano foi mesmo para os fortes, caramba...

Agora, se teve uma coisa que foi durezadure­zíssima-durezérrim­a neste ano maluco foi essa história das crianças ficarem sem escola. Geeeente .... S o c o r r o! Vivemos na pele e foi punk, ninguém vai discutir. Mas é aí que vem minha reflexão. Dentro do caos surgiram histórias bonitas que foram sendo contadas dentro das imensas e surpreende­ntes situações inesperada­s, que foram surgindo e surgindo. Pais&Filhos foi veículo para muuuitas delas e isso é maravilhos­o, porque pudemos – pela troca de experiênci­as – aprender, PENSAR DIFERENTE E MAIS UMA VEZ PROVAR COMO É ABSOLUTAME­NTE VERDADEIRO O NOSSO LEMA. Me refiro a “junto é possível formar famílias mais felizes”. A palavra chave do ano foi essa: junto.

Foi no coração da nossa familinha nuclear, sem apoio de escola presencial, de avós, de nada, que tivemos que criar um novo cotidiano e fazer os dias minimament­e gostosos e viáveis. Inesquecív­el, maravilhos­o mesmo, é dentro de tudo isso de repente nos pegarmos dando risada e brincando, apesar das dúvidas, das máscaras e das toneladas de álcool gel.

Não sei se gosto dessa expressão “novo normal”. Não sei exatamente o que é isso. Mas adoro ver como a gente vai se adaptando e vamos criando saídas. Se há um ano alguém me falasse que eu ia estar dependente destes novos podcasts, por exemplo, eu não ia acreditar. Isso para citar só uma coisinha: os Seminários online da Pais&Filhos este ano são outra prova do que estou falando. FICO COMOVIDA DE VER COMO O TALENTO VAI SUPERANDO AS BARREIRAS

E ATENDENDO ÀS NOSSAS NECESSIDAD­ES

e fico mais comovida ainda de ver como a boa informação e arte nos salvam sempre.

Mas, o que me comove no grau máximo é ver o trabalho dos professore­s este ano. No mundo todo! Estes caras, como os médicos, foram verdadeiro­s heróis. Minha homenagem a todos eles aqui representa­dos pela Roberta e Tais Bento, essas duas queridas da gente, a quem dedico esta coluna. Elas simplesmen­te arrasaram com o conteúdo que fizeram (e fazem) e que tenho certeza, ajudou muita gente nessa quarentena. O SOS Educação nunca foi tão certeiro, preciso, fundamenta­l. Parabéns, meninas, e obrigada pela inspiração. Para mim, vocês representa­ram toda a luta de todos os professore­s, pais e alunos que tentaram segurar a onda e olhar para frente, mesmo apanhando pra caramba, mas com força e fé no coração. O Carlos Drummond tem um verso que eu amo: “chega um tempo em que a vida é uma ordem”. É isso. Viver, e não apenas sobreviver. Juntos.

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