Pais & Filhos

com Patrícia Broggi

Não confunda! Essas palavras não são sinônimos e é preciso ensinar isso para as crianças

- Patrícia Broggi É jornalista e aprendeu economia no dia a dia. É dessa experiênci­a que ela tira inspiração para a sua coluna

Outro dia caí em minha própria armadilha. Atrasada para ficar pronta, sem saber o que vestir, tirando tudo do armário, no desespero falei: “Estou precisando de um vestido novo!”. Antonio, meu marido e cúmplice na educação financeira dos nossos filhos, parou do meu lado e me perguntou: “Hahahah precisando?”. Na hora me dei conta da besteira que falei. Explico, era meio que uma piada nossa, sempre que um dos nossos filhos dizia “estou precisando” a gente perguntava: “Precisando?”.

Quantas vezes repetimos sobre a diferença enorme que existe entre precisar e querer. E, como geralmente eles, exatamente como eu naquele momento, não precisavam do que haviam dito, apenas queriam. É MUITO IMPORTANTE ESCLARECER PARA OS

FILHOS O SIGNIFICAD­O DE ‘PRECISAR’

E DE ‘QUERER’. Eles realmente não são sinônimos e cabe aos pais mostrar isso a eles. Vamos lá. Explique ao seu filho o que ele realmente precisa. Tem aqueles básicos para todo mundo. Precisa de comida para trazer energia para o nosso corpo funcionar. Precisa de ar para respirar. Água para matar a sede. E de um lugar para morar. Tem gente que precisa de óculos para ler. Seus filhos vão precisar de roupas para se cobrir — mas não precisam do vigésimo vestido, é claro. E assim por diante.

E o que ele quer? Bom se ele for como o Tiago, meu caçula, vai querer muita coisa. Até hoje, já adulto, em novembro ele tem uma lista com os presentes que gostaria de ganhar de Natal das avós, madrinha, tios... De quem topar presenteá-lo. O Tiago é um ‘queredor’ profission­al. Mostre para seu filho que brinquedos, balas, mais um tênis são coisas que ele quer, mas, provavelme­nte não precisa. Eles podem trazer mais alegria para a vida, como um joguinho; podem facilitar a comunicaçã­o, como um celular; e até embelezar, como uma roupa, mas que eles não são essenciais para a sobrevivên­cia, ah isso não são.

PARECE UM DETALHE, MAS É UM ÓTIMO EXERCÍCIO PARA COLOCAR AS COISAS E OS DESEJOS DENTRO DAS SUAS VERDADEIRA­S PROPORÇÕES. Em algumas situações vai até surgir a dúvida se uma coisa é indispensá­vel ou só desejo. Por exemplo, um carro é um desejo? Se for essencial para ir para a escola, o trabalho, ele é uma necessidad­e. Já o último modelo recém-lançado não, esse é um desejo. O lanche da escola é uma necessidad­e, porém o refrigeran­te com hambúrguer é desejo e gulodice (rs).

É essa a ideia: antes de formular a frase se pergunte qual das duas sensações é a daquele caso e use o verbo adequado.

Porque desejos todos vamos continuar tendo, e serão gostosos de ser alcançados em alguns casos. Mas a consciênci­a de que não são necessidad­es pode servir para refrear alguns — ou pelo menos ficar com vergonha de dizer em voz alta.

"Desejos vamos continuar tendo, mas a consciênci­a de que não são necessidad­es pode refrear alguns"

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