Pais & Filhos

Ele existe, sim!

O PAPAI NOEL É UMA DAS FIGURAS MAIS IMPORTANTE­S DA INFÂNCIA, E A GENTE VAI TE PROVAR QUE O BOM VELHINHO VIVE ALÉM DA IMAGINAÇÃO DAS CRIANÇAS. É FUNDAMENTA­L QUE ESSA CRENÇA SE MANTENHA. QUE O ESPÍRITO NATALINO ENTRE NA SUA CASA E RENOVE OS SENTIMENTO­S

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Avida sem imaginação não tem a menor graça. E ela começa logo cedo. Quando a criança não tem nem idade para entender o que está acontecend­o, os pais já montam a árvore de Natal, compram presentes e preparam a ceia, que reúne toda a família. Toda vez que nasce um bebê, nasce também uma crença no bom e velho Papai Noel.

Quem não lembra de ficar acordado até tarde, correr para ver os presentes embaixo da árvore na manhã de Natal, conferir se os biscoitos e o leite foram devidament­e comidos e dormir muito cedo para não atrapalhar a chegada do bom velhinho? Tudo isso faz parte da construção cultural da maioria das famílias ao redor de todo o mundo.

Não é à toa que fazemos tudo isso. ESSA TRADIÇÃO PROPORCION­A A TROCA DE CARINHO, INCENTIVA A GENEROSIDA­DE E A ALEGRIA entre os pais, filhos, avós, netos, primos, tios e sobrinhos. Todo mundo entra na brincadeir­a e colabora de alguma forma. Então é claro: o Papai Noel existe, sim! E tem que continuar existindo por muito tempo.

Até os 7 anos de idade a criança entende o mundo por meio do imaginário e da fantasia. É dessa forma que ela cria o seu próprio mundo, a fim de desenvolve­r o intelecto e lidar melhor com as suas emoções. Uma data que pode parecer apenas mais uma oportunida­de comercial para que as famílias gastem com presentes, tem muito mais significad­o no desenvolvi­mento da criança do que se pode imaginar.

É assim que o Natal dura tanto tempo. Além de ser uma tradição enraizada na nossa sociedade, ele é fundamenta­l para o estímulo da imaginação da criança, ainda que ela saiba distinguir a fantasia da realidade. “Ainda na pré-escola, as crianças demonstram compreende­r as diferenças entre a realidade e a fantasia, não atribuindo caracterís­ticas de uma esfera para a outra”, afirma a psicóloga Natália Benincasa Velludo, filha de Ivanilde e Luiz Antônio.

Por meio da fantasia, as crianças podem pensar de modo não intuitivo, podendo reinventar a realidade e, assim, elas conseguem focar em saídas menos óbvias para os problemas do cotidiano. Isso não só as ajuda a desenvolve­r a criativida­de, mas também faz grande diferença na vida adulta.

Além do CEP

Caso você seja do tipo cético, a gente te dá mais razões para acreditar que o Papai Noel existe mesmo. ELE MORA NA LAPÔNIA, QUE FICA DENTRO DA FINLÂNDIA. QUEM VIAJA PRA LÁ A FIM DE CONHECER A TERRA DO BOM VELHINHO ENCONTRA O CORREIO que recebe cartas de crianças de todo o mundo, o parque de diversões Santa Park e uma floresta com 50 renas. É incrível!

Mas não foi ali que tudo começou. A Turquia, que fica a 4.410km de distância da Finlândia, foi o lar de São Nicolau, que nasceu no século III. O arcebispo costumava ajudar anonimamen­te quem estivesse em dificuldad­es. Ele ficou conhecido como acolhedor dos pobres e, principalm­ente das crianças carentes.

Ele é uma das figuras mais conhecidas do cristianis­mo e foi o primeiro santo da Igreja a se preocupar com a educação moral das crianças e de suas mães.

É verdade, entretanto, que nem todas elas recebem presentes no Natal, o que é totalmente injusto. Para explicar essa confusão, o jornalista Marcelo Duarte, pai de Rodrigo, Beatriz e Antonio, autor da série de livros Guia dos Curiosos, esteve cara a cara com o Papai Noel em 2003 e fez uma entrevista com ele publicada aqui na Pais&Filhos na época, onde abordou essa questão.

“Precisamos lembrar que o mais importante não é o presente, mas a intenção e os bons pensamento­s que vão com ele. Mas é verdade que existem muitas crianças, cujas vidas não são do jeito que deveria ser. É um grande problema, que me deixa muito triste. É um desafio para toda a humanidade. Mas, como sempre digo: as crianças não devem jamais deixar a esperança de lado, nem desistir de seus sonhos”, respondeu o próprio Papai Noel.

Tá aí uma boa argumentaç­ão para quem não acredita no bom velhinho, vinda dele mesmo, a gente jura! O NOEL É UM PROTETOR, QUE ATENDE SIMBOLICAM­ENTE O DESEJO INFANTIL DE SEGURANÇA. Além disso, saber que todos os anos ele voltará, ajuda a organizar a ideia de tempo na cabeça da criança, algo que ainda é muito abstrato. Arrumar a árvore, colocar os enfeites e, depois, desmontar, faz com que a sensação de que as coisas vêm e vão seja reforçada. Rituais em família, além de serem uma delícia, são importante­s para o desenvolvi­mento infantil.

É o ano todo

Não são apenas as crianças que pensam nessa data durante todo o ano. AFINAL, É PRECISO SE COMPORTAR BEM SEMPRE PARA RECEBER A VISITA DO PAPAI NOEL EM DEZEMBRO, já que ele está vendo tudo e só gosta das crianças que foram boazinhas, não é mesmo?

O momento é tão importante, que tem gente que se prepara para o Natal desde janeiro. Esse é o caso da Cecília Dale, mãe de Sylvia, Monica e Paola, decoradora e empresária. Ela comanda a rede de lojas que leva o seu próprio nome e a preparação é intensa. Tudo começa logo no início do ano, para que a produção dos enfeites seja feita até dezembro pela sua equipe de artesãos. Sim, todas as guirlandas, centros de mesa e festões são feitos à mão.

“Colocamos tudo nas lojas logo no final de outubro, para que as pessoas possam escolher com calma, e ir montando a decoração da árvore e da casa aos poucos. Porque o gostoso é transforma­r a montagem da árvore em uma atividade para curtir com toda a família”, conta Cecília.

Para que este seja verdadeira­mente um momento de reflexão e união familiar, não adianta comprar tudo pronto e arrumar sozinho. A participaç­ão das crianças é fundamenta­l para deixar tudo com cara de Natal. Assim como na ceia, a MONTAGEM DA ÁRVORE PODE SER UM MOMENTO PARA A TRANSMISSíO DE VALORES E ENSINAMENT­OS QUE VÃO PERDURAR POR TODA A VIDA.

O envolvimen­to real dos pais é essencial nesse processo. Algum dia, o Papai Noel vai deixar de ser a figura principal do Natal e o que vai restar é o afeto e as lembranças de momentos de carinho e harmonia com toda a família.

“É um momento de reflexão, de união familiar, de troca de afetos e carinhos, de estar juntos e isso também é muito importante para o desenvolvi­mento afetivo da criança”, explica Salete Arouca, mãe do Rodrigo, do Roberto e da Alessandra, psicóloga.

Conta não, vai...

Vamos encarar os fatos. Algum dia nossos filhos farão a famosa e temida pergunta: “Papai Noel existe mesmo?”. E aí, o que fazer numa hora dessas? Normalment­e, essa questão costuma surgir por volta dos 7 anos, quando descobrem por conta própria, analisando evidências e fatos.

Assim como não existe prejuízo em acreditar nessa fantasia, também não tem problema nenhum em descobrir que não é o Noel que deixa os presentes em casa. O ideal, é que a criança faça suas próprias associaçõe­s.

“O pensamento mágico faz parte do desenvolvi­mento normal e está presente nas brincadeir­as das crianças. Estimulá-lo favorece a vivência de experiênci­as ricas, importante­s para o desenvolvi­mento”, afirma Daniela Teixeira Gonçalves, filha de Geraldo e Lusia, psicóloga clínica e Cássia Beatriz Ferreira dos Prazeres, mãe de Sophia, pedagoga e psicóloga. É por isso que Papai Noel, Fada do Dente e Coelho da Páscoa são tão importante­s para as crianças. E NÃO É PORQUE SEU FILHO DESCOBRIU A VERDADE SOBRE UM DELES, QUE VOCÊ PRECISA CONTAR SOBRE OS OUTROS TAMBÉM. O bom velhinho e o coelhinho são figuras mais ligadas à tradição cristã, que proporcion­am maiores momentos em família.

Já a Fada do Dente, está ligada a uma fase de transição. Normalment­e, a criança está entrando na escola e passa a ter mais responsabi­lidades, assim como a se identifica­r de outra forma, ou seja, a aparência dela também está em transição. Deu para entender qual a importânci­a desses mitos e lendas na vida das crianças? Sendo assim, qual a dúvida que resta? Papai Noel existe, sim! E tem que continuar existindo por muitos e muitos anos.

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