REDHOT MIND CONTROL DELETE
Um simples DLC se tornou o grande hacker em SUPERHOT
SUPER. HOT. SUPER. HOT. Impossível falar sobre SUPERHOT, o FPS vindo da Polônia, sem proferir os dizeres roboticamente que sucedem a matança de humanoides dentro de um command.com. Mind Control Delete transforma o conceito minimalista dos jogos anteriores, onde o tempo só existe quando há movimento de seu avatar, em geração procedural de nódulos e terminais, tornando cada partida virtualmente única.
O formato roguelike tem sido usado a exaustão em um sem fim de jogos nesses tempos modernos. Quando soube que a nova empreitada de SUPERHOT seguiria por tais pantanosos caminhos, duvidei da capacidade de seus idealizadores, mesmo com um significativo tempo em acesso antecipado. Ledo engano. Mind Control Delete, apesar de amenizar substancialmente a narrativa metalinguística e crítica quanto a alienação e controle de grandes corporações sobre indivíduos (é também sobre o fim desse mesmo indivíduo, devidamente assimilado num grande panorama das coisas), é o melhor que SUPERHOT pôde oferecer até aqui em gameplay.
No nódulo 4B da segunda @, meu avatar encontra-se num bar de yakuzas, rodeado de shurikens, garrafas de bebida e katanas. Tendo escolhido a vida extra no lugar da investida, pois a jornada tem se tornada cada vez mais longa hack adentro e a "morte" significa "recomeço". Avatares rubros, paralisados, como peças num tabuleiro virtual, aguardam a minha decisão para agir em resposta.
Ação e reação elevado a enésima potência, golpeio a face do mais próximo, assisto sua arma voar pelos ares enquanto apanho a shuriken presa na parede e a arremesso no inimigo mais distante, prestes a disparar uma rajada de projéteis com seu fuzil enegrecido; desvio da bala enquanto apanho a pistola e, 90 graus para a esquerda, antecipo e anulo outra investida, agora de um furioso portador de uma katana, que rebate meu primeiro disparo, mas não o segundo deles. Não contava com meu hack de recarregamento acelerado. E tudo numa fração de minuto, sem que os estilhaços do primeiro despedaçado caíssem pelo chão.
Entre cada empreitada programa adentro, por prisões, esgotos, garagens e mansões, é possível acessar terminais cujos disquetes de oito polegadas não só remetem a toda uma geração passada, como também conferem novas capacidades para nosso avatar.
Projéteis perfurantes, ricocheteantes, ou então o poder de rebater balas com o fio da espada, são só alguns exemplos dos diversos disponíveis. Ou seja, não deixe de explorar os terminais! A jornada do bispo de batalha se torna ainda mais interessante quando, aleatoriamente (e essa é mesmo a palavra de ordem em Mind Control Delete), nos deparamos com a difícil decisão: mais um coração de vida ou começar cada fração do nódulo portando uma katana? Decisões, decisões.
SUPERHOT é exatamente isso: preto, branco e vermelho, num total domínio e entendimento de seus arredores. É estratégia, tiro em primeira pessoa, por turno e em tempo real, com combate corporal, tudo ao mesmo tempo. Quintessencial e poético, pois funciona perfeitamente bem, mesmo que, a longo prazo, o formato procedural pese a mão, jamais sendo capaz de substituir um tabuleiro meticulosamente montado. O aleatório pode estender a duração, pode trazer surpresas boas ou más, mas já estivemos do outro lado, onde a grama de vidro era mais vermelha.
E talvez tenha guardado o melhor para o final: você adquiriu uma cópia do primeiro SUPERHOT antes de 16 de julho de 2020? Se a resposta for positiva, Mind Control Delete é absolutamente gratuito. Isso sim é SUPER. HOT.