EVOLUÇÃO (TRAVAS DE PROTEÇÃO)
A jornada das grandes tecnologias, sistemas e ideias do PlayStation
OS DISCOS DE PLAYSTATION TEM UMA IMPERFEIÇÃO, UMA MARCA D'ÁGUA QUE O SISTEMA USA PARA IDENTIFICAÇÃO
Como cada PlayStation tentou se manter protegido
Aparte mais famosa do desenvolvimento de novos hardwares geralmente está em suas tecnologias que evoluem gráficos, áudio e outros recursos relacionados a experiência de jogar. Porém, algo muito importante para todos os consoles e pouco falado são os métodos de proteção contra cópias não-licenciadas de seus jogos. Atualmente, os consoles mais avançados fazem isso de maneira quase impenetrável e podem consertar falhas por meio de novos firmwares, mas nem sempre foi assim.
O sistema de proteção do primeiro PlayStation era muito engenhoso, mas antes temos que falar sobre como mídia ótica funciona. Discos não são totalmente iguais: eles têm minúsculas diferenças por causa do processo de gravação. Variações minúsculas os impedem de ser perfeitamente planos, ou fazem as trilhas não serem uma espiral perfeita, e essas alterações quase imperceptíveis a olho nu afetam o leitor de CD, que precisa se ajeitar para manter o foco do laser. Por isso, todo leitor pode se mexer de maneira leve para se ajustar às trilhas do CD – não apenas aquele trilho que faz barulho, mas a lente sozinha pode se inclinar de forma independente também). Isso permite que a leitura se mantenha no caminho certo e discos não precisem ser perfeitos, pois não importa o quanto o leitor se mexeu para isso, contanto que ele consiga interpretar o que está no disco.
O que a Sony fez foi criar uma imperfeição consistente nos discos oficiais do PlayStation, uma espécie de marca d’água, e programar o hardware do console para reagir a ela. Se a lente se mexe do jeito exato na primeira faixa de leitura, o console dá o sinal verde para o jogo rodar. Isso tudo estava programado na BIOS do console e o sistema de trava de região também estava contido nessa imperfeição. Como essas imperfeições são irrelevantes normalmente, nenhum gravador de CD poderia repetir isso, porque o gravador sequer iria perceber que existia uma imperfeição. Afinal como dissemos antes, contanto que ele consiga ler os dados, ele segue em frente – sem contar que os CD-R têm sua própria imperfeição para mostrar quanta coisa está gravada e não é possível apagar e substituir isso.
No PlayStation 2, o sistema era um tanto parecido, porém bem mais sofisticado. A marca d’água ainda estava lá nos DVDs, mas dessa vez ela própria precisava de outra chave para poder ser acessada. Enquanto a imperfeição original precisava estar sempre nos primeiros setores de um disco (para que o logo do PS2, o início da verificação, pudesse acontecer), as chaves para que ele pudesse interpretar a marca d’água ficavam espalhadas por diferentes partes do disco. Outras formas de proteção foram feitas para combater os métodos mais simples de pirataria do console anterior: ele só lia CD-ROM ou DVD-ROM, então se o disco chegava falando que era um DVD-R, já era deixado de lado. Também havia um mecanismo para "matar" a leitura se a tampa do drive de disco fosse aberta.
Ao chegar no PlayStation 3, os mecanismos já estavam mais a favor da Sony. O Blu-ray já dificultava muito que alguém conseguisse gravar um jogo de forma barata, sem contar que a internet na época não era muito convidativa a baixar dezenas de gigabytes e tinha uma marca d’água mais avançada, além de hardware autenticado para evitar os modchips que venceram os consoles anteriores. Assim o console passou anos sem ser derrotado.
No PS4, até os caminhos e ligações entre as partes são validados para impedir interferências externas, e updates de firmware são lançados rapidamente para tapar quaisquer buracos. Como essas tecnologias não costumam regredir, é provável que o PS5 tenha ainda menos pontos de entrada.