MORREU TRÊS VEZES, VOLTA AO COMEÇO DA FASE
aquela sensação de satisfação por bater metas e, dessa vez, coletáveis fazem parte de condições especiais em cada fase. Coletar 40%, 60% e 80% de frutas, destruir todas as caixas, terminar a fase sem morrer mais de três vezes e achar uma Joia escondida na fase: cada condição vale uma Joia e coletar todas elas desbloqueiam roupas extras para Crash e Coco. Isso é só perfumaria, é claro, já que as roupas não dão habilidades extras, mas é um bom incentivo para cumprir desafios que você já adoraria participar só para ganhar algum selo que mostre que você limpou a fase.
Nessa busca inicial para cumprir as condições, o jogo vai revelando as camadas de desafios que sempre vem junto com alguma mecânica nova e desperta uma sensação de poder ao dominá-la. Crash 4 consegue combinar diferentes experiências para agradar jogadores mais hardcore sem afastar os casuais – estes são incentivados a querer mais, já que há checkpoints, vidas infinitas e uma constante sensação de melhoria na habilidade a cada fase superada.
A jogabilidade mostra que há mais por trás de sua simplicidade, um domínio que demanda tempo e paciência, especialmente quando as novas mecânicas de interação no ambiente são apresentadas e, posteriormente, exige uma troca ou combinação de técnicas que podem dar um nó na mente ao primeiro momento. Se a fórmula de Crash foi revivida com a N. Sane Trilogy, aqui ela foi melhorada para tentar ficar natural assim que o jogador pega o controle.
Uma dessas mudanças é um círculo luminoso que surge sob o personagem quando ele pula, para indicar a posição do mesmo no ambiente ao lidar com profundidade e não errar plataformas e objetos na aterrissagem. Afinal, o jogo lida com três ângulos de câmera base: visão por trás, visão lateral e visão frontal (quando o protagonista corre na direção da tela).
MAIOR, MELHOR E SOFRIDO
Ao lidar com viagem no tempo, o jogo ganhou liberdade criativa para brincar com seu visual em ambientes diferenciados, com ilhas tropicais, cidades futuristas, mundo pré-histórico, época dos
piratas, desertos e ambientes gelados (e escorregadios). Assim, foi possível adaptar desafios e coletáveis de modo peculiar, tanto no visual quanto em funcionalidade, sempre com um gostinho de novidade.
O jogo é dividido em dez dimensões (mundos). Exceto pela primeira, que possui duas fases, as demais são divididas entre quatro e seis fases. Uma dessas sempre termina em uma batalha épica contra algum chefe. Aliás, os chefes são rostos familiares que trazem um nível particular de dificuldade, além de criatividade na maneira de lutar contra eles. Cada fase tem uma rota bônus, o clássico desafio de plataforma que consiste em chegar ao outro lado destruindo todas as caixas pelo caminho. O diferencial aqui é que as rotas em si são quebra-cabeças elaborados, onde não se trata de seguir o que está à vista, mas descobrir uma ordem de caixas (e como chegar nelas) para destruir ao mesmo tempo em que ativa outras sem perder o caminho que leva até a saída. No começo é fácil, mas aos poucos a coisa fica complicada e desafiadora.
Algumas fases permitem novas interações, em especial a de correr na parede (plataformas laterais), que muitas vezes é combinado a outras ideias e exigem coordenação de ações.
Vale dizer que o número de fases dobra ao considerar que cada uma possui uma versão espelhada, chamada N. Verted. Também existe um sétimo coletável, a fita de flashback, que só aparece em certas fases. Para pegá-la é preciso chegar até onde ela está sem morrer – caso morra, a fita fia transparente e será preciso recomeçar a fase. As fitas dão acesso a 21 fases adicionais que funcionam como registros de experimentos com Crash e Coco, quando eles ainda eram cobaias de Neo Cortex. Essas fases lembram uma rota bônus, só que mais ardilosas e mortais, já que suas conclusões exigem pulos precisos e movimentos ousados. São trajetos que fazem o jogador mais atento se desafiar a pensar em como superar um desafio que parece impossível.
É nessas horas que as nuances da jogabilidade se sobressaem, mostrando que Crash têm diferentes alturas de pulo, seja por pressão de botão ou combinação de movimentos. Quem insistir em seguir apenas o básico, vai ter muita dificuldade e frustração. Por outro lado, dominar as mecânicas, que são simples, é o que torna grandes desafios em algo possível.
Seguindo a fórmula dos jogos antigos, ainda é preciso decorar cada ponto das fases e, uma vez que terminá-la, o desafio Contra o Tempo fica disponível (pegue o relógio dourado para começar). O desafio consiste em terminar a fase o mais rápido possível sem morrer, caso contrário é mandado para o começo. Cada desafio possui três tempos a serem batidos, classificados em prata, ouro e platina. Superar a platina é difícil e revela o tempo secreto (não obrigatório) chamado Toys for Bob, que são os recordes dos desenvolvedores. Estes sim exigem domínio absoluto da fase e de suas mecânicas para quebrar regras e criar atalhos.
FORTES EMOÇÕES
O design das fases é um capricho, abarrotadas de cores e elementos festivos maravilhosos, algumas mais contidas e simplórias. Nesse ponto a beleza pode ser uma maldição, já que o exagero na tela induz a erros. Um outro problema são as fases de montaria de animais: algumas possuem caminhos sinuosos belíssimos, mas a câmera tem pontos cegos que escondem caixas difíceis de pegar; some isso a alta sensibilidade no controle da montaria e o resultado é frustração. Até o movimento mais simples parece exagerado e o faz perder a caixa ou morrer de bobeira.
Outra grande parte do desafio do jogo está no uso das quatro máscaras quânticas. Cada uma adiciona uma nova mecânica na jogabilidade. Lani Loli muda o plano dimensional e torna objetos sólidos em intangíveis e vice-versa; Akano permite usar o ataque de giro infinitamente e pular mais alto e alcançar grandes distâncias usando a força de torque; Kapuma Wa desacelera o tempo por alguns segundos, o que permite usar objetos que se movem rápido como plataforma; Ika Ika alterna a gravidade, o que permite correr no teto ou no chão. A máscara Aku Aku está presente e mantém sua função básica de energia extra e, caso sejam coletadas três delas, o personagem fica invencível por alguns segundos.
O uso das mecânicas das máscaras é bacana, mas confunde a cabeça já que afeta a percepção e alternância de comandos. O uso calculado delas se manifesta nas últimas rotas bônus e na fase final, onde todas as máscaras e suas funções são alternadas.
MAIS DIVERSIDADE
Dentro da fórmula básica, o jogador tem acesso aos personagens
Crash e Coco, ambos com a mesma jogabilidade. Conforme avançar, mais personagens se tornam jogáveis em fases específicas da rota normal, além de abrir fases inéditas para eles. Tawna, ex-namorada de Crash, vem de outra realidade e é bem mais combativa. Dingodile também vem de outra dimensão e só pensa em culinária. O último personagem jogável é Neo Cortex. Diferentes dos irmãos Bandicoot, esses possuem jogabilidade e mecânicas próprias, o que acrescenta mais uma camada e quebra a rotina.
Apesar de existirem poucas cenas, há muitas falas bacanas que ditam um pouco da personalidade cada personagem – até mesmo dos chefes durante as batalhas. Também há uma enxurrada de referências a outros jogos, algumas tão sutis que só devem ser percebidas por quem jogou todos os 18 jogos da franquia espalhados por diferentes plataformas. Juntando tudo, o Crash 4 possui 107 fases, um volume monstruoso de coletáveis e bastante conteúdo que torna o fator replay gigantesco. Ao terminar o jogo, Crash e Coco ainda ganham a habilidade giro triplo que facilita cumprir os desafios de tempo.
Por incrível que pareça o jogo não fica enjoativo e isso ajuda os jogadores mais dedicados a querer coletar toda as joias, fitas de flashback, conseguir todas as roupas, abrir o modo galeria e o que mais surgir pela frente. Alcançar 100% não é uma tarefa fácil e tem como principal prêmio uma parte do final secreto. A segunda parte só é acessível ao fazer 106% (conseguir todas as relíquias de platina). Se o seu interesse em fazer tudo não chegar a tanto, há desafio de sofá com o modo Pass N. Play: até quatro jogadores participam revezando o controle sob uma condição (por morte, por chegar ao checkpoint ou por ambas). Também há o modo Batalha Bandicoot, onde os jogadores disputam uma corrida pelo menor tempo possível na conclusão de uma fase ou por destruição do maior número de caixas. O jogador mais competitivo pode registrar seus melhores tempos em um placar online e desafiar amigos a superá-los.
Ainda que o jogo tenha seus vacilos, é nítido que a Toys for Bob foi certeira ao combinar nostalgia, criatividade, novidade e conteúdo de qualidade em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Você vai se frustrar e xingar em alguns momentos, mas o peso da diversão, a sensação de superar cada desafio e familiaridade vem junto com a empolgação de ter um capítulo inédito que traz o melhor da franquia recheado de novidades. E o jogo é totalmente localizado em português, com uma dublagem que é a cereja do bolo.
Crash Bandicoot 4 é uma aventura sem igual, com uma enorme quantidade de desafios e recompensas que garantem dezenas de horas de diversão.
• Pulo baixo/curto: • Pulo alto/longo:
aperte e segure aperte segure (ou aperte no ar, aperte ou aperte
aperte três vezes seguida* segure ou
aperte em movimento,
• Pulo duplo: • Super pulo:
aperte
• Esmagar:
• Giro:
• Giro triplo:
• Abaixar: • Escorregar:
ou 2x e
• Pulo baixo/curto:
um toque no
• Pulo alto/longo:
aperte e segure
• Pulo duplo:
aperte duas vezes aperte
aperte (funciona no ar)
aperte
• Chute: • Esmagar:
• Gancho:
ou
Cansado de brigar com Crash, Dinodile passou a se dedicar a culinária. Arrastado através do espaço e do tempo, ele aproveita para experimentar diferentes tipos de comidas para aprimorar seu negócio e abrir uma franquia.
É o mais pesado dos personagens e carrega um aspirador portátil.
• Pulo:
• Pulo flutuante:
um toque no
após o pulo, segure aperte ou
segure
(funciona em movimento)
ao sugar uma caixa-bomba, solte
• Giro: • Sugar:
• Disparar: Isolado em uma dimensão junto com outros vilões, ele não para de pensar em se vingar de Crash. Após ser traído pelos aliados, Neo Cortex decide ajudar os irmãos marsupiais a corrigir a linha do tempo. Ele usa uma arma especial para compensar sua total falta de força física.
• Pulo:
• Arma de raio:
um toque no
toque no ou
aperte ou (pode ser feito no ar)
• Foguete: