KLONOA: PHANTASY REVERIE SERIES
O retorno de um mascote que não devia ter sido esquecido
Há um ponto de convergência entre a imensa maioria dos jogos de mascotes do PS1: os mascotes são horríveis e sem carisma algum. Croc, Gex, Blasto, Jersey Devil, Glover, Rascal, Sir Daniel Fortesque, Spyro (oh sim, isso mesmo). As únicas exceções, os que exalam carisma, eram Crash, PaRappa e Klonoa. E quase ninguém se lembra de Klonoa.
Os poucos que se lembram vão chorar de emoção ao verem apenas a tela inicial das versões remasterizadas de Klonoa: Door to Phantomile (1997, PS1) e Klonoa: Lunatea’s Veil (2001, PS2), que estão nesse lançamento (nada do jogo de vôlei de praia). Classificar como remaster ou remake fica por sua conta. As fases são exatamente iguais às originais, mas o visual foi totalmente refeito e uma ou outra facilidade foi acrescentada na jogabilidade. É como a Crash Bandicoot N.Sane Trilogy, só que bem mais modesta no orçamento.
Quem não conhece só precisa saber que esses são jogos de plataforma 2.5D, em que você puxa inimigos com sua arma de vento e joga em outros para que eles sumam, ou então os usa como impulso para um pulo duplo ou para quebrar objetos. É simples do jeito que tudo era 25 anos atrás. Os personagens são legais e os jogos contam historinhas boas que parecem fofinhas, mas vão ficando tensas e chegam a finais de cortar o coração de qualquer um. Quem gosta de games de plataforma retrô vai curtir a arte, a boa trilha sonora e vai querer pegar tudo em cada fase.
Em teoria, Door to Phantomile é o mais diferente em relação ao antigo, que usava elementos 2D em cenários tridimensionais. Porém, ao jogar, nada parece estranho – pelo contrário, essa é uma adaptação que consegue ser muitíssimo fiel ao material de origem mesmo colocando mais detalhes nos cenários e mudando cores e texturas. Quem chegou a ver o remake feito para o Wii vai reparar que os cenários parecem ter vindo diretamente de lá, com resolução maior e algo extra que dá uma cara menos moderna. Aliás, dá para ativar um filtro que deixa os gráficos meio pixelados no estilo PS1 e até que alcança o efeito desejado. Os controles de Door to Phantomile não são perfeitos quando há desníveis nos terrenos da fase, mas fora isso eles respondem muito bem.
Confesso que não conhecia muito de Lunatea’s Veil, a não ser que é considerado tão bom quanto, senão melhor que seu antecessor. Dá para ver que a sequência de fato tenta fazer mais sem perder o estilo de antes e, mesmo que ambas compartilhem o mesmo visual em Phantasy Reverie, o jogo de PS2 naturalmente fica mais detalhado na geometria das fases. Ele é o mais agradável de jogar pelos padrões atuais.
HUMILDE HOMENAGEM
Mesmo com todo o belo trabalho por terem praticamente refeito os jogos, fica faltando algo mais em Phantasy Reverie. O final de Door to Phantomile, que era uma CG muito bem feita e impactante no PS1, se tornou uma cena comum que não passa um pingo da emoção da versão velha. Poderia talvez estar em um menu de extras, porém não há muito nesse quesito, a não ser uns chapéus diferentes – nada de documentos de produção ou algo que festeje mais o ressurgimento de uma série cult tão simpática.
Essa coleção é bem indicada para quem quer um jogo para os filhos pequenos jogarem (só que ele vai ter que jogar como você quando era jovem, porque não tem menus em português).
Quem já conhecia vai adorar reviver esses jogos, mas ficará a impressão no fundo da sua mente de que poderiam ter feito um pouquinho mais, tanto para agradar quem é fã quanto para atiçar a curiosidade de quem quer dar uma chance para Klonoa.
VEREDITO
Simples e diretas, as aventuras de Klonoa surpreendem com muitos desafios para superar e boas batalhas de chefes.