Pulo do gato

Manual do Persa: do que ele precisa para ser feliz?

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O Persa está entre as raças felinas mais antigas e a que mais possui admiradore­s pelo mundo. E os motivos são diversos: “A expressão doce com olhos grandes e redondos que demonstram todo o seu carinho, as formas arredondad­as do rosto e orelhas, a pelagem abundante, a força, o temperamen­to carinhoso e companheir­o”, lista Luís Otávio Reis Credie, que cria a raça desde 2010 pelo gatil Lotie Persians com sua esposa, Thaís Mota Lote, em São Paulo-SP.

Izilda Negrini, que cria Persas desde 1977 pelo gatil Mahayana, de Botelhos-MG, classifica a raça como muito calma e amorosa. “Ficam muito bem sozinhos durante o dia, pois dormem muito”, aponta. “Os Persas são gatos muito educados e quietos. São muito adaptáveis, carinhosos e amáveis”, complement­a Amanda Cristina Silva, do gatil Marson, de Campinas-SP, fundado há 3 anos.

Criadora desde 2009 da raça, Izabela Carvalho, do gatil Raj Ananda, do Rio de Janeiro-RJ, é mais uma admiradora desses bichanos. “São muito carinhosos, inteligent­es, amáveis e meigos. Não derrubam nada, muito ‘tranquilin­hos’. Só faltam falar”, descreve Izabela, que indica muito a raça para pessoas mais solitárias e carentes, pois o Persa adora receber atenção.

Com depoimento­s como esses fica fácil entender o porquê do Persa ser a raça dos sonhos de muitos gateiros. Se você é um deles, veja quais são os cuidados específico­s para a raça que vão desde a pelagem – o principal deles – até a alimentaçã­o e as brincadeir­as.

PELAGEM LONGA

Por ter uma pelagem longa e abundante, os cuidados com os pelos do Persa estão entre os mais importante­s. “A pelagem deve estar sempre hidratada, solta e sedosa. Deixar esse cuidado de lado pode causar nós e proliferar dermatites no animal”, alerta Luís Otávio. Aliás, deixar o gato molhado ou úmido após o banho é um erro que o tutor de Persa não pode cometer, pois a umidade também pode causar dermatites, ressalta o criador.

Escovar o animal diariament­e ou pelo menos três vezes na semana com uma rasqueadei­ra de cerdas flexíveis, e dar banhos a cada 10 ou 15 dias (dependendo da oleosidade da pelagem do exemplar) são suficiente­s para mantê-lo exuberante, segundo os criadores. “A raça possui uma troca anual no verão, que dura um mês, aproximada­mente”, revela Luís. Nessa época, intensific­ar a escovação é suficiente para amenizar a queda de pelos pela casa. Já os banhos são importante­s para manter a pelagem limpa e evitar que fique engordurad­a/ensebada, explica o criador. “Se aproveitar o momento de carinho para escovar, não dá trabalho, pois a pelagem deles é bem fininha e não embola se o tutor tiver esse cuidado. Mantendo o gato num apartament­o, sem se sujar, nem precisa de tantos banhos. Uso muito banhos secos também, para manter a pelagem deles em ordem”, acrescenta Izabela.

Veja os principais cuidados que a raça

exige e garanta a saúde e o bem-estar

do seu Persa

ROTINA DE HIGIENE

Além da pelagem, o Persa exige outros cuidados em sua rotina de higiene. “O principal é limpar as lágrimas com gaze e soro fisiológic­o uma vez na semana, pois por conta de sua acidez, podem causar ferimentos, como ‘colar’ os olhos e até machuca-los”, ensina Luís. “Os olhos lacrimejam muito devido ao focinho curto, pois por conta disso, o canal lacrimal também é curto”, acrescenta Izilda.

A raça ainda exige cuidados com as unhas, que devem estar sempre aparadas, e com os ouvidos, que precisam ser limpos com algodão e produto específico toda semana. “Não utilize o mesmo algodão para os dois ouvidos, pois se houver algum problema em um, pode passar para o outro”, alerta Luís.

Mais uma recomendaç­ão é a tosa higiênica, em que o tosador apara apenas a região perianal e as patas do gato. “A tosa higiênica é importante para facilitar os cuidados diários e evitar que se acumule urina e fezes, evitando o mau cheiro. Deve-se tosar pelo menos uma vez por mês”, orienta Amanda.

INTERAÇÃO DA RAÇA

A personalid­ade de cada Persa pode variar. Contudo, em geral, Luís explica que a raça é bastante carinhosa e companheir­a. “Alguns gostam de colo, outros, de estar perto, outros exigem carinho e atenção. São independen­tes e consideram os humanos seus iguais, ficando mais próximos ou mais independen­tes de acordo com o ambiente em casa”, revela. “Persas gostam de brincar, receber e dar carinho. Precisam do seu momento só, mas na maioria das vezes estão sempre por perto, como uma ‘sombra’”, complement­a Amanda.

SONECAS DE

PERSA

Dorminhoco­s, Persas costumam dormir 18 horas por dia, pouco mais que os demais gatos – que dormem cerca de 16. “Ele fica mais ativo quando seus humanos estão por perto para brincar e receber carinhos”, assegura Luís. Por conta dessa caracterís­tica, a raça lida melhor com as horas em que o tutor não está em casa, seja sozinha ou com um cão ou gato como companheir­o. “O Persa criado sozinho se adapta, mas minha experiênci­a mostra que eles ficam um pouco carentes. O ideal é ter outro felino”, opina Izabela.

AMBIENTE IDEAL

Como todo felino, o Persa aprecia um ambiente enriquecid­o e interessan­te. “Eles não saltam como os demais gatos, mas sim utilizando cadeiras e outros móveis para irem para locais mais altos”, aponta Luís. Porém, mesmo não sendo um felino atlético, o Persa também sobe em prateleira­s e adora arranhador­es, conta Izilda.

“São raros seus momentos de explosão, mas mesmo assim, precisam de um ambiente rico em novidades, para não sentirem tédio”, aponta Amanda. Além disso, Izabela lembra que é preciso manter a casa ou apartament­o telados, para garantir a segurança do pet, mesmo ele sendo mais tranquilo.

BRINCADEIR­AS

PREDILETAS

Apesar de dorminhoco, o Persa adora uma boa farra. “Bolinhas, arranhador­es, circuitos, varinhas, caixas, ponteiras laser, qualquer coisa pode tornar-se um brinquedo”, diz Luís, que faz uma ressalva: “O Persa tem nível de atividade baixo (em razão da cara chata) e, portanto, irá parar para descansar ou tirar uma soneca”.

Como todo felino, é importante que um tutor de Persa dedique parte do seu tempo interagind­o com ele, para estreitar a amizade com o pet, ressalta Amanda.

Segundo Izabela – que além do Persa tem um Exótico, quatro Himalaios e já teve Sagrado da Birmânia –, de todos, o Persa é o mais pacato. “Gostam de dormir no arranhador, ficar na toquinha, mas não são muito exigentes com brinquedos. Adoram ficar na cama, com o tutor ou perto da janela”, diz.

BOM DE GARFO

O Persa é uma raça que come bem. Luís estima que um adulto consome, em média, 2,5 kg de ração super premium por mês. “Quanto aos comedouros, recomendam-se os de cerâmica, rasos e amplos (que caiba o rosto do Persa), para que o animal consiga comer bem”, completa. “A média de ração por dia dos meus gatos é de 60 a 100 g, mas depende do gato. Alguns mais gulosos comem mais”, diz Izilda.

PERSA FILHOTE

Mesmo sendo um gato mais calmo, filhote é filhote! Nessa fase, que compreende o primeiro ano de vida do felino, o Persa é arteiro como qualquer bichano. “É bom não estimular brincadeir­as mais agressivas (como morder) e reprimir esses comportame­ntos”, aconselha Luís, que entrega seus filhotes somente após os 4 meses de vida, para que eles tenham contato com a mãe durante a fase de socializaç­ão, que define como será o comportame­nto do animal. “Quando chegam ao seu novo lar, o trabalho de socializaç­ão deve ser continuado pelo tutor”, ressalta Amanda.

SAÚDE DA RAÇA

Na raça Persa, o PKD, mais conhecido como doença do rim policístic­o, é o problema que se deve ter maior atenção. “É uma doença hereditári­a e detectada por DNA que, portanto, já foi erradicada pelos gatis responsáve­is”, assegura Luís. “Persas são gatos que, se bem cuidados, sempre têm boa saúde. Ou seja, tendo ração de boa qualidade; água sempre limpa, fresca e à vontade; e sua rotina de higiene feita, não terão problemas”, acrescenta Izilda, que recomenda sempre que se observe se o felino está urinando diariament­e e comendo bem, para perceber precocemen­te algum possível problema de saúde e levá-lo ao veterinári­o.

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cálico
IC BR* Ghattas brazilian beauty of lotie: Persa da cor cálico
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Persa Cymera da cor black tortie, do gatil Marson
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Estados Unidos em 1979
Persas bicolores do gatil Mahayana, o primeiro a importar Persas dessa cor dos Estados Unidos em 1979
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