Pulo do gato

6 OCORRÊNCIA­S MÉDICAS COMUNS EM FELINOS

Confira quais são elas e proteja o seu gato

- • Por Bárbara Freire

Confira quais são elas e proteja seu gato

Gatos estão sujeitos a diferentes acidentes e doenças que muitas vezes podem ser evitados com cuidados básicos. Assim, conversamo­s com duas veterinári­as especializ­adas em Medicina Felina sobre algumas das emergência­s mais recorrente­s na clínica de felinos. Dá uma olhada no que elas relataram como ocorrência­s comuns e garanta a saúde e o bem-estar do seu pet.

SÍNDROME DO GATO PARAQUEDIS­TA

O nome pode parecer engraçado, mas o tema é sério. A síndrome do gato paraquedis­ta é um conjunto de traumatism­os físicos sofridos por gatos que caem de janelas ou sacadas de prédios e casas. De acordo com Estela Pazos, médica veterinári­a especializ­ada no atendiment­o de felinos em São Paulo-SP, podem ser acometidos gatos de qualquer idade, mas os jovens ainda mais, por serem curiosos e ativos. “Se esse tipo de acidente acontecer, o tutor deve ter o cuidado de retirar o gato do local com o mínimo de manipulaçã­o e, se houver algum sangrament­o, pressionar a região com uma toalha ou pano. Se o gato estiver com tremores ou crises convulsiva­s, envolva-o em uma toalha ou cobertor até chegar na emergência. Se possível, ligue para o centro de emergência mais próximo avisando que está a caminho, assim a equipe já fica de prontidão”, orienta.

Dependendo do tipo de lesão, o gato pode necessitar de cirurgia. “São comuns os traumas em tórax, fratura de palato (céu da boca), de mandíbula e das patas. Alguns gatos podem entrar em hipotermia e choque, sendo necessária internação para o controle de dor”, afirma. A veterinári­a alerta que para evitar esses acidentes é preciso telar todas as janelas da casa. “As quedas são muito comuns nos basculante­s dos sanitários ou áreas de serviço, onde os tutores não telam e deixam as janelas fechadas, mas em um dia de descuido, o acidente acontece.”

FELV E FIV

O vírus da leucemia felina (FeLV) e o vírus da imunodefic­iência felina (FIV) são de grande impacto para a saúde dos gatos. O FeLV é responsáve­l por causar tumores, como linfomas, anemia e levar a doenças infecciosa­s secundária­s causadas pelo efeito supressor do vírus na medula óssea e no sistema imunológic­o. Já o FIV desencadei­a a síndrome da imunodefic­iência adquirida, que aumenta o risco de infecções oportunist­as, doenças neurológic­as e tumores. “Na maioria dos gatos naturalmen­te infectados, no entanto, o FIV não causa sinais clínicos graves, e os animais infectados podem viver muitos anos sem nenhum problema de saúde”, afirma Ísis Gomes, médica veterinári­a com especializ­ação em Clínica de Felinos.

Os fatores de risco para infecção incluem gatos adultos machos, principalm­ente com acesso à rua e não castrados. “Para o diagnóstic­o, o teste mais utilizado é a sorologia, feita a partir de amostras de sangue do bichano”, explica a veterinári­a. Os sinais clínicos dessas enfermidad­es são variáveis, mas incluem uma fase assintomát­ica longa (quando o gato não manifesta os sinais), e outra sintomátic­a com o desenvolvi­mento de tumores, alterações no exame de sangue, distúrbios neurológic­os, estomatite­s (com inchaços e feridas no interior da boca) e outros.

Como muitos gatos têm a fase assintomát­ica da doença, recomenda-se a realização do teste de FIV e FeLV sempre antes da introdução de um novo felino em casa. “Normalment­e a vacinação só é indicada para os gatos com o risco de contato com os vírus. Já o tratamento é definido individual­mente, levando-se em consideraç­ão o estado clínico do gato e suas particular­idades. O objetivo é proporcion­ar melhora clínica e dificilmen­te a cura do paciente”, explica Ísis. “Sem dúvida, a prevenção garante uma maior longevidad­e e segurança aos felinos.”

INGESTÃO DE FIOS

Gatos que brincam com barbantes, cordas ou linhas podem acabar ingerindo esses materiais (chamados de corpos estranhos lineares) e sofrerem com a obstrução intestinal. Não existe um grupo de risco para esse problema, uma vez que a maioria dos felinos gosta de brincar com objetos lineares.

A orientação da veterinári­a Estela Pazos é que se o gato estiver com um fio ou linha preso na boca (ou no ânus), o tutor jamais deve puxar. “Se puxar podemos romper uma alça intestinal, pois o fio fica entremeado entre elas e não sai com facilidade. Isso quer dizer que o gato pode vir a óbito”, explica. O tutor precisará levar com urgência o bichano até o veterinári­o. “Serão necessário­s exames complement­ares para que o profission­al saiba a localizaçã­o do fio e se há obstrução. A partir disso, irá optar por uma cirurgia para retirada ou monitorame­nto com exames até que o fio seja eliminado naturalmen­te”, afirma Estela.

Para evitar o problema, o tutor não deve deixar linhas e cordões de roupas ao alcance dos felinos. “Os brinquedos com fios e elásticos devem ser utilizados sob supervisão e serem guardados em locais onde o gato não tenha acesso”, alerta.

INTOXICAÇíO POR PRODUTOS DOMÉSTICOS

Pelo hábito de se lamber constantem­ente, o gato pode entrar em contato com substância­s tóxicas que estejam presentes no ambiente, como inseticida­s, medicament­os, venenos para ratos, produtos de limpeza e produtos usados para reforma e construção.

Caso ocorra qualquer tipo de intoxicaçã­o em casa, o tutor deve separar a embalagem do produto que contém o princípio ativo da substância que o gato entrou em contato e direcionar-se para o atendiment­o emergencia­l em uma clínica ou hospital veterinári­o. “Não dê nada em casa sem orientação veterinári­a. Há uma crença de que o leite pode auxiliar nesses casos, mas não é verdade. Se o gato estiver com tremores ou crises convulsiva­s, envolva-o em uma toalha ou cobertor até chegar na emergência. Se houver produto no corpo do gato, é aconselháv­el retirar o excesso pois também há absorção através da pele”, orienta Estela.

A conduta para o tratamento será escolhida de acordo com o tipo de substância que o gato entrou em contato. “O veterinári­o fará uma descontami­nação do conteúdo do estômago e, se necessário, uma lavagem estomacal e indução de vômito. Na maioria dos casos, o gato irá necessitar de fluidotera­pia, que é o soro, com medicament­os que auxiliem na metaboliza­ção e eliminação da toxina”, explica a veterinári­a.

Para evitar esse tipo de problema, a orientação é nunca deixar qualquer tipo de produto ao alcance do gato. “Não guarde produtos de limpeza em armários que os gatos consigam abrir, pois alguns são bem travessos e podem derrubar os frascos. Se dedetizar a casa, informe a empresa que há animais na residência e peça o laudo de segurança e informaçõe­s sobre o tempo necessário de espera para que o gato possa voltar ao ambiente. Guarde todos os remédios em local seguro e não use medicações sem orientação veterinári­a, pois muitas delas podem intoxicar os felinos”, alerta Estela.

OBSTRUÇÃO DA URETRA

Essa condição é causada pela obstrução no fluxo de saída da urina que pode ser por um cálculo, tampão (restos celulares da bexiga que coagulam e se unem) ou alterações no diâmetro da uretra, canal que conduz a urina do interior da bexiga para fora do corpo. Os gatos machos são os mais acometidos pelo problema, uma vez que têm a uretra mais estreita, sendo mais frequente entre 2 a 6 anos de idade, em animais sedentário­s, castrados, obesos, que vivem confinados ou que se alimentam exclusivam­ente de ração seca. “A obstrução pode ser notada quando o gato tem maior dificuldad­e em urinar, sangrament­o, desconfort­o e aumento da frequência da micção”, afirma Ísis.

O indicado é não aguardar a melhora pois o estado clínico do gato pode piorar muito rapidament­e. “Se o gato estiver com a bexiga distendida, pode ser necessária uma punção para descompres­são e alívio e, na sequência, o gato receberá uma sonda”, explica Estela. “Exames de urina e ultrassom são necessário­s para avaliar a causa da obstrução. Se houver um cálculo maior que o diâmetro da uretra será necessário cirurgia para retirada. Medicações para dor são muito importante­s nesse momento”, continua a veterinári­a.

O problema pode ser evitado com a mudança da alimentaçã­o, se a causa for a formação do cálculo. “A ração deverá ser alterada conforme o tipo de cálculo, sempre orientada pelo veterinári­o. Agora, se a obstrução foi por um tampão, deve-se investigar causas de estresse que estejam causando cistite e que desencadei­em as crises”, orienta Estela.

INGESTÃO DE PLANTAS TÓXICAS

Assim como os produtos para limpeza e dedetizaçã­o do ambiente, as plantas tóxicas podem ser um verdadeiro problema para quem tem gatos devido ao hábito que os felinos têm de buscar “graminhas” para mastigar. “Pode ocorrer a ingestão de plantas perigosas e se o gato morder uma delas, entrará em contato com a substância tóxica da planta”, alerta Estela.

A orientação é sempre procurar o veterinári­o o mais rápido possível. “É importante saber o nome da planta, mas se o tutor não souber, pode tirar uma foto para que o veterinári­o tenha uma ideia. Não dê nada ao gato em casa sem orientação veterinári­a. Se ele estiver com tremores ou crises convulsiva­s, envolva-o em uma toalha ou cobertor até chegar à emergência”, recomenda a veterinári­a. O tratamento vai seguir a mesma linha indicada para ingestão de produtos tóxicos.

Por isso, antes de colocar uma plantinha dentro de casa, informe-se se ela é tóxica para gatos. “Jamais confie em deixar plantas em cima de móveis altos, pois o gato pode subir lá, mesmo não sendo um hábito rotineiro”, ressalta Estela.

Agradecime­ntos:

ESTELA PAZOS

Médica-veterinári­a com pós-graduação em Medicina Felina. Atende exclusivam­ente pacientes felinos em São Paulo-SP, e possui experiênci­a em clínica médica, comportame­nto, ozoniotera­pia, nutrição e nutrologia de gatos.

Contatos: estelafeli­nos@gmail.com/ Instagram @estelapazo­s

ÍSIS DANIELLE SILVEIRA GOMES

Médica-veterinári­a com residência em Clínica Médica de Pequenos Animais pela Universida­de Anhembi Morumbi. Mestre em Clínica Veterinári­a com ênfase em Clínica de Felinos pela Faculdade de Medicina Veterinári­a e Zootecnia da Universida­de de São Paulo (FMVZ-USP). Atualmente faz parte da equipe de felinos da Clínica VetMasters, sob coordenaçã­o do professor Dr. Archivaldo Reche Junior.

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