Kurilean Bobtail: par que ter um?
Veja qualidades da raça que ultrapassam sua evidente beleza
Ele é fofo, parece um coelhinho com sua cauda de pompom e ainda tem uma história cheia de lendas em seu país de origem, as ilhas Curilas (ou Kuril Islands), localizadas entre a Rússia e o Japão. Por lá, esses felinos viveram por mais de 150 anos reclusos, até serem descobertos por militares – em primeiro lugar –, e começarem a ser criados de forma organizada na década de 1990, na Rússia.
Aceito como raça pela Federação Felina Internacional (FIFe) desde 2004, o Kurilean ou Kurilian (as duas grafias são corretas), de pelo curto e longo, foi aceito primeiramente pelo russo Sovjet Feline Federation (SFF), em 1991. Em seguida pela World Cat Federation (WCF) em 1995 e, por fim, pela The International Cat Association (TICA) em 2012. No Brasil, é criado há 5 anos pelo gatil Sons of Avalon, de Bruno Masini e da veterinária Andrea Valete, de São Paulo-SP. “Me apaixonei pela raça quando fui a uma exposição de gatos na Suíça em 2014 e vi um exemplar. É um gato forte, de grande porte, com um temperamento encantador e uma cauda que chama atenção pelo seu movimento e pompom. A cauda curta oferece um excelente equilíbrio ao Kurilean”, conta Andrea, que no ano seguinte adquiriu seu primeiro Kurilean, o Touché.
Já a criadora sueca Malin Levinsson, do gatil SE*Kot-á-Kuril, se dedica à criação do Kurilean Longhair (Pelo Longo) desde 2009, e trouxe seus felinos da própria Rússia. “Quando comecei meu gatil estava procurando por uma raça natural – não criada pelo ser humano. Um dia, procurando na in
ternet, um Kurilean e me apaixonei pelo seu look selvagem, tipo um lince”, relembra.
Outra apaixonada pela raça é a tutora da gatinha Capucha, a professora de Educação Física Cláudia Nolla de Freitas Batista, de São Paulo-SP. “Capucha fez 1 ano dia 25 de maio de 2019. Nunca tive gatos, só cachorros, ela foi minha primeira gatinha”, conta a professora, que adquiriu sua Kurilean de um ex-aluno. A seguir, veja outras virtudes da raça citadas pelas entrevistadas.
TAMANHO G
Na aparência, além das já citadas características selvagens e cauda encurtada, tipo pompom, a robustez desse felino é outro atrativo. “São gatos fortes, de tamanho médio a grande, com estrutura corporal musculosa”, aponta Andrea.
AMIGO DE TODOS
O temperamento do Kurilean também é um de seus atrativos. Muito sociáveis, esses gatos se adaptam facilmente em locais diferentes, segundo Andrea. “São muito inteligentes e aprendem muito rápido. Gostam muito da companhia humana e estarão sempre no mesmo ambiente de seus donos”, acrescenta.
Cláudia conta que Capucha é muito dócil e tranquila. “O dia a dia é muito tranquilo pois ela não me dá trabalho, nem em árvore de Natal ela mexe! O que ela mais gosta de fazer é dormir! E também de carinho na barriga”, conta a tutora. Quando Cláudia tem visitas, no primeiro momento Capucha fica assustada, em alerta, mas depois se aproxima. “Ela convive com cinco pessoas da família e se dá muito bem com todos, mas geralmente gosta de me acompanhar aonde vou, e de ficar na cama com meu filho caçula, de 12 anos, quando ele está brincando”, relata.
AGILIDADE NA CAÇA
O Kurilean Bobtail se tornou popular na Rússia principalmente por sua habilidade como caçador. Andrea, que também possui gatos das raças Maine Coon, Ragdoll, Norueguês da Floresta e sem raça definida como pets, diz que o Kuri
lean é o primeiro a aparecer quando surge um bichinho em casa, como uma mosca. “Conseguem pular em locais altos, sem derrubar nada ao redor, podendo observar o ‘mundo’ de cima de um armário com tranquilidade quando desejam”, aponta a criadora brasileira.
Já na natureza, Kurileans caçam em bandos, conta Malin. “Dizem que são capazes de caçar até um filhote de urso quando estão juntos”, comenta.
DE POUCAS PALAVRAS
Kurileans são gatos silenciosos, porém, se estimulados, vão conversar com seus donos tranquilamente, garante Andrea. Cláudia concorda e conta que Capucha quase não mia. “Achei até estranho no início, só ouvi o miado dela duas vezes e quase não saiu som. Até coloquei uma coleira com um guizo para saber onde ela está”, revela. Malin explica que o miado da raça é bastante particular. “Parecem passarinhos”, ilustra.
SEM MUITO AGITO
Apesar de bons caçadores, a atividade da raça é classificada como média. “Gostam de uma brincadeira de vez em quando, principalmente com bolinhas e varinhas”, descreve Andrea. Claro, quando filhotes, o agito é maior. Como a raça atinge a maturidade sexual aos 4 anos de idade, até essa idade são mais ativos, aponta Andrea. Já Malin destaca o jeito divertido da raça. “Eles têm uma personalidade um tanto quanto canina e adoram brincar com crianças e outros animais”, comenta.
CUIDADOS DIÁRIOS
Manter a pelagem do Kurilean exige o esforço de escová-la semanalmente nas épocas de troca (primavera e verão), e de forma mais esporádica no inverno. “Não podemos esquecer que a cauda precisa ser escovada com carinho e cautela. Portanto, observe o posicionamento das vértebras para não movimentar a cauda durante a escovação. Faça a escovação da cauda respeitando o posicionamento das vértebras para não machucar o gato”, aponta Andrea. Esses felinos gostam muito de tomar banho, mas a criadora alerta que o procedimento não precisa ser realizado mensalmente. “Gatos são normalmente limpos e não têm necessidade de banhos frequentes, porém não terá nenhum problema se forem banhados mensalmente”, frisa a criadora. Capucha, por exemplo, vai ao pet shop tomar banho e fazer uma sessão completa de beleza a cada 3 meses. “Às vezes eu mesma corto as unhas, quando necessário, e escovo o pelo”, diz Cláudia.
A pelagem do Kurilean é bem diferente do Norueguês, por exemplo, que é impermeável para a entrada da neve. “A pelagem do Kurilean tem estrutura diferente. É densa com subpelo e pelo menos grosso que o do Norueguês, mas o protege da neve também. Não precisam de cuidados específicos e se adaptam bem ao nosso clima tropical”, diz Andrea.
PARTICULARIDADES
DA RAÇA
Gatos da raça Kurilean Bobtail têm algumas especificidades, segundo explicam as criadoras Malin e Andrea. Uma delas é que fêmeas e machos cuidam de seus filhotes e formam um casal de relação
eterna. Outro ponto interessante tem relação com a cauda da raça: cada uma é única, como se fosse uma impressão digital do gatinho. “O posicionamento da cauda não se repete em outro gato e o tamanho também varia até chegar aos 8 cm máximos de comprimento”, explica Andrea. Malin acrescenta que gatos com caudas menores de 5 cm não são desejáveis. “Caudas muito curtas ou até ausentes podem causar problemas no nascimento e nas costas do felino”, alerta. Por isso, tais características não devem ser reproduzidas por criadores que fazem um trabalho sério.
SAÚDE DE FERRO
Como o gene da cauda curta do Kurilean Bobtail é autossômico dominante, Andrea aponta que ele não causa problemas de saúde ao gato ou outro efeito colateral. “Não temos doenças genéticas específicas da raça, são gatos muito saudáveis e dificilmente ficam doentes”, atesta a criadora brasileira.
Por ser uma raça ainda rara, Malin alerta sobre os perigos de se cruzar muitos gatos de linhagens próximas. “Isso pode causar um problema chamado de espinha bífida (má formação do tubo neural), prolapso anal (quando há um grande volume do reto fora do corpo) e Kurileans albinos”, revela.
Agradecimentos:
BRUNO & ANDREA MASINI Gatil Sons of Avalon www.gatilsonsofavalon.com.br
MALIN LEVINSSON
Gatil SE*Kot-á-Kuril www.kurileanbobtail.dinstudio.se