6 DICAS INFALÍVEIS PARA ADAPTAR UM GATO RECÉM-CHEGADO
Veja como fazer com que a introdução do novo membro da família seja um sucesso, sem brigas ou outros incidentes
Veja como fazer com que a introdução do novo membro da família seja um sucesso, sem brigas ou outros incidentes
Muitas pessoas acreditam que introduzir um novo gato em casa é uma tarefa simples, mas, muitas vezes, não é. Brigas, disputa por território, comportamentos inadequados como urinar fora do lugar e até greve de fome são sinais de que a adaptação não foi muito bem executada. Por isso, se você está pensando em aumentar a família, é fundamental entender que o processo precisa ser gradual e bem planejado.
Conheça a seguir as dicas de três profissionais especializadas em comportamento felino para deixar esse momento mais fácil e evitar traumas nos bichanos e em você também!
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Avalie a situação
O primeiro ponto a ser avaliado é, caso já exista um gatinho na casa, se o morador é um felino sociável e que gostaria de ter um amigo morando com ele. “Na natureza são poucos os felinos que vivem em bando e os nossos gatos domésticos, muitas vezes, seguem essa forma de viver. Quando isso não é respeitado, vários problemas de comportamento ocorrem, como urina e fezes em locais inapropriados, por exemplo”, explica a veterinária Alessandra Maia, que realiza atendimento exclusivo em Medicina Felina em Belo Horizonte-MG. O mesmo acontece quando na casa já existe um animal de outra espécie, como um cachorro. “Alguns gatinhos têm afinidade por cães, mas a adaptação deve ser bem gradual. Por serem de espécies diferentes, alguns hábitos também são diferentes, como a alimentação, que deve ser específica para cada espécie, respeitando a individualidade de cada um.”
Segundo a veterinária Leila Sena, do CATUS Centro Veterinário, de Brasília-DF, a introdução de um adulto pode ser bem mais delicada do que de um filhote. “O processo é o mesmo, mas a atenção deve ser redobrada, pois gatos adultos se sentem muito ameaçados por outros adultos e isso pode resultar em ataques. Caso isso ocorra, pode atrapalhar bastante no processo de adaptação”, afirma. No caso de adoção de um felino em idade adulta, o conselho da veterinária é buscar por um animal que já tenha convivido com outros gatos para que a adaptação tenha maior chance de sucesso. “Os tutores precisam saber que os felinos vivem muito bem de forma solitária, por isso, a chance de um gato que viveu a vida quase toda sozinho e que agora tem de lidar com um novo adulto em seu território é desafiante. Logo, o processo de adaptação também pode ser”, esclarece Leila.
Assim, é sempre importante ter o cuidado na introdução de um novo gatinho, avaliando se a convivência será benéfica para os outros moradores. Segundo Juliana Damasceno, bióloga, doutora em Psicobiologia e diretora da WellFelis Comportamento e Bem-Estar Felino, de São Paulo-SP, isso acontece porque os gatos são animais territorialistas que preservam, controlam e defendem seu espaço. “Os residentes podem encarar a chegada de um novo gato como um ‘concorrente’ em seu território, e quem está chegando sente olfativamente que existem ‘donos’ do território que ele está adentrando. Dessa forma, um deles pode se sentir ameaçado e começar a se defender dos demais”, afirma.
2 Verifique a saúde do novato
Verificar o estado de saúde dos animais é fundamental. Segundo a veterinária Alessandra Maia, o recomendado é que o felino a ser introdu
zido primeiro seja examinado por um médico-veterinário. “O profissional deverá realizar o exame clínico, além de exames complementares como o de sangue, pois existem diversas doenças que podem ser transmitidas entre os gatos”, alerta.
Entre as enfermidades destacadas pela especialista estão a FIV (vírus da imunodeficiência felina), a FeLV (vírus da leucemia felina), complexo respiratório felino (causado por três agentes principais: o herpesvírus felino, o calicivírus felino e a Chlamydophila), a esporotricose (micose provocada por fungos), além de vermes, pulgas e carrapatos. Isso porque são doenças comuns em gatos, principalmente naqueles que viveram em ambientes com múltiplos indivíduos. “Cada uma das enfermidades possui um período de incubação e uma necessidade de ‘quarentena’ específica, o que deve ser orientado pelo profissional para cada situação”, explica Alessandra. “Se algum dos moradores for portador de doenças infectocontagiosas, pode ser que a introdução de um novo bichano precise ser adiada ou não possa acontecer”, avalia.
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Introdução gradual
Para evitar acidentes e facilitar a adaptação do novo gatinho é fundamental preparar a adaptação de maneira gradual. A dica de Juliana Damasceno é separar um cômodo da casa para a chegada do novo indivíduo. “Montamos esse cômodo com tudo o que o gatinho irá necessitar: água, comida, caixas de areia e principalmente refúgios para se abrigar, que sejam confortáveis, seguros e de fácil acesso, como toquinhas que possuam entrada e saída, para que ele tenha a oportunidade de ter rota de fuga”, explica.
Os processos de apresentação do gato novo aos animais de estimação que já vivem na casa, seja um cão ou gato, são bem similares. Os preparos se iniciam até mesmo antes da chegada do novo gato, quando isso é possível, claro. “É sempre importante ter o auxílio de um profissional, pois se a introdução for realizada de maneira inadequada e brigas acontecerem, a agressividade entre os lados é instalada e se torna mais complicado de reverter a situação”, afirma a bióloga Juliana. Segundo ela, “a primeira impressão é a que fica”, por isso, a introdução deve sempre ser realizada com cautela, associando a presença do novo indivíduo a estímulos positivos. Para isso, o tutor pode utilizar feromônios sintéticos que devem ser aplicados pelo menos dois dias antes da chegada do novo animal.
Sobre a apresentação, a profissional ainda recomenda que seja feita, em um primeiro momento, sem contato visual. “Iniciamos a apresentação dos animais somente pelo cheiro, trocando objetos que contenham odores corporais e depois revezando os animais nos ambientes, até mesmo para que o novo indivíduo explore o espaço na ausência dos residentes”, ensina Juliana. Após o novo indivíduo ter se adaptado ao local, os animais podem ser apresentados, finalmente. “Isso deve ser feito gradualmente, sempre com estímulos positivos como alimentos favoritos, brinquedos e carinho. Os gatinhos deverão conviver por curtos períodos sob supervisão até que estejam bem e confortáveis para ficarem no mesmo ambiente. Se possível, procure auxílio de profissional comportamentalista, caso os animais em adaptação demonstrem insegurança na presença uns dos outros”, completa.
4 Preserve a rotina dos outros animais
É importante que o mínimo de mudança na casa aconteça durante a chegada do novo morador. Não se deve alterar os hábitos alimentares do bichano que já reside na casa, assim como o local de fazer as necessidades e de dormir. “O gato residente se sente o ‘dono da casa’ e se ele sentir que isso está mudando podem ocorrer problemas como parar de comer”, alerta Alessandra. “Por isso, considera-se que quando os bichanos estão se alimentando juntos a adaptação está tendo sucesso”, afirma.
Também é interessante evitar colocar o novo gato num espaço que o outro use bastante, como uma prateleira ou brinquedo preferido. “Cada gato costuma eleger um local para descansar e se sentir mais seguro. Colocar o novo gato nesse local fará com que o gato antigo se sinta bastante ameaçado e se mostre mais reativo e irritadiço”, alerta Leila Sena.
5 Prepare um ambiente seguro
Em uma casa com gatos, alguns cuidados com o ambiente devem ser colocados em prática para garantir a segurança de todos os bichanos. Um dos mais importantes é retirar do ambiente plantas e flores que podem ser tóxicas para os animais. De acordo com Alessandra Maia, azaleias e lírios podem intoxicar os bichanos.
Outro cuidado é em relação aos pequenos objetos, decoração em vidro, agulhas com linhas, fio dental, pedaços de plásticos e outros. “Muitos felinos gostam de morder diversos objetos, o que pode ser extremamente prejudicial à saúde”, reforça a veterinária Alessandra.
Mais um cuidado importante é em relação ao uso de produtos de limpeza com cheiro forte. “Gatos são animais de grande sensibilidade olfativa, dessa forma, seu olfato pode ser prejudicado e consequências como alergias, problemas respiratórios e estresse podem ocorrer apenas por utilizarmos desinfetante com forte odor”, alerta Juliana Damasceno.
Outros perigos da casa que devem ser motivo de atenção do tutor são: janelas de vidro, objetos cortantes ou pontiagudos e que possam ser alcançados e derrubados. “Devemos ter cuidados parecidos com os que temos com crianças pequenas na casa”, compara Juliana.
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Enriqueça o ambiente
O enriquecimento ambiental é um dos passos mais importantes para manter a boa convivência entre os animais e para que eles tenham à disposição os itens necessários para executar seus comportamentos naturais. Como explica Leila Sena, ele é necessário para um ambiente mais saudável para um animal que, em sua essência, é um caçador. “Sempre evite brinquedos velhos e que estão destruídos e podem ter partes ingeridas durante a brincadeira”, alerta. A ordem é ter sempre novidades que sejam seguras para todos os animais da casa.
Segundo Juliana Damasceno, quando for possível, o tutor deve trazer objetos que já eram do gato anteriormente e que ainda estejam em bom estado. “Isso é muito importante como referência olfativa para ele. Isso engloba brinquedos, camas, arranhadores”, afirma Juliana. Quando não for possível, deve-se adquirir novos brinquedos para estimular comportamentos, como varinhas com penas nas pontas e brinquedos de movimento, como as tocas e túneis, que funcionam mais como abrigo. A dispersão e multiplicação dos recursos no ambiente com mais de um gato é fundamental. “O ideal é todos os gatos ganharem novos itens logo na chegada do novo indivíduo, associando o novo membro à abundância de recursos no ambiente”, explica Juliana.