NÍSIA FLORESTA
surpreende por lindas praias e lagoas, além de muita história no litoral sul potiguar
Quem se acostumou a ir para o Rio Grande do Norte e programar a sua viagem para Pipa, Natal, São Miguel do Gostoso e Genipabu, pode reprogramar a sua visita ao estado. Rodando pouco mais de 65 quilômetros a partir do longínquo aeroporto da capital potiguar, pode seguir em direção ao sul do estado, e conferir um destino turístico pouco promovido do litoral em suas feiras de turismo e encontros com o trade turístico. Estamos falando de Nísia Floresta, uma cidade que surpreende, tanto pela beleza de suas praias, a imponência e preservação de suas dunas, a riqueza translúcida de suas 26 lagoas de água doce, e sua enorme história, liderada pela mulher mais vibrante do século passado, Nisia Floresta, que dá nome ao município e ao mesmo tempo valoriza o conjunto de belezas dessa cidade ainda pouco conhecida por turistas dos principais polos emissivos do Brasil. Para começar a falar desse belodestino, devemos dar ao leitor uma noção exata da importância de Nísia Floresta no contexto histórico que ela representa, principalmente nos dias de hoje onde a figura da mulher ganha cada vez mais espaço na educação, no trabalho e nas lideranças políticas e sociais.
QUEM FOI NÍSIA FLORESTA
Foi no dia 12 de outubro de 1810 que nasceu Dionísia Gonçalves Pinto, adotando o pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta, precursora de ideais feministas em textos publicados em jornais, na cidade potiguar de Papari, que hoje leva o nome da escritora.
Na época, as mulheres iniciaram o processo de alfabetização e se interessando pela leitura. Alguns homens, ao perceberem a mudança nos costumes das senhoras – que antes viviam em função de afazeres do lar e agora atribuíam a leitura como passatempo –, se apressaram em oferecer jornais destinados às leitoras.
Mesmo havendo uma imprensa própria para mulheres, quem dirigia e escrevia eram apenas os homens. Isso mudou em 1831, quando Nísia começou a escrever para O Espelho das Brasileiras, jornal editado em Recife. Em 30 publicações, todas com Floresta como redatora, o periódico expunha as condições precárias das mulheres, e defendia a instrução moral
e cívica das mesmas.
A autora tratou de muitos assuntos em sua carreira literária, como abolição, direitos indígenas, sufrágio, mas o tema mais debatido por ela, e também o que mais lhe gerou repercussão (negativa e positiva) foi educação e emancipação feminina. Na época, a educação era negada às mulheres por ser considerada desnecessária, mas Nísia mantinha o argumento que elas precisavam da educação para serem livres.
Nísia Floresta foi a pioneira do feminismo, periodismo e literatura de autoria feminina no país, mas sua importância vai além: em 1838, funda, no Rio de Janeiro, um dos primeiros colégios exclusivos para meninas, o Colégio Augusto. A legislação brasileira previa escolas femininas desde 1827, porém o ensino era limitado à educação do lar.
Na década seguinte, a escritora se muda para a Europa, onde a maioria de seus livros e colunas para jornais foram publicados. Mesmo em uma época de divulgações e distribuições limitadas, as obras de Nísia obtiveram enorme repercussão no exterior, sendo mencionadas em inúmeros jornais até o final do século XIX. Mas ela não conseguiu escapar das críticas de quem era contra seus pensamentos, e, aos poucos, do esquecimento, assim como a maioria das escritoras de sua época.
Seu trabalho voltou a ter reconhecimento devido ao resgate de obras de autoria feminina, processo comandado pela pesquisadora Zahidé Muzart nos anos 1980, com o objetivo de dar fim à invisibilidade das mulheres na literatura. Muitas escritoras, professoras e outras pesquisadoras se uniram à Muzart para criar o livro Escritoras Brasileiras do Século XIX, publicado em 1999. A responsável pelo resgate das obras de Nísia foi Constância Duarte, autora do livro Nísia Floresta: Vida e Obra, de 1995.
Entretanto, o trabalho de Nísia não é completamente esquecido. O Coletivo de Jornalistas Feministas Nísia Floresta foi criado com a função de debater a produção jornalística que trata de questões que interessam o público feminino, principalmente a cobertura sobre violência contra mulheres e direitos sociais, políticos e econômicos.
A cidade onde Nísia nasceu teve seu nome muda
do em sua homenagem em 1948. De acordo com a prefeitura local, desde o início do ano de 2017, as escolas municipais são orientadas a trabalharem sua história no currículo escolar . Os cidadãos da pequena cidade de cerca de 27 mil habitantes estão começando a familiarizar-se com a obra da autora, mas ainda há muito com o que trabalhar.
Em 2012 foi inaugurado, na cidade, o museu da escritora, com o objetivo de conservar a história da educadora, além de promover atividades de artes e cultura para visitantes. Elaborada e mantida por uma ONG, em apoio a Prefeitura, essa tem sido uma das ferramentas mais importantes na difusão de conhecimento a respeito da escritora.
Nísia Floresta morreu com 75 anos, na cidade de Rouen, na França, de pneumonia. Foi enterrada na cidade, e só em agosto de 1954 seus restos mortais foram levados a sua cidade natal. Hoje em dia, o mausoléu onde os guarda vive praticamente abandonado.
A escritora fez história ao enfrentar tudo aquilo que lhe foi imposto, desde os 14 anos, no início do século XIX, quando fugiu de um casamento forçado com um dono rico de terras, e também durante a vida inteira, a cada texto publicado, e ao dirigir um colégio para meninas. Nísia batalhou pelo que acreditava e nunca desistiu. Ela merece continuar “viva” por nós, no nosso cotidiano, na literatura. Uma mulher tão importante quanto ela não merece ficar esquecida nas estantes.
A antiga Papari é um município do Rio Grande do Norte desde 18 de fevereiro de 1852. O atual nome é uma homenagem a esse grande escritora e feminista Nísia Floresta, que foi uma das primeiras mulheres a ter artigos publicados em jornais no Brasil.
A cidade fica a 40 km de Natal, capital do estado. Por lá, atividades culturais, históricas e o turismo praiano se misturam. O município é repleto de belezas para todos os gostos, com praias e piscinas naturais de águas cristalinas. Essas formam uma paisagem de tirar o fôlego. O município tem uma das maiores extensões territoriais do Rio Grande do Nor
te. Praias desertas, mais de duas dezenas de belíssimas lagoas, gastronomia baseada no caranguejo, no camarão, nos peixes e frutos do mar, e um povo pra lá de acolhedor que faz questão de bem receber.
Repleta de história e prédios remanescentes da época da invasão holandesa no estado, Nísia Floresta também oferece passeios e visitas a diversos patrimônios culturais. Uma das atrações preferidas dos turistas que a visitam é a cultura do artesanato.
As mulheres do povoado de Campo de Santana produzem todas as tardes o “labirinto”, que é um tipo de renda. O trabalho é tão detalhado que uma colcha pode levar quatro meses para ficar pronta. Esses produtos são vendidos posteriormente em feiras de artesanato da cidade. Os visitantes locais tanto podem assistir as labirinteiras produzindo o material, quanto visitar as feiras e comprar as peças já prontas. Essa é uma tradição de mais de um século, que ainda segue preservada em função das gerações que passam o ensinamento de suas produções de pai pra filho.
DA HISTÓRIA TAMBÉM VIVE O MUNICÍPIO
O município também possui diversos prédios históricos, principalmente no estilo barroco, que datam do século XVI. Um desses é a Igreja de Nossa Senhora do Ó, construída em 1702 por famílias portuguesas. Vale a pena visitá-la. O altar é todo enfeitado com peças de ouro e abriga as imagens de São Benedito e de Nossa Senhora do Ó. Essas vieram ao Brasil de Portugal ainda na época da colônia. Aqui também estão expostas as roupas de sacerdotes que foram feitas ainda no século XVI. Bem na área central, há uma praça com chafariz e prédios históricos preservados. A igreja atualmente passa por rigoroso processo de revitalização.
Como toda boa cidade litorânea, Nísia Floresta tem diversas belezas naturais para os turistas e até mesmo os moradores apreciarem. Veja alguns exemplos:
Baobá - A árvore gigante
Próximo à Igreja Nossa Senhora do Ó, está outro ponto muito visitado da cidade, o Baobá. A árvore atinge 19 metros de altura e 13 metros de circunferência. A placa afirma que o Baobá foi plantado em 1877, mas há quem diga que ela é ainda mais antiga. Nessa área onde ela foi plantada é proibida a circulação de automóveis. Os turistas se encantam com o tamanho e o diâmetro dessa árvore potencialmente frondosa, repleta de beleza.
Lagoas são atração à parte
O Roteiro das Águas é um dos diferenciais de Nísia Floresta. A maioria dessa lagoas foram criadas pelo sistema Lacuste Bonfim. O circuito foi descoberto por bugueiros da região, que optavam por trilhas de terras escondidas para circularem entre as lagoas em menos tempo, possibilitando aos turistas conhecer todas em um mesmo dia. Vale a pena conhecer ao menos as seguintes:
● LAGOA REDONDA
● LAGOA DE ARITUBA
● LAGOA DE CARCARÁ
● LAGOA DE FERREIRA GRANDE
● LAGOA DE ALCAÇUZ
● LAGOA DE BOÁGUA
● LAGOA DO URUBU
Apesar de todas as sete lagoas do Roteiro das Águas estarem bem próximas, é necessário reservar um dia inteiro para fazer o circuito. Os bugueiros geralmente saem logo pela manhã e retornam no final da tarde, após o pôr-do-sol. Algumas pessoas que já conhecem a região se arriscam em fazê-lo sem a necessidade de contratar um bugueiro, mas isso não é indicado para quem faz o circuito pela primeira vez ou não tem experiência com a estrada. Não há sinalizações, pois como citamos mais acima, este é um roteiro totalmente alternativo.
UM POUCO ALÉM DE BANHOS REVIGORANTES
Para quem pensa que é somente parar nas lagoas, tomar banho e partir para a próxima, está completamente enganado. Os bugueiros prepararam um roteiro bem completo, onde você observa uma parte da Mata Atlântica que é preservada nessas estradas, conhece grandes canaviais e algumas fazendas que possuem criação de gados que ficam longe das principais vias.
Também há algumas paradas estratégicas para conhecer engenhos e antigos casarões do Rio Grande do Norte. O Engenho Papary é o mais popular de todos e onde você pode experimentar uma cachaça artesanal que é produzida e vendida somente aqui.
Também há o Sítio Timbó, onde há rendeiras e labirinteiras que ficam o dia inteiro produzindo suas lindas peças. Além de conhecer a produção de perto, você pode comprar alguma e levar como lembrança.
ARITUBA E CARCARÁ, AS MAIS VISITADAS
As lagoas naturais também são espetáculos a parte na cidade de Nísia Floresta. Ao todo, são 26 lagoas que chamam a atenção devido as águas transparentes e a natureza que as cerca. As lagoas de Arituba e Carcará, inclusive, oferecem uma boa infraestrutura para os turistas como quiosques e restaurantes que vendem comidas típicas do estado e são as mais visitadas por turistas e veranistas.
Vale a pena contratar uma empresa de receptivo e explorar as lagoas mais distantes. As águas além de serem mornas são cristalinas e os mergulhos deliciosos. Muitas dessas lagoas ficam entre uma enorme região de dunas, com mata preservada nas margens, tornando a vista deslumbrante. As lagoas são formadas por nascentes de água doce, e a maioria delas é perene e não sofre muita influência das chuvas.
A Lagoa de Arituba por exemplo tem muitas atrações para crianças e famílias de todas as idades. Pedalinhos, jet ski, barquinhos, brinquedões como pula pula e escorrega fazem a alegria dos visitantes. Há também tirolesa, permitindo aos participantes um mergulho delicioso nas águas cristalinas. A Lagoa do Carcará fica mais distante da praia, são 9 quilômetros, mas é igualmente bela. Por ser maior, tem muito mais opções de atrações. Nessas duas lagoas há bares, restaurantes e boa infraestrutura de alimentos e bebidas, garantindo lazer e tranquilidade para os visitantes. Existem pacotes de todos os valores, pois depende do seu ponto de partida. Como há paradas nestas sete lagoas você pode optar por fazer o roteiro completo ou somente uma parte dele. O veículo utilizado também influencia no valor do pacote. Existem buggys, quadriciclos e até carros no estilo “Sport” com tração nas quatro rodas. Você paga a partir de 150 reais por pessoa.
Mar tranquilo, piscinas naturais e visual paradisíaco
Nísia Floresta também tem um litoral repleto de praias com beleza indescritível e cenários paradisíacos para lindas fotos e boas selfies, por lá são várias delas. As mais agitadas e que recebem mais visitantes são as de Búzios e Pirangi do Sul. Com mar propício para banho, essas também têm ótima estrutura para o lazer, como restaurantes, barracas, quiosques e espaços para jogos e tomar sol. Mais ao sul, o visitante poderá encontrar as praias de Barra de Tabatinga que tem beleza única. De tombo, e com uma longa barreira de corais ao longo de sua orla, é frequentada por surfistas e pela juventude endinheirada de Natal. Do mirante dos golfinhos, você observa a forte arrebentação e, claro, os golfinhos, que frequentemente aparecem por ali para se alimentar de grandes cardumes de sardinhas. Outra praia bastante visitada e que merece ser curtida pelos visitantes é Camurupim. É considerada uma das mais tranquilas ao sul de Natal e da cidade. Boa para famílias, a enseada tem águas claras, e frequentemente quentes, com formação de piscinas naturais na maré baixa – quando também é possível avistar a Pedra da Oca, uma gruta no meio dos arrecifes.
Camurupim pode ser considerada ainda uma praia de veraneio. Ainda pouco explorada por turistas que chegam ao Rio Grande do Norte, a partir de sua capital Natal, ela surge agora, depois do declínio da pandemia, como uma das mais procuradas, pois suas areias ficam quase vazias, permitindo um isolamento social natural. Camurupim tem umas quatro boas pousadas, mas o principal meio de hospedagem é o Praia Bonita Resort & Convention. Com 150 apartamentos, o empreendimento tem uma das melhores estruturas de serviços hoteleiros do litoral sul potiguar. Sauna, spa, piscinas para adultos e crianças, hidromassagem, bares, restaurantes, playground, uma mini fazendinha, além de uma equipe de lazer e entretenimento que se dedica aos pequenos durante a maior parte do dia. O hotel, que é All Inclusive, trabalha também com outros sistemas de refeições, mas tem após o período do jantar, shows de dança, música , teatro e circo garantindo bom entretenimento para todos. Na orla, vale a pena experimentar as delícias do Caranguejo do Olavo, comandado pela experiente Karla. O local é propício para curtir a praia e suas piscinas naturais. Lá o turista encontrará boas porções de peixes, macaxeira, carne do sol, camarões e o indiscutível Vatapá, o melhor que já comi em toda a minha vida. Vale a pena beber uma cerva bem gelada e esticar o corpo numa cadeira de praia e lagartear, como falam os gaúchos, em busca de um bronze dourado. Enquanto as crianças se deliciam com banhos quentinhos nas piscinas naturais formadas pela maré baixa, você pode pedir um tira gosto desses e esquecer da vida. O Caranguejo do Olavo é uma referência excelente nas praias de Nísia Floresta.
Pirangi do Sul, Búzios e Barreta para esquecer da vida!
Outras três praias que merecem uma visita são: Pirangi do Sul, de areia fina e batida com águas tranquilas e procurada para esportes náuticos, como kitesurf em função dos constantes ventos alísios que sopram em suas águas durante quase o ano inteiro. A outra é a praia de Buzios. Fica no canto esquerdo e na divisa com Pirangi do Sul. O Rio Doce deságua no local, proporcio
nando local tranquilo para mergulho. Na área central, o mar já é bastante aberto e perigoso para banhos, em função dos buracos e das fortes correntezas. A última praia de Nísia Floresta é Barreta, umas das favoritas dos moradores de Natal, tem área urbana, com casas de veraneio, bares e restaurantes e trechos bem-preservados, com dunas e alguns recifes de coral. Para seguir a Tibau do Sul (via balsa) e ver o encontro do mar com a Lagoa Guaraíras, é melhor estar de bugue ou veículo 4x4, com carro de passeio vale contratar um guia local.
FEIRI NHA E O MAIOR CA JUEIRO DO MU NDO VALEM UMA VISITA
O local rende uma boa visita. Por causa de uma mutação genética, a copa desse cajueiro não para de crescer e já ocupa uma área bem maior que um campo de futebol, com mais de 9000 metros quadrados. É a maior árvore frutífera do mundo, de acordo com o Guinness Book. Centenário e produtivo, o cajueiro da cerca de 80 mil frutos por ano - principalmente de novembro a janeiro, você pode colher os cajus, direto do pé. Há um mirante, um pequeno museu e alguns quiosques que vendem artesanato e castanha de caju. Na área ao redor do parque onde ele se encontra, existe uma feira que comercializa de geleias a redes, de biquines e maiôs, a vestidos de renda. São quase 80 lojinhas. Antes de fechar a compra vale pesquisar e principalmente pechinchar para garantir o melhor desconto. Você pode visitar, ainda, o Túmulo onde estão enterrados os restos mortais de Nisia Floresta, aproveitar para fazer uma parte do roteiro dos Santos Mártires, e conferir onde nasceu a campanha da fraternidade para o mundo. O roteiro é de espiritualidade e tem início na IgrejaNossa Senhora do Ó, passando pela igreja São Gonçalo e terminando ruínas da casa de pedra de São João Nostau Navarro. Para mais informações sobre o Roteiro dos Santos Mártires: (84) 998310358 com Sidnésio.