Cervejaria Tupiniquim
UMA NATIVA INTERNACIONAL
Premiações e inovações
Tendo como slogan “Inovação e Ousadia”, a fábrica de Porto Alegre/RS vem se destacando nos últimos anos como uma das mais premiadas Brasil: foi eleita por três vezes consecutivas (2015, 2016 e 2017) a melhor cervejaria do Brasil no Concurso Brasileiro de Cervejas de Blumenau/
SC, além de conquistar diversos prêmios internacionais. Tudo isso pelo arrojo e qualidade das suas cervejas.
Osócio e CEO da empresa, Alex Ribeiro dos Santos, diz que tudo começou com a amizade entre os seus sócios, que produziam cerveja em casa, enquanto ele se dedicava à área comercial. “Montamos um plano de negócios e encaramos o desafio. Começamos em agosto de 2013, produzindo terceirizados e, em janeiro de 2014, já estávamos com nossa fábrica”, recorda.
Porém, nem tudo surgiu de imediato: foram alguns anos de conversa e preparo, experimentando, bebendo e analisando cervejas, conta. E depois, toda a montagem do plano de negócios, até a escolha de equipamentos e local. Quanto ao nome, explica que ele e outros sócios queriam uma denominação que se relacionasse com alguma coisa bem brasileira. “O tupiniquim é a brasilidade de forma pejorativa. A música tupiniquim, o futebol tupiniquim, a política tupiniquim, etc. Daí veio o nome.”
PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
O processo de criação das receitas é praticamente coletivo, discutido por todos. “Participamos direta e intensamente de todos os processos. Gostamos de criar e fazer coisas com inovação e ousadia.” A área física da cervejaria, segundo o sócio, sofre com a limitação de espaço, problema que ele acredita que seja pertinente a todas as cervejarias artesanais. “Já passamos por diversas reformas — aliás, acho que estamos sempre em reforma (risos). De 2014 até hoje, já mudamos de local uma vez, e hoje cremos ter um lugar bem adequado à nossa capacidade produtiva, que é, em média, de 170 mil L/mês.” A produção da Tupiniquim é distribuída em chope (barris), garrafas e latas para quase todo o Brasil, inclusive com experiência em exportação.
ESTILOS PRODUZIDOS
Produzindo muitas cervejas e de diversos estilos, a cervejaria gaúcha tem um portfólio bem amplo, com cervejas mais indicadas para iniciantes nas artesanais até aos mais aficionados. Uma produção que tem atrás o mestre-cervejeiro Christian Bonotto e mais 25 funcionários. Os muitos prêmios conquistados pela Tupiniquim são vistos por Alex como um motivo de muito orgulho e o reconhecimento pelo trabalho, estudo e dedicação — aliás, requisitos que recomenda para atingir um bom patamar de qualidade na produção cervejeira —, além de estar atento a todos os detalhes, buscando o máximo todos os dias. “Aliado a isso, investimentos em profissionais e equipamentos qualificados”, completa. Ele diz que, nessa trajetória, são muitas as histórias para contar, mas acredita que, no conjunto da obra, a vontade de fazer bem feito e levar o melhor custo/benefício é o que merece destaque.
CULTURA CERVEJEIRA E MERCADO
Alex acredita que a Tupiniquim contribuiu de muitas formas para a cultura cervejeira no país, desde trazer cervejeiros de fora do Brasil a receber estudantes de faculdades, apoiando grupos de estudos e doando materiais e equipamentos. “Acho que todo dia se contribui um pouco, assim como muitas cervejarias brasileiras têm feito dia a dia.” Para ele, cerveja artesanal é o resultado final de um produto com muito detalhe, critério e cuidado com os ingredientes selecionados, além de muito estudo “para ter como resultado e objetivo levar um produto superior para o consumidor”. Otimista, vê um mercado em crescimento, em especial para as cervejas artesanais. “Claro que temos muitas dificuldades, mas também temos nossas oportunidades. Precisamos focar na qualidade do produto e estarmos atentos às variáveis e tendências de mercado.”
MAIORES CONQUISTAS DO SETOR NO BRASIL
Na visão do cervejeiro, o “aumento orgânico da quantidade de seguidores das cervejas artesanais” é um dos grandes avanços do mercado cervejeiro, fruto do trabalho bem feito por diversas cervejarias brasileiras. “A maior conquista é essa, e o desafio é manter isso aumentando, de forma que a fatia do nosso setor, em relação a todo o mercado de cerveja, seja cada vez maior.” Já em relação aos desafios, diz que são muitos — logística, poucos fornecedores de insumos e impostos pesados para empresas de um setor iniciante. “Acreditamos que a cerveja artesanal é um caminho sem volta, de crescimento contínuo.”
APOIO E DICAS
Ele faz questão de ressaltar o trabalho da Associação Gaúcha de Microcervejarias (AGM) e da Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva), que trabalham incessantemente para minimizar estes desafios, segundo diz. “O poder público também tem percebido a importância do setor, seja na área econômica, social ou turística, muito pelo esforço coletivo e das associações, e pelo trabalho e conquistas das cervejarias artesanais brasileiras.” Enfim, para ele, é um setor novo, mas de muito potencial. Dá como exemplo o que acontece nos outros países, em termos de produção cervejeira. Para quem está começando, diz que a principal dica é foco na qualidade para que o cliente, quando experimentar, fique marcado pela impressão positiva. E estar atento às oportunidades do mercado: “Elas sempre aparecem, mas se o produto não for bom, de nada adiantará”. De resto, é não parar, muito trabalho e seguir apostando nos objetivos.