Palavra de Burgomestre L
Sempre depois de um concurso de relevância, como o que tivemos em 2020 em Blumenau, algumas pessoas perguntam detalhes sobre o julgamento. Vou tentar esclarecer algumas dúvidas. Nada mudou muito de seis anos para cá.
148) Quantos jurados experimentam uma determinada cerveja?
Quantos forem necessários para definir as melhores de cada estilo. Todas as amostras são avaliadas por uma mesa, com três ou quatro jurados. Quando há muitas concorrentes de um mesmo estilo, divide-se a fase eliminatória entre diversas mesas, e as melhores vão avançando até serem eleitas as três melhores desse estilo. Mas apenas a primeira mesa a receber a amostra numerada é que faz a avaliação descritiva nas fichas respectivas. Nas rodadas subsequentes não há preenchimento de ficha.
Depois vêm o “mini Best of Show” (Mini BoS) e “Best of Show” (BoS), quando as melhores são reavaliadas para não restar dúvidas. Tudo isso “às cegas”, em que apenas um número representa a amostra. As que ganham medalha de ouro, independentemente do estilo, concorrem como Best of Show, definindo as três vencedoras absolutas do concurso, com premiação para 3º, 2º e 1º lugares.
149) Se um jurado gosta mais de um estilo de cerveja do que de outro, isso não pode prejudicar sua avaliação?
Não. Os jurados enviam para a organização do concurso uma lista com os vinte estilos que se acham mais aptos a julgar. Isso é considerado na hora de agrupar os jurados e distribuir as amostras. Além disso, o júri é treinado para perceber os atributos inerentes a cada estilo e compará-los com a descrição do guia utilizado no concurso. Mesmo que não tenham preferência por determinado estilo, são capazes de avaliar com critério técnico.
150) Já aconteceu de uma boa cerveja ser desclassificada por pequenos detalhes, como a cor, por exemplo?
Uma das coisas que vem evoluindo junto com a qualidade das cervejas é a capacidade dos jurados, a expertise dos “stewards” (auxiliares que servem e levam as amostras às mesas) e o critério de seleção destes. Aparência, aroma, sabor, sensação de boca e impressão geral têm sutilezas que devem ser levadas em consideração, ainda mais numa competição comparativa. Se o estilo é descrito com uma faixa de cor específica, o concurso não pode validá-la como uma representante fidedigna, por mais saborosa que esteja. Se o guia pede “aroma assertivo de lúpulo”, esse quesito será decisivo para que seja premiada ou não. Quando isso ocorre na minha mesa, descrevo as características encontradas e o porquê de não ser classificada. E se a cerveja for boa, sugiro que não mude a receita, mas procure inscrevê-la em outra categoria que feche com o guia de estilo adotado por cada concurso.
QUE A FONTE NUNCA SEQUE!