Cuidados no transporte de cervejas
Voos domésticos, voos internacionais, bagagem de mão, despacho de bagagem... CERVEJA! Existem regras para transportar cerveja em avião? Varia se for voo nacional ou internacional? Até quantos mL é permitido carregar como bagagem de mão? E se despachar? A jornalista e sommelier de cervejas Daiane Colla nos ajuda a esclarecer algumas dúvidas.
Experiência em transportar cerveja, tanto em voos nacionais quanto internacionais, é o que não falta para Daiane. Ela, inclusive, criou em 2017 o projeto Cerveja na Mala, junto com a colega de profissão Fernanda Meybom. As sommeliers de cerveja compartilham cerveja e conhecimento em encontros esporádicos com os fãs da bebida. “O Cerveja na Mala surgiu em 2017, quando reparei que minha adega — basicamente alimentada por garrafas compradas em viagens — estava ficando cada vez mais cheia. Os encontros possuem sempre um tema e cervejas novas, contando com edições limitadas e, principalmente, rótulos que não são encontrados no Brasil. A grande maioria dos rótulos são belgas e norte-americanos, mas já rolaram cervejas da Holanda e Inglaterra nas degustações”, conta.
Com um vasto conhecimento sobre o assunto, Daiane explica que as bebidas que mais requerem cuidados são, com certeza, as cervejas vivas. Pela necessidade de ficarem na geladeira devido a não terem passado pelo processo de pasteurização, o ideal é mantê-las em resfriamento até a hora de ir para o aeroporto, mesmo que esses espaços sejam refrigerados e ajudem a manter uma temperatura adequada para que elas não sofram tanto na viagem. Além disso, é fundamental que se dê preferência para garrafas pequenas e latas, pois elas pesam menos do que garrafas de 750 mL.
Voos domésticos
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), bebidas com percentual alcoólico de até 70% são permitidas na bagagem de mão se armazenadas em embalagem de varejo. Cada volume deve conter, no máximo, 1 L, não excedendo o total de cinco volumes por passageiro. Portanto, a jornalista explica que é comum que growlers de cerveja sejam barrados em aeroportos, justamente por não conterem embalagem de varejo. Em voos nacionais, se a bebida tiver um teor alcoólico menor que 24% (que é o caso da cerveja), não há limites de garrafa na bagagem despachada, mas o recipiente precisa ter até 1 L e, igualmente, armazenado em embalagem de varejo. Deve-se também sempre respeitar a franquia de bagagem da companhia aérea, que, atualmente, é de, no máximo, 23 kg por bagagem despachada.
Daiane ressalta as regras referentes à porcentagem de teor alcoólico: “O Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 175 proíbe, em qualquer hipótese e quantidade, o transporte de bebidas com teor alcoólico superior a 70%, independentemente de terem sido adquiridas em free shops ou de serem transportadas na bagagem de mão ou despachadas”.
Forre o fundo da mala com roupas. Calças, blusas e casacos costumam fazer mais volume e ajudam a deixar a camada mais grossa Latas podem ser enroladas
em camisetas Depois de forrar o fundo, é só posicionar as latas. Sacos protetores encontrados em
lojas de bebidas e free shops têm vedação especial e garantem que o líquido, caso vaze, não comprometa
os demais objetos da bagagem. Usa-se sempre duas fraldas descartáveis por garrafa. Uma para proteger o fundo e outra para proteger a garganta Depois de embalar as garrafas, posicione-as na mala com uma pequena
distância de segurança. Coloque mais roupas para fazer uma nova camada Sacola com divisórias é ideal para transportar bebidas como bagagem de mão. Existem empresas que produzem
modelos personalizados. Outra forma de proteger as garrafas para transporte em bagagem de mão, elas ficam mais seguras e nao fazem barulho
Voos internacionais
Daiane afirma que o transporte de latas e garrafas na bagagem de mão em voos internacionais é proibido. Em cima, junto com o passageiro, em voos internacionais, só é permitido o transporte de líquidos em frascos de até 100 mL. Garrafas e latas de cerveja só podem ser levadas se forem adquiridas em free shops ou a bordo da aeronave, e estes até podem passar os 100 mL citados anteriormente, desde que dispostos em embalagens plásticas seladas e padronizadas, com o recibo de compra à mostra.
“Já para despachar, cada país tem as suas regras. Mas, se você está chegando ao Brasil em um voo internacional, saiba que cada passageiro adulto tem direito a entrar com 12 L de bebida alcóolica sem imposto. Note que o limite é de 12 L e não 12 garrafas ou latas. Assim, se a garrafa possuir 750 mL, é possível trazer 16 garrafas sem a cobrança de imposto. Também é importante lembrar que as bebidas contam para a cota de compras isentas no exterior, que hoje é de US$ 500. Logo, é preciso que as 16 garrafas (ou quantas forem) somadas às demais compras estejam abaixo desse valor para haver isenção”, explica Daiane.
Além da cota de isenção de US$ 500 para as compras no exterior, os passageiros têm ainda uma cota de mil dólares em compras no Duty Free da chegada. Dentro desse valor, é possível trazer até 24 unidades de bebidas alcoólicas, observado a quantidade máxima de 12 unidades por tipo de bebida. “Note que aqui a norma não fala em litros, e sim em unidades. Assim, se a garrafa possuir menos de 1 L, não será possível trazer mais unidades. E como os limites são somados, o passageiro pode trazer os 12 L na cota de compras isentas no exterior mais 24 unidades no Duty Free”, destaca a sommelier de cerveja.
Por fim, Daiane ressalta que, caso o voo doméstico esteja na mesma reserva do voo internacional, será possível despachar os 12 L da cota de isenção internacional. “Porém se a sua reserva for separada, só mesmo com a boa vontade do agente que lhe atender, pois vale a regra dos 5 L permitidos em voos domésticos”, finaliza.
Com 32 anos, de Curitiba/PR, Junior fez os cursos de Gastronomia Internacional e de chef no Senac e Espaço Gourmet, respectivamente.
Hoje ele também escreve sobre o tema para revistas como Clube do Malte e Bonapetit e para os portais Curitiba Honesta e Beer Art, Trilhas & Sabores e Salsa Birra. Os primeiros contatos gastronômicos aconteceram no Exército, há 15 anos, quando cozinhava mais de 500 refeições diárias. Nessa época, participou de um campeonato mundial na academia da Polícia Militar de Curitiba, cozinhando para mais de 35 países participantes, envolvendo mais de duas mil pessoas. Após seis anos, surgiu a vontade de ter contato com a alta gastronomia, pratos internacionais e história gastronômica, quando acabou saindo do Exército.
Cozinhas e cerveja
Depois disso, experiências em cozinhas diferenciadas: trabalhou no Lisboa Gastronomia, restaurante de família portu- guesa, onde destaca bacalhau, truta da serra e côngrio-rosa como alguns dos melhores pratos servidos. Também teve contato com a cozinha clássica italiana no Maccheroni Trattoria, francesa no La Varenne e japonesa no Azuki. Já a iniciação com a cerveja artesanal se deu quando foi para a cervejaria curitibana Maniacs, onde elaborava receitas com cerveja. “Fazia testes com vários estilos de cerveja e adaptava/substituía receitas clássicas que levam conhaque, cachaça ou rum por Sour, Tripel e Quadrupel.”
Referências e preferências
“Minhas influências são Paul Bocuse, que citou: ‘clássica ou moderna, há apenas uma cozinha, a boa’”, diz, acrescentando que outra referência, e pela qual tem grande admiração, é Massimo Bottura, “por misturar arte e gastronomia, deixando os pratos menos monocromáticos.” Surf and Turf é um dos pratos que mais gosta de cozinhar, combinando frutos do mar com a proteína da carne. Outra paixão é a carne assada, principalmente com o crescimento de cortes novos na última década. T-Bone e ancho são os seus favoritos, revela.
Ele lembra que sua ligação com a cerveja surgiu antes da expansão das cervejarias em Curitiba. “Pensei em substituir o shoyo do yakisoba por uma cerveja de malte torrado. Quando conheci as Stouts com pimentas, logo preparei e o resultado ficou surpreendente. Comecei a participar de degustações guiadas, visitas a cervejarias, receber cervejas de cervejeiros caseiros e até cervejas do Nordeste para harmonização e preparo de pratos com cerveja na composição.”