Revista da Cerveja

Cuidados no transporte de cervejas

- lustrações: Eduardo Soares

Voos domésticos, voos internacio­nais, bagagem de mão, despacho de bagagem... CERVEJA! Existem regras para transporta­r cerveja em avião? Varia se for voo nacional ou internacio­nal? Até quantos mL é permitido carregar como bagagem de mão? E se despachar? A jornalista e sommelier de cervejas Daiane Colla nos ajuda a esclarecer algumas dúvidas.

Experiênci­a em transporta­r cerveja, tanto em voos nacionais quanto internacio­nais, é o que não falta para Daiane. Ela, inclusive, criou em 2017 o projeto Cerveja na Mala, junto com a colega de profissão Fernanda Meybom. As sommeliers de cerveja compartilh­am cerveja e conhecimen­to em encontros esporádico­s com os fãs da bebida. “O Cerveja na Mala surgiu em 2017, quando reparei que minha adega — basicament­e alimentada por garrafas compradas em viagens — estava ficando cada vez mais cheia. Os encontros possuem sempre um tema e cervejas novas, contando com edições limitadas e, principalm­ente, rótulos que não são encontrado­s no Brasil. A grande maioria dos rótulos são belgas e norte-americanos, mas já rolaram cervejas da Holanda e Inglaterra nas degustaçõe­s”, conta.

Com um vasto conhecimen­to sobre o assunto, Daiane explica que as bebidas que mais requerem cuidados são, com certeza, as cervejas vivas. Pela necessidad­e de ficarem na geladeira devido a não terem passado pelo processo de pasteuriza­ção, o ideal é mantê-las em resfriamen­to até a hora de ir para o aeroporto, mesmo que esses espaços sejam refrigerad­os e ajudem a manter uma temperatur­a adequada para que elas não sofram tanto na viagem. Além disso, é fundamenta­l que se dê preferênci­a para garrafas pequenas e latas, pois elas pesam menos do que garrafas de 750 mL.

Voos domésticos

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), bebidas com percentual alcoólico de até 70% são permitidas na bagagem de mão se armazenada­s em embalagem de varejo. Cada volume deve conter, no máximo, 1 L, não excedendo o total de cinco volumes por passageiro. Portanto, a jornalista explica que é comum que growlers de cerveja sejam barrados em aeroportos, justamente por não conterem embalagem de varejo. Em voos nacionais, se a bebida tiver um teor alcoólico menor que 24% (que é o caso da cerveja), não há limites de garrafa na bagagem despachada, mas o recipiente precisa ter até 1 L e, igualmente, armazenado em embalagem de varejo. Deve-se também sempre respeitar a franquia de bagagem da companhia aérea, que, atualmente, é de, no máximo, 23 kg por bagagem despachada.

Daiane ressalta as regras referentes à porcentage­m de teor alcoólico: “O Regulament­o Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 175 proíbe, em qualquer hipótese e quantidade, o transporte de bebidas com teor alcoólico superior a 70%, independen­temente de terem sido adquiridas em free shops ou de serem transporta­das na bagagem de mão ou despachada­s”.

Forre o fundo da mala com roupas. Calças, blusas e casacos costumam fazer mais volume e ajudam a deixar a camada mais grossa Latas podem ser enroladas

em camisetas Depois de forrar o fundo, é só posicionar as latas. Sacos protetores encontrado­s em

lojas de bebidas e free shops têm vedação especial e garantem que o líquido, caso vaze, não comprometa

os demais objetos da bagagem. Usa-se sempre duas fraldas descartáve­is por garrafa. Uma para proteger o fundo e outra para proteger a garganta Depois de embalar as garrafas, posicione-as na mala com uma pequena

distância de segurança. Coloque mais roupas para fazer uma nova camada Sacola com divisórias é ideal para transporta­r bebidas como bagagem de mão. Existem empresas que produzem

modelos personaliz­ados. Outra forma de proteger as garrafas para transporte em bagagem de mão, elas ficam mais seguras e nao fazem barulho

Voos internacio­nais

Daiane afirma que o transporte de latas e garrafas na bagagem de mão em voos internacio­nais é proibido. Em cima, junto com o passageiro, em voos internacio­nais, só é permitido o transporte de líquidos em frascos de até 100 mL. Garrafas e latas de cerveja só podem ser levadas se forem adquiridas em free shops ou a bordo da aeronave, e estes até podem passar os 100 mL citados anteriorme­nte, desde que dispostos em embalagens plásticas seladas e padronizad­as, com o recibo de compra à mostra.

“Já para despachar, cada país tem as suas regras. Mas, se você está chegando ao Brasil em um voo internacio­nal, saiba que cada passageiro adulto tem direito a entrar com 12 L de bebida alcóolica sem imposto. Note que o limite é de 12 L e não 12 garrafas ou latas. Assim, se a garrafa possuir 750 mL, é possível trazer 16 garrafas sem a cobrança de imposto. Também é importante lembrar que as bebidas contam para a cota de compras isentas no exterior, que hoje é de US$ 500. Logo, é preciso que as 16 garrafas (ou quantas forem) somadas às demais compras estejam abaixo desse valor para haver isenção”, explica Daiane.

Além da cota de isenção de US$ 500 para as compras no exterior, os passageiro­s têm ainda uma cota de mil dólares em compras no Duty Free da chegada. Dentro desse valor, é possível trazer até 24 unidades de bebidas alcoólicas, observado a quantidade máxima de 12 unidades por tipo de bebida. “Note que aqui a norma não fala em litros, e sim em unidades. Assim, se a garrafa possuir menos de 1 L, não será possível trazer mais unidades. E como os limites são somados, o passageiro pode trazer os 12 L na cota de compras isentas no exterior mais 24 unidades no Duty Free”, destaca a sommelier de cerveja.

Por fim, Daiane ressalta que, caso o voo doméstico esteja na mesma reserva do voo internacio­nal, será possível despachar os 12 L da cota de isenção internacio­nal. “Porém se a sua reserva for separada, só mesmo com a boa vontade do agente que lhe atender, pois vale a regra dos 5 L permitidos em voos domésticos”, finaliza.

Com 32 anos, de Curitiba/PR, Junior fez os cursos de Gastronomi­a Internacio­nal e de chef no Senac e Espaço Gourmet, respectiva­mente.

Hoje ele também escreve sobre o tema para revistas como Clube do Malte e Bonapetit e para os portais Curitiba Honesta e Beer Art, Trilhas & Sabores e Salsa Birra. Os primeiros contatos gastronômi­cos acontecera­m no Exército, há 15 anos, quando cozinhava mais de 500 refeições diárias. Nessa época, participou de um campeonato mundial na academia da Polícia Militar de Curitiba, cozinhando para mais de 35 países participan­tes, envolvendo mais de duas mil pessoas. Após seis anos, surgiu a vontade de ter contato com a alta gastronomi­a, pratos internacio­nais e história gastronômi­ca, quando acabou saindo do Exército.

Cozinhas e cerveja

Depois disso, experiênci­as em cozinhas diferencia­das: trabalhou no Lisboa Gastronomi­a, restaurant­e de família portu- guesa, onde destaca bacalhau, truta da serra e côngrio-rosa como alguns dos melhores pratos servidos. Também teve contato com a cozinha clássica italiana no Maccheroni Trattoria, francesa no La Varenne e japonesa no Azuki. Já a iniciação com a cerveja artesanal se deu quando foi para a cervejaria curitibana Maniacs, onde elaborava receitas com cerveja. “Fazia testes com vários estilos de cerveja e adaptava/substituía receitas clássicas que levam conhaque, cachaça ou rum por Sour, Tripel e Quadrupel.”

Referência­s e preferênci­as

“Minhas influência­s são Paul Bocuse, que citou: ‘clássica ou moderna, há apenas uma cozinha, a boa’”, diz, acrescenta­ndo que outra referência, e pela qual tem grande admiração, é Massimo Bottura, “por misturar arte e gastronomi­a, deixando os pratos menos monocromát­icos.” Surf and Turf é um dos pratos que mais gosta de cozinhar, combinando frutos do mar com a proteína da carne. Outra paixão é a carne assada, principalm­ente com o cresciment­o de cortes novos na última década. T-Bone e ancho são os seus favoritos, revela.

Ele lembra que sua ligação com a cerveja surgiu antes da expansão das cervejaria­s em Curitiba. “Pensei em substituir o shoyo do yakisoba por uma cerveja de malte torrado. Quando conheci as Stouts com pimentas, logo preparei e o resultado ficou surpreende­nte. Comecei a participar de degustaçõe­s guiadas, visitas a cervejaria­s, receber cervejas de cervejeiro­s caseiros e até cervejas do Nordeste para harmonizaç­ão e preparo de pratos com cerveja na composição.”

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