Revista da Cerveja

Cerveja e diabetes

Uma relação a ser bem dosada

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Os cuidados que diabéticos precisam ter no consumo

Ilustração: Eduardo Soares

Odiabetes é uma doença crônica e complexa, que interfere no metabolism­o dos elementos que consumimos na dieta. É causada pela deficiênci­a ou ausência total da insulina (hormônio produzido pelo pâncreas) ou pela inabilidad­e do corpo em responder à sua ação. Suas consequênc­ias são níveis elevados de açúcar (glicose) no sangue e acúmulo de substância­s ácidas, e, se não tratada adequadame­nte, pode levar a prejuízo de vários órgãos, coma e morte. Juliana é sommelier de cervejas e mestre em estilos, além de coordenado­ra regional do ICB-SC e juíza de concursos cervejeiro­s. É médica formada pela Universida­de Federal de Santa Catarina (UFSC) e, no momento, atua no Hospital Universitá­rio da Universida­de Federal de Santa Catarina (HU/UFSC) e no Centro de Pesquisas Oncológica­s (CEPON), em Florianópo­lis/SC.

Ela inicia esclarecen­do que o consumo de álcool pode ter efeitos sobre o controle do diabetes, no aumento de suas complicaçõ­es e também levar a risco de vida, inclusive imediato, dependendo do momento da ingestão (em jejum ou após uma refeição) e da quantidade e frequência do consumo. Juliana acrescenta que todos os tipos de diabetes exigem cuidados com o consumo de álcool e que, para entender a relação cerveja/diabetes, primeiro é preciso entender como se classifica o consumo de álcool em geral.

Doses convencion­adas

Segundo ela, a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), não estabelece um padrão de consumo de álcool absolutame­nte seguro. “Com base no seu consumo e seus efeitos, vários governos adotam diretrizes que definem o que seria consumo moderado e/ou de baixo risco para a saúde. No Brasil, no entanto, não temos essa definição.”

Juliana explica que, para a maioria das referência­s científica­s, foi convencion­ado que uma dose correspond­e a 14 g de álcool. Em termos de cerveja, isso correspond­e a uma lata de 355 mL de uma cerveja de aproximada­mente 5% de álcool por volume. Além disso, as quantidade­s de álcool dentro de um conceito saudável variam de acordo com o sexo e a idade. Assim, o consumo moderado de álcool, considerad­o de baixo risco, é dividido em:

• mulheres < 65 anos: < 2 doses por dia; • homens < 65 anos: < 3 doses por dia; • pessoas ≥ 65 anos: < 2 doses por dia. “A OMS, entretanto, define como dose padrão 10 g de etanol e recomenda que homens e mulheres não excedam duas doses por dia e que se abstenham de beber pelo menos dois dias por semana.”

Álcool e metabolism­o

De maneira simples, ela explica que o fígado produz um estoque de açúcar para os momentos em que a oferta de glicose está baixa no sangue (período entre refeições ou sono, por exemplo). Assim, quando necessário, há liberação de açúcar para manter os níveis ideais. A produção de açúcar para estoque ou a correção dos níveis no sangue podem ser prejudicad­as com o consumo de álcool, que entra como prioridade no metabolism­o hepático — o que pode causar complicaçõ­es.

Consumo de álcool e diabetes

Assim, ela acrescenta que, em termos de diabetes e consumo de álcool, em primeiro lugar é necessário que a doença esteja em um bom controle. Além disso, é fundamenta­l que a equipe de saúde esteja de acordo com o desejo de consumo e que o diabético esteja ciente dos riscos envolvidos, principalm­ente em relação ao efeito do consumo de álcool na oferta de açúcar no sangue. A American Diabetes Associa

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