Marco Aurélio Dal Mas e Serra Inox
No caminho da automação
Diretor da Serra Inox compartilha a sua história.
Uma empresa jovem, situada em Bento Gonçalves/RS, proeminente cidade da Serra Gaúcha, a Serra Inox foi criada em 2011. Hoje desponta como uma das principais marcas de fabricantes de máquinas e equipamentos cervejeiros. Tudo começou com Marco Aurélio Dal Mas, nascido em 1981, hoje diretor comercial e administrativo da empresa, um técnico-mecânico que chegou a cursar Engenharia de Produção, mas acabou se dedicando exclusivamente à empresa. Para ele, o que marca a Serra Inox, em fase de expansão internacional, é a inovação.
Como começou o seu envolvimento com a cerveja artesanal e como surgiu a Serra Inox?
Tudo começou com o fato de eu querer fazer a minha própria cerveja, fazendo meus próprios equipamentos para começar a produzir. Antes da Serra Inox, eu trabalhava com venda de aço, atendendo a algumas metalúrgicas. Mas eu vendia matéria-prima, na verdade. Comecei a pesquisar como produzir os equipamentos para fabricação de cerveja em pequena escala. Então a ideia surgiu no final de 2010, também para colocar esses equipamentos que já se fazia no mercado. Em 2011, surgiu a empresa e, em seguida, já fomos para feiras, como a Brasil Brau, em São Paulo/SP. E os produtos começaram a crescer. Eu já tinha estudado os grandes [equipamentos] para começar a fazer os pequenos.
Por que a opção por um negócio de equipamentos?
Porque, na verdade, a Serra Gaúcha é um polo de aço e inox, que começou por causa do vinho e do leite. E eu acreditava muito mais na cerveja do que em qualquer outro ramo, por ser uma bebida popular e ter uma posição muito melhor de mercado. Eu via este nicho como o ideal.
O processo de construção foi meio na cara e na coragem. Meu sócio da época, Miguel Gemelli, e eu decidimos e resolvemos botar no mercado, no entusiasmo, vendo que o mercado ia crescer. Alugamos um pavilhão, foi nossa primeira sede. E já na Brasil Brau de 2011 conseguimos fechar pedidos e isso nos deu força para acreditar que a gente estava no caminho certo. Depois o Miguel saiu da sociedade, mas continua como meu fornecedor até hoje. Mas foi basicamente isto: coragem e vontade de vencer.
Fale um pouco sobre os equipamentos. Como eles foram pensados para as necessidades dos cervejeiros?
A Serra Inox oferece todos os equipamentos que fazem parte do processo produtivo da cerveja. Começa na moagem e no cozimento do grão, na fabricação do mosto cervejeiro, passa pela fermentação, maturação, envase, lavagem de barris, filtração e pasteurização de cerveja. Produzimos produtos para esses processos, em várias salas e tamanhos. Começamos com salas de fabricação de 50 L até salas de até 10 mil L em tanques de 50 L até 60 mil L. Eles são pensados com a melhor forma e características que possam atender ao cervejeiro, diretamente pelo feedback dos nossos clientes, com quem nós temos uma relação muito grande. Surgiu uma nova necessidade, uma nova tendência de mercado — a Serra Inox vai se adaptar, conforme a necessidade do cliente. Então tem muito do projeto que é desenvolvido em parceria com o cliente, e depois é replicado para outros. A nossa engenharia busca informações no mercado externo, em feiras internacionais. Mas eu posso dizer que o nosso grande trunfo é trabalhar com o feedback e as necessidades dos microcervejeiros, que são fundamentais para o desenvolvimento dos nossos produtos.
Algum exemplo de equipamentos desenvolvidos assim?
Ah, são muitas coisas. Por exemplo, há 10 anos a gente fazia um tanque em cada 10 com entrada para dry hopping. Hoje fazemos nove tanques para cada 10 com esse recurso, porque o mercado foi maturando, o formato da cerveja foi mudando, crescendo a necessidade dos clientes de lupular mais a cerveja. O flash pasteurizador, por exemplo, vem de uma necessidade de ter uma pasteurização muito mais rápida e eficiente. Não existia no mercado uma empresa que fizesse esse equipamento. E várias outras pequenas mudanças, como misturadores de sais nas brassagens, polimento interno dos tanques de fermentação, para ter uma fermentação e sanitização mais eficientes. Essas coisas, os clientes começaram a pedir e hoje estão em linha.
Qual o propósito da empresa, em relação ao mercado cervejeiro?
Basicamente, é ser a empresa com maior relacionamento com os clientes, trazendo o maior número de inovações que atendam ao mercado cervejeiro. O meu trabalho é na área comercial e administrativa, desde o início, mas aqui faz-se de tudo um pouco. Desde 2011, foi uma caminhada árdua — empreender no Brasil não é uma tarefa muito fácil. É muito trabalho, envolvimento e muita participação com o mercado, mas toda caminhada deixa um rastro, e acredito que o nosso seja realmente bonito.
Nesse período, quais foram os prin·Ýē§Ýĝ ½Äĝ§Ōăĝ ĕĬÄ ĺă·È ÄúÒĖÄúĦăĬ como diretor?
São os desafios econômicos e as mudanças cambiais a todo momento que influenciam diretamente nas matérias-primas, nos equipamentos, além do desafio de empreender, de contratar pessoas, formar uma boa equipe. E o surgimento de várias empresas, que querem surfar nessa onda com pouca qualificação. No Brasil, para encarar o empreendedorismo, tem que ter muita coragem. Desde a fundação para cá, mudaram muitas coisas: a questão organizacional da empresa, os processos, número de equipamentos entregues, as pessoas envolvidas. Hoje a empresa é cinco vezes maior do que era. Começamos com um portfólio de cinco a 10 produtos e hoje nós temos, com todas as variações que os produtos podem ter, mais de 200, com infinitas customizações. Este é o nosso grande trunfo: poder customizar, entregar o que o proprietário da cervejaria necessita. Então, hoje, cada projeto tem a sua particularidade específica para a necessidade do cliente, de pequenas a grandes cervejarias.
EXPORTAÇÃO E CRIAÇÕES
A Serra Inox é uma das principais empresas de fornecimento de equipamentos. A que se deve isso?
Relacionamento com o mercado, comprometimento de entrega, de parceria, de ouvir os clientes, e qualidade no que fazemos. A minha visão é a mesma do início: vivemos num país em grande parte tropical, onde temos a cerveja como uma bebida muito popular com largo consumo. Nessa realidade, a cerveja artesanal tem muito mercado para crescer, um mercado que dá, sim, preferência para os equipamentos nacionais, mas muitos deles são muito ruins. Então, muita gente que está começando, analisa uma diferença de preços e não consegue ter uma percepção de qualidade.
Em relação ao mercado externo, como ele é visto?
Nós já tínhamos vendido produtos soltos, um equipamento ou outro para fora, acabamos de montar a primeira planta completa no Uruguai. Também vejo um mercado [externo] muito grande, carente de qualidade. Porque, no exterior, aí sim, nós temos uma concorrência bem forte, com equipamentos chineses muito ruins.
A nossa planta é localizada em Montevidéu com uma capacidade instalada de 50 mil L/mês, e vai servir de incubadora para outras cervejarias uruguaias. Vai ser um divisor de águas no Uruguai, porque lá não existe uma planta assim, com tanta tecnologia embarcada. Vale ressaltar que, na Serra Inox, a gente investe muito na questão da automação, para, cada vez mais, profissionalizar o mercado e buscar mais qualidade nos processos cervejeiros e de controles. Essa planta tem um nível de automação bem grande, onde os proprietários vão poder fazer controle à distância, pelo celular, uma tecnologia desenvolvida pela Serra Inox.
Por que a escolha do Uruguai?
Escolhemos ir para lá porque trabalhar no Uruguai ou na Argentina é tão próximo como trabalhar no Brasil. Ir de Bento Gonçalves a Montevidéu é mais próximo do que ir a São Paulo. Então outro trunfo nosso é um pós-venda muito atuante. E quanto mais perto, conseguimos fazer isso melhor e com mais facilidade. Temos um representante no Uruguai que é muito competente.
qĬ§ò § ĖÄÒÄĖÈú·Ý§ ú§ ÙăĖ§ ½Ä ·ĖݧĖ úăĺăĝ equipamentos?
Em termos de pensar os equipamentos, a gente sempre olhou muito para a qualidade construtiva e tempo de mercado da Europa — Alemanha, principalmente. Então sempre buscamos referência de mercado de lá. Mas nós temos uma linha bem específica que é para o mercado brasileiro. Assim, nós vamos explorar um outro mercado, temos que fazer adequações. Cada local tem uma escola cervejei
ra, uma maneira de produção, com diferenciais no equipamento. Quanto ao mercado, onde gostaríamos de entrar é no mercado do América do Norte, porque 17% do que é produzido no mundo vai para lá, e porque lá a cerveja artesanal também tem um volume de venda bem mais considerável do que o de outros mercados, está bem mais consolidado. Essa diferença cambial nos deixa competitivos.
Como está sendo enfrentar este momento de crise?
Está bem difícil, porque os nossos clientes foram diretamente impactados. Hoje são muitos pubs e muitas cervejarias fechadas, devido a legislações locais, de contenção de público e tudo mais. E ainda o fato de não existirem eventos, onde o consumo de cervejas artesanais tem um grande volume. O que estamos fazendo para enfrentar, nesse momento, é nos aproximarmos mais dos clientes, ajudar na divulgação dos canais de atendimentos que eles estão buscando, como take away e delivery. Mas vemos que aqueles que estão mais estruturados em equipamentos vão retomar com maior vigor. Vai ser um momento em que vai ter redução de quadro, e de se reinventar — nem tanto na cerveja, porque temos cada vez mais cervejas melhores no mercado. Também acho que vai vir muita inovação e cervejas boas pela frente, com tantos profissionais parados em casa. Mas vai ter que existir uma reinvenção também no formato de comercialização e de relacionamento com o cliente final, e novas maneiras de entrega e consumo.
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Sobre a Serra Inox, a palavra que nos define é inovação. Hoje ela é a fabricante que mais se envolve em tecnologia de automação para ter processos cervejeiros mais eficazes, como um todo. Convidamos todos a conhecer as soluções que temos, do pequeno ao grande cervejeiro.
"Hoje a empresa é cinco vezes maior do que era. Começamos com um portfólio de cinco a 10 produtos e hoje nós temos, com todas as variações que os produtos podem ter, mais de 200, ·ăù ÝúŌúÝĦ§ĝ ·Ĭĝtomizações. Este é o nosso grande trunfo: poder customizar, entregar o que o proprietário da cervejaria necessita. Então, hoje, cada projeto tem a sua particuò§Ėݽ§½Ä ÄĝēÄ·ßŌca para a necessidade do cliente, de pequenas a grandes cervejarias."