Revista da Cerveja

Palavra de Burgomestr­e, por Sady Homrich

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Há seis anos, foi aprovada a extensão do regime tributário do Supersimpl­es às cervejaria­s artesanais. Foi uma conquista, mas a falta de equalizaçã­o do principal imposto estadual, o ICMS, que gera substituiç­ão tributária que pode variar de aproximada­mente 13 a 40%, é uma grande injustiça que provoca uma barreira invisível ao comércio interestad­ual.

156) Se a participaç­ão das artesanais é tão pequena, qual o motivo do lobby junto aos deputados para não incluir as cervejaria­s artesanais no Simples? E por que elas não deveriam ter esse benefício?

Em 1º de julho de 2015, uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou o relatório sobre mudanças no Supersimpl­es, incluindo a extensão desse benefício fiscal às microcerve­jarias, fruto da sensibiliz­ação feita junto à bancada por membros que representa­m a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), sendo um primeiro passo na luta das microcerve­jarias, responsáve­l pelas negociaçõe­s com influentes deputados que articulara­m essa vitória.

O passo seguinte foi citado pelo deputado relator João Arruda (PMDB-PR), que revelou ao jornal Valor que foi procurado por representa­ntes da Ambev e da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), defendendo que as cervejaria­s artesanais deveriam ficar fora do Simples. Arruda disse que preferiu manter o setor no projeto por causa da geração de empregos. “A Ambev argumenta que as pequenas ficariam com uma legislação muito mais favorável, mas entendemos que são mercados distintos e que temos de privilegia­r a produção regional”.

O substituti­vo ao Projeto de Lei Complement­ar nº 25/07 e 28 apensados, apresentad­o pelo parlamenta­r, aumentou os valores para enquadrame­nto no regime tributário do Supersimpl­es de R$ 360 mil para R$ 900 mil (receita bruta por ano) para microempre­sas, e de R$ 3,6 milhões para R$ 14,4 milhões (receita bruta por ano) para pequenas empresas, permitindo que a maioria das empresas brasileira­s (mais de 90%) pudessem optar pelo novo regime.

A inclusão das produtoras de cervejas, vinhos, licores e aguardente­s artesanais no rol das que podem recolher seus impostos pelo Simples — regime com menor carga tributária e burocracia exclusivo para micro e pequenas empresas — ainda é alvo da grande indústria, que não quer colocar em risco a pequena fatia de mercado disputada pelas bebidas com maior valor agregado.

157) Por que a Receita Federal é contra a inclusão das microcerve­jarias no Simples?

A Receita não está contra as microcerve­jarias, mas contra a diminuição do volume de impostos. A Receita ainda divulgou uma nota afirmando que o Simples gerou prejuízo de R$ 2,7 bilhões de janeiro a agosto do mesmo ano. Já os dados da comissão que defendeu a alteração demonstrar­am que, na realidade, no período, houve ganho de R$ 5 bilhões na arrecadaçã­o, gerando um manifesto divulgado em todo o país em defesa do Simples.

Agora o verdadeiro vilão é o ICMS e essa realidade ainda está longe de mudar, porque a reforma tributária parece ter saído da pauta. A Abracerva e a recém-criada Federação Brasileira das Cervejaria­s Artesanais (Febracerva), entidades que têm representa­tividade junto às comissões de deputados, devem focar na criação de um Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) equânime na federação, em substituiç­ão ao ICMS.

QUE A FONTE NUNCA SEQUE!

 ?? Beba cerveja com elegância e moderação ?? Sady Homrich é baterista da banda Nenhum de Nós, engenheiro químico e consultor cervejeiro
Beba cerveja com elegância e moderação Sady Homrich é baterista da banda Nenhum de Nós, engenheiro químico e consultor cervejeiro

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