Espaço Abracerva
AAbracerva, com o intuito de qualificar e quantificar os impactos da pandemia de Covid-19, promoveu uma pesquisa aberta ao mercado — cervejarias, bares, distribuidores e demais players — entre os dias 18/03/21 e 05/04/21. Os dados foram coletados, tratados e apresentados no dia 03/05/21 no congresso “Força Cervejeira”, em parceria com a Bräu Akademie. Os principais temas abordados foram: variação de empregos diretos, auxílio governamental nas diversas esferas, dívidas tributárias, benefícios fiscais, problemas com estoques, dificuldades de obter insumos cervejeiros, comportamento da produção mensal, estratégias de escoamento, risco de fechamento em 2021, entre outras.
A pesquisa obteve 125 respostas, distribuídas em quatro das cinco regiões do Brasil — a Região Norte foi a única sem nenhum dado. Cervejarias e brewpubs representaram 65% das respostas, seguido por 21% de cervejarias ciganas e 14% dos demais negócios (bares, restaurantes, distribuidores, etc.). Usando como base o anuário 2020 do Mapa, o qual apontou a existência de 1.383 cervejarias (exclusive ciganos), a pesquisa abrangeu em torno de 6% do total de cervejarias, proporcionalmente mais respostas da região Nordeste (15%) e Centro Oeste (13%). 94% dos negócios estão enquadrados no Simples Nacional.
Perda de empregos diretos
Segundo os dados da pesquisa, a redução média do quadro de funcionários devido à pandemia foi de 35%, com maior ênfase na região Sul (-42%) e menor na região Centro-Oeste (-26%).
Auxílio governamental
O grande destaque — porém insuficiente, como apontado nos campos livres da pesquisa — foi a postergação do pagamento do Simples Nacional e a edição da MP para redução de jornada de trabalho. Menos de 10% dos participantes obtiveram acesso às modalidades de crédito subsidiado (ex.: Pronampe).
Passivo tributário
26% dos entrevistados indicaram que possuem dívida tributária ativa e quase metade (44%) não está cumprindo o acordo de parcelamento. 62% dos participantes responderam que tiveram dificuldades em pagar tributos durante a pandemia.
Benefícios fiscais
A grande maioria dos participantes respondeu que não tem nenhum tipo de benefício fiscal em seu estado, com poucas exceções — crédito presumido de ICMS no RS, redução do MVA em ES e RJ.
Estoques e insumos cervejeiros
Impressionantes 80% confirmaram que tiveram algum tipo de prejuízo com estoques, sejam devoluções, validade expirada, entre outros problemas. 70% enfrentaram dificuldades em adquirir garrafas, em torno de 45% tiveram problemas com aquisição de malte e lúpulo, 33% para latas e caixas.
Comportamento da capacidade instalada
A capacidade instalada dos entrevistados girava em torno de 65% antes de março de 2020. Ela decresceu rapidamente, atingindo 18% já em abril/maio, crescendo gradativamente até atingir 64% em novembro/20 para então se comportar de forma parecida (23% em fevereiro/21) com o recrudescimento da pandemia.
Estratégias e canais de venda
Destaque para o delivery próprio, com 42% dos entrevistados afirmando que iniciaram esse modelo por causa da pandemia, seguido por delivery por app (32%) e take away (25%). 31% relataram que o delivery próprio deu retorno como estratégia, ao passo que 12% afirmaram que nenhuma das estratégias funcionou. A principal mudança dos canais foi a queda (esperada) de vendas para PDVs, bares e restaurantes, de 32% para 13%.
Risco de fechar
24% afirmaram ter um risco alto de fechar em 2021, seguido por 41% que consideram o risco moderado e 35% que consideram baixo.
Por fim, os entrevistados destacaram os principais obstáculos enfrentados durante o período de crise — falta de apoio governamental, falta de acesso a crédito, restrição de circulação, fechamento dos bares, alta carga tributária, falta de previsibilidade, inflação e falta de insumos.