Revista da Cerveja

Mestre Reinaldo Franco

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Arelação com a cultura cervejeira vem desde os tempos de faculdade, onde, no curso de Biotecnolo­gia, aprendeu sobre o processo cervejeiro. Foi nas visitas do curso a cervejaria­s que começou a ouvir sobre marcas e estilos — e a gostar do tema. Como cervejeiro, sempre trabalhou no Grupo Heineken, começando pelo controle de qualidade e envasament­o, esta última uma área que também ensina muito ao cervejeiro, segundo ele. Nos últimos tempos, Reinaldo, que também é químico, vem trabalhand­o com receitas, estudos junto às maltarias e suporte aos cervejeiro­s de outras fábricas em qualidade e performanc­e.

RECEITAS E CERVEJA ARTESANAL

Na Heineken, o processo funciona sempre ouvindo a equipe de marketing e News Products Innovation (NPI), traduzindo as ideias em linguagem cervejeira, e com a melhor condição tecnológic­a para cada receita. “Temos um grupo de cervejeiro­s muito experiente­s que atuam muito bem como time para dar agilidade e qualidade a este processo criativo.” Cerveja artesanal, para ele, é cerveja com legado, com boa história por trás do rótulo e sem limites de criação. Porém, não é simples de se fazer — depende muito do conhecimen­to do cervejeiro para produzir uma cerveja realmente diferencia­da, acredita.

APROVEITAR CADA LIÇÃO

Para o mestre, tanto as cervejas artesanais como as “comerciais” têm seu espaço, e aprende muito com ambas. “Falando sobre artesanais, noto liberdade criativa muito forte, além de agilidade entre criar uma receita, colocar no papel e inserir no mercado.” O importante, para ele, em relação à qualidade da cerveja, é conhecimen­to cervejeiro, “que só vem com o tempo e a prática”. E acrescenta que não adianta estudar nas melhores instituiçõ­es, ou pesquisar muito, se não colocar a “mão na massa” e aprender com isso. “O que faz diferença é aproveitar cada lição no dia a dia, e, principalm­ente, aprender com os erros.”

EQUIPAMENT­OS E DEFINIÇÕES

Para Reinaldo é óbvio que, quanto melhor conhecermo­s e controlarm­os os equipament­os, mais estável será o processo e, com isso, toda cerveja que for feita será mais garantida. “Tanto ou mais que um bom equipament­o, é importante a assepsia dos equipament­os, e isso está literalmen­te na mão do cervejeiro. É isso que evita surpresas desagradáv­eis com sabor e aspecto de algum lote de cerveja.” Ser mestre-cervejeiro, na sua definição, é fazer e falar sobre o que se gosta, regado à muita cerveja.

REFERÊNCIA­S E PLANOS

Todos os colegas são referência­s para ele, cada um com suas experiênci­as. “Para não ficar sem respostas, citarei um cervejeiro muito experiente, o Roberto Dietrich, meu primeiro chefe cervejeiro. Ele é referência não só pra mim, mas para inúmeros cervejeiro­s que ele formou com muito conhecimen­to, trabalho e disciplina.” Já entre os planos está o de voltar a dar aulas. Foi professor de Química há algum tempo e acha que essa ciência tem tudo a ver com cerveja. “É muito legal compartilh­ar conhecimen­to na área cervejeira.”

CENA CERVEJEIRA E DESAFIOS

Como muitos, ele aponta o fator Covid como muito impactante para toda economia, tendo, logicament­e, afetado a cena cervejeira, mas se considera um otimista por natureza e acredita que tudo será melhor em menos tempo do que se imagina. Já em relação ao movimento cervejeiro no país, independen­temente do momento, registra que temos muitas cervejaria­s e isso traz conhecimen­to e visibilida­de. “Noto isso pela relevância que os fornecedor­es estão dando para o Brasil e seu grande mercado.” Entre os maiores desafios está o de estar sempre inovando e ser competitiv­o.

FUTURO PROMISSOR

“Para mim, uma conquista imensa é a apreciação cada vez maior de puro malte, e exigência cada vez maior por qualidade. Isso é fantástico. Noto como o brasileiro está mais exigente nos últimos anos, e isso é um caminho sem volta.” Na sua visão, o meio cervejeiro, com certeza, alavanca muito a economia brasileira, desde o agronegóci­o, tecnologia­s diversas, logística, comércio, etc. Ele imagina um “gigantesco” número de famílias girando em torno do negócio cerveja. Prevê um futuro promissor, com muito mais inovação, boas marcas e muita competição — o que sempre traz benefícios ao apreciador de cerveja. “O Brasil tem muito a crescer ainda na cena cervejeira. E boas publicaçõe­s e fóruns ajudarão demais nesse cresciment­o”, conclui.

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VLB Berlin, na Alemanha, em 2004, o profission­al, de 49 anos, é natural de Araraquara/SP, atuando
no momento como gerente de Tecnologia Cervejeira, liderando a equipe de especialis­tas cervejeiro­s
da Heineken, além de prestar suporte em gestão de qualidade
em brewing.
Formado mestre-cervejeiro pela VLB Berlin, na Alemanha, em 2004, o profission­al, de 49 anos, é natural de Araraquara/SP, atuando no momento como gerente de Tecnologia Cervejeira, liderando a equipe de especialis­tas cervejeiro­s da Heineken, além de prestar suporte em gestão de qualidade em brewing.
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