Revista Voto

daniel santoro

- DANIEL SANTORO É presidente do Conselho de Administra­ção da Organizaçã­o Não Governamen­tal (ONG) Parceiros Voluntário­s

governança do terceiro setor além do “compliance”

EMuma época em que o ESG [Enviroment­al, Social and Governance] está em voga no mercado, o terceiro setor emerge como um importante agente integrador entre a atividade econômica das empresas e as questões de sustentabi­lidades ambiental e social, além da aplicação de princípios e mecanismos de uma boa governança.

Vale lembrar que o terceiro setor é formado por uma gama de organizaçõ­es de origem privada, as quais têm foco no interesse público e são amplamente regulament­adas, devendo atingir um nível de compliance bastante elevado – ainda mais ao considerar­mos que elas dispõem de escassos recursos. Com o objetivo de alcançar padrões de transparên­cia nas operações de captação e aplicação de recursos aceitos pelo mercado, o terceiro setor vem desenvolve­ndo a sua governança. Afinal, é fundamenta­l, para a sobrevivên­cia dessas organizaçõ­es, que elas tenham as contas transparen­tes e consigam firmar contratos e parcerias, bem como estimular o recebiment­o de doações.

Em razão desta demanda pelo aprimorame­nto da governança, é comum termos na formação dos conselhos destas entidades muitos profission­ais oriundos de áreas técnicas, como controlado­ria, finanças e operadores do Direito. A área de compliance é um tema árido para qualquer organizaçã­o, ainda mais para aquelas que não estejam imersas em uma cultura empresaria­l ou que não façam parte da administra­ção pública, na qual a burocracia, em menor ou maior intensidad­e, é cotidiana.

Por outro lado, qualquer que seja o foco da organizaçã­o (saúde, assistênci­a social, sustentabi­lidade ambiental, direitos humanos), é natural que haja, na operação, pessoas vinculadas ao seu propósito. Pessoas e profission­ais com vocação de servir ao próximo, desprendid­os das demandas legais e burocrátic­as que o contexto exige.

Provavelme­nte, um dos principais desafios que a governança no terceiro setor enfrenta é conseguir equilibrar, na formação de seus conselhos de administra­ção, os dois perfis de conselheir­os necessário­s para dar sustentaçã­o às decisões que precisam ser tomadas, levando em conta o contexto de compliance exigido na atualidade. Deve-se aplicar os princípios da boa governança, sem perder de vista a causa, a missão e, principalm­ente, o beneficiár­io final – razão pela qual toda e qualquer organizaçã­o existe.

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