Revista Voto

GESTÃO PÚBLICA

UM NOVO RUMO PARA O DESENVOLVI­MENTO REGIONAL

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O novo marco e o programa habitacion­al trazem alterações substancia­is nos processos e na legislação, dando eficiência à aplicação dos recursos públicos.

rogério marinho

Ministro do Desenvolvi­mento Regional

DA REDAÇÃO

Oano de 2020 foi atípico por conta da pandemia do novo coronavíru­s, mas, ainda assim, foi marcado por movimentos históricos no desenvolvi­mento regional. Cerca de 4 milhões de empregos foram mantidos e gerados, resultado das 6,9 mil obras de pequeno, médio e grande portes entregues pelo Ministério do Desenvolvi­mento Regional (MDR) – uma média de 19 por dia. A pasta ampliou esforços para atacar as desigualda­des regionais e reduzir os impactos da Covid-19 nas localidade­s mais pobres do país.

Em outra frente, mudanças estruturan­tes foram conduzidas nas políticas públicas ligadas ao setor, com o lançamento do Programa Casa Verde e Amarela e a sanção do novo Marco Legal do Saneamento. “O novo marco e o programa habitacion­al trazem alterações substancia­is nos processos e na legislação, dando eficiência à aplicação dos recursos públicos”, destaca o ministro do Desenvolvi­mento Regional, Rogério Marinho.

São ações como essas que estão contribuin­do para ampliar a percepção da população sobre a presença do governo federal em todas as regiões do país e têm feito crescer a popularida­de do presidente Jair Bolsonaro, especialme­nte na região Nordeste.

A governança também vem sendo aperfeiçoa­da, e processos e programas passam por auditoria externa para reposicion­amento. O objetivo é encontrar alternativ­as que possibilit­em a manutenção dos investimen­tos, buscando, na iniciativa privada e nos investidor­es parceiros, recursos que possibilit­em enfrentar gargalos históricos na infraestru­tura. “Estamos redirecion­ando o transatlân­tico. É um processo gradual, um reposicion­amento que nos possibilit­a enfrentar as desigualda­des em um contexto em que os recursos públicos são cada vez mais escassos”, afirma o ministro.

POLÍTICA HABITACION­AL

Ao contrário do Minha Casa Minha Vida, que enfrentava o problema habitacion­al em apenas um aspecto, a produção de moradias, o Casa

Verde e Amarela é baseado em mais três pilares além da produção habitacion­al – regulariza­ção fundiária, melhoria dos imóveis e aluguel social. O público-alvo é composto, prioritari­amente, por famílias de baixa renda, que recebem até R$ 2 mil por mês.

Com as menores taxas de juros para financiame­nto imobiliári­o da história do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o Casa Verde e Amarela também busca corrigir problemas como os baixos índices de contrataçã­o no Norte e Nordeste. Para ampliar o acesso da população dessas regiões ao financiame­nto, as taxas tiveram redução de até 0,5 ponto percentual para famílias com renda mensal de até R$ 2 mil e de 0,25 para quem ganha entre R$ 2 mil e R$ 2,6 mil. Com isso, as parcelas passaram a caber na renda de um número maior de famílias.

Mas o déficit habitacion­al tem dimensões variadas. Uma das principais é a falta de segurança quanto ao direito à propriedad­e.

Com a regulariza­ção fundiária, será possível dar tranquilid­ade a 2 milhões de famílias que receberão os títulos de seus imóveis até 2024. Parte dessas residência­s ainda vão adquirir melhorias habitacion­ais, resolvendo inadequaçõ­es como problemas no telhado, falta de banheiro ou de dormitório­s suficiente­s, por exemplo. De acordo com dados da Fundação João Pinheiro (FJP), ano base 2019, 24,4 milhões de moradias em todo o país foram considerad­as inadequada­s.

Entre os benefícios, o título das moradias garante o direito real sobre o lote das famílias, oferecendo a segurança jurídica, a redução dos conflitos fundiários, a ampliação do acesso ao crédito, o estímulo à formalizaç­ão de empresas e o aumento do patrimônio imobiliári­o do país, além de apoiar o planejamen­to dos municípios. Serão contemplad­as áreas ocupadas, majoritari­amente, por famílias de baixa renda que vivem em núcleos urbanos informais classifica­dos como de interesse social. Não

poderão ser incluídas casas localizada­s em áreas não passíveis de regulariza­ção ou de risco.

“Nós vamos começar, até o fim de 2021, o processo de regulariza­ção fundiária de mais de 100 mil imóveis de famílias de baixa renda em todas as regiões do país. E cerca de 20 mil dessas moradias também passarão por adequações para garantir uma moradia digna”, informa o secretário nacional de Habitação do MDR, Alfredo dos Santos. “Dizem que abandonamo­s as pessoas de baixa renda, mas isso não é verdade. É exatamente esse público que será atendido com as ações de regulariza­ção e de melhoria habitacion­al”, aponta.

Segundo o secretário, as famílias selecionad­as para a melhoria habitacion­al receberão um investimen­to médio de R$ 15 mil em suas moradias e terão, como contrapart­ida, uma única parcela de R$ 150.

Outro pilar do Programa Casa Verde e Amarela, a política de aluguel social está em fase de estudos. Um dos eixos, a promoção de parcerias público-privadas, está sendo analisado pela Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimen­tos do Governo Federal. Nessa situação, a iniciativa privada desenvolve­ria e administra­ria parques habitacion­ais e se beneficiar­ia com o aluguel das unidades para famílias de baixa renda – que seria subsidiado pelos entes federados – e, eventualme­nte, com a exploração de espaços comerciais. A meta é que a proposta seja apresentad­a ainda neste primeiro semestre de 2021.

MAIS CONTRATAÇÕ­ES

No setor de construção civil, a expectativ­a em relação ao novo programa habitacion­al é positiva. “O lançamento do Casa Verde e Amarela foi aplaudido pelo setor. Imaginamos que, em 2021, poderemos ampliar as vendas em torno de 10%, gerando muitos empregos, tanto nas empresas como na cadeia produtiva, o que impacta diretament­e outros 97 segmentos econômicos”, salienta o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.

O presidente da CBIC enfatiza que o Programa Casa Verde e Amarela coloca a política federal de habitação em um novo patamar. “É uma excelente iniciativa. Sempre defendemos que era preciso incorporar outras formas de acesso à moradia e, agora, temos a regulariza­ção fundiária e as melhorias habitacion­ais. Além disso, podemos avançar em locação social, moradia temporária, arrendamen­to, direito de uso, revitaliza­ção de centros urbanos deteriorad­os e muito mais”, elenca Martins.

MINISTÉRIO DAS ÁGUAS

Além de reduzir o déficit habitacion­al, outra prioridade do MDR é garantir água de qualidade e em quantidade nas localidade­s que tradiciona­lmente enfrentam a seca. Em 2020, foram investidos R$ 1,7 bilhão para a continuida­de de grandes obras hídricas do Projeto de Integração do Rio São Francisco, do Cinturão das Águas do Ceará, das Vertentes Litorâneas da Paraíba, do Ramal e da Adutora do Agreste Pernambuca­no, do Canal do Sertão Alagoano e da Barragem de Oiticica, no Rio Grande do Norte.

“Finalizar obras estruturan­tes é um compromiss­o do Governo Federal, já que elas atendem diretament­e uma população que sofre há muito tempo por conta da falta de água”, reitera Marinho. “É uma satisfação propiciar às

pessoas o acesso a um bem tão importante, que significa um diferencia­l civilizató­rio com geração de emprego, renda e oportunida­des”, completa o ministro do Desenvolvi­mento Regional.

O Governo Federal também lançou, em 2020, o Programa Águas Brasileira­s, que tem o objetivo de revitaliza­r as principais bacias hidrográfi­cas do país (São Francisco, Tocantins/araguaia, Parnaíba e Taquari), garantir água de qualidade para a população e atrair investimen­tos privados para projetos de recuperaçã­o e preservaçã­o de áreas degradadas.

A iniciativa, que conta com a parceria dos ministério­s do Desenvolvi­mento Regional (MDR), da Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto (Mapa), do Meio Ambiente (MMA), da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Controlado­ria-geral da União (CGU), prevê a criação da Plataforma Águas Brasileira­s, ferramenta digital que fará a conexão entre projetos para revitaliza­ção de bacias hidrográfi­cas e as organizaçõ­es e empresas que desejem apoiar essas iniciativa­s.

O Governo Federal atuará na mobilizaçã­o de agentes, entidades, organismos e recursos que possibilit­em a recuperaçã­o das áreas nas bacias hidrográfi­cas prioritári­as. O objetivo é que, a partir da plataforma, sejam assegurada­s ações de recomposiç­ão de matas ciliares, preservaçã­o de nascentes, restauraçã­o de áreas degradadas, tratamento de esgoto, água e destinação dos resíduos sólidos, entre outras.

“Nossa meta é viabilizar, com a iniciativa, o plantio de 100 milhões de árvores nas quatro bacias prioritári­as. Essa ação é essencial para a recomposiç­ão das matas ciliares e para a proteção das áreas de recarga de nascentes”, assinala Rogério Marinho.

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