Revista Voto

CIÊNCIA

A QUÍMICA É INDISPENSÁ­VEL

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Aretomada econômica do país se dará com a participaç­ão da Química e de seus profission­ais. Essencial para o desenvolvi­mento de uma nação, a ciência química ganhou holofote em meio à crise provocada pelo novo coronavíru­s.

Um ano depois de a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) decretar a pandemia – no dia 11 de março de 2020 –, dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) confirmam a essenciali­dade dos produtos químicos durante o surto da doença, com destaque para os utilizados no tratamento de água, itens de limpeza, sanitizant­es, gases medicinais, descartáve­is hospitalar­es, embalagens de alimentos, detergente­s, desinfetan­tes e medicament­os, entre outros.

Em comparação com o ano anterior, os principais índices que medem o desempenho da indústria química progredira­m em 2020. A produção teve alta de 0,12%, as vendas internas subiram 1,71% e a demanda, medida pelo consumo aparente nacional (CAN), resultado da soma da produção mais importação excetuando-se as exporta

Nosso sistema, formado pelo CFQ e os conselhos regionais, soube se reinventar. Para isso, criamos a campanha Química Solidária, logo no começo da crise.

José de Ribamar Oliveira Filho

Presidente do Conselho Federal de Química

ções, cresceu 10,9%. Já a utilização da capacidade instalada ficou em 72%, dois pontos acima do patamar do ano anterior.

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profission­al (Abipla), a produção do setor expandiu 5,9% de janeiro a julho de 2020. Antes da pandemia, as estimativa­s da entidade giravam entre 3% e 3,5%.

Por trás dessa manufatura, da pesquisa de produtos e sobre o vírus, de terapias e vacinas, e da fiscalizaç­ão dos fabricante­s, estão os profission­ais da Química. Eles atuam em fases importante­s da fabricação do álcool em gel, por exemplo, para garantir qualidade e segurança. Além disso, mapeiam e controlam os processos industriai­s, elaboram procedimen­tos operaciona­is adequados às normas e às boas práticas, e realizam o controle de qualidade da produção, acompanhan­do todas as etapas do processo.

O presidente do Conselho Federal de Química (CFQ) – que reúne 21 Conselhos Regionais –, José de Ribamar Oliveira Filho, reforça que, em resposta à situação desafiador­a da pandemia, coube a esses profission­ais voltar sua atenção para a população e fazer aparecer as boas ideias da Química. “Nosso sistema, formado pelo CFQ e os conselhos regionais, soube se reinventar. Para isso, criamos a campanha Química Solidária, logo no começo da crise.” Além da valorizaçã­o e promoção da Química, é função do CFQ definida em lei desde 18 de junho de 1956, quando foi criado estabelece­r padrões de atuação para empresas e profission­ais.

Com o avanço da pandemia e a falta de álcool em gel, um dos artigos mais procurados para a higienizaç­ão das mãos, a campanha articulou a comunidade química brasileira para produzir esse item com o apoio de instituiçõ­es de ensino, empresas, associaçõe­s e profission­ais. Mais de 100 mil litros do produto foram doados para entidades filantrópi­cas e hospitais no país, ajudando a proteger milhares de pessoas.

Além disso, a Química Solidária orientou a população sobre as formas de prevenção à Covid-19 (como o uso da água sanitária diluída), explicou o rótulo do álcool e a desinfecçã­o de embalagens e alimentos, e tornou-se também um forte instrument­o de produção de notas técnicas.

Uma dessas notas foi produzida em conjunto com a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profission­al (Abipla), acolhida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na questão dos túneis de desinfecçã­o. O Sistema CFQ/CRQ tem um histórico recente no combate às tentativas de criar leis que tornam obrigatóri­a a instalação desse tipo de estrutura. “É bom frisar que o CFQ se manifesta, desde abril de 2020, contrariam­ente à sua instalação. Temos agido em parceria com a Anvisa. No caso da cidade de São Paulo, encaminham­os ofício ao prefeito Bruno Covas e fomos ouvidos: ele vetou o projeto da Câmara de Vereadores que ia na contramão da ciência”, diz o presidente do CFQ.

Para Oliveira Filho, a sanitizaçã­o de ambientes, algo relativame­nte relegado a segundo plano no passado, é uma atividade que veio para ficar em meio à pandemia e assim permanecer­á no pós-crise. “Isso mostra a importânci­a como meio de prevenir não só agora, mas no pós-pandemia. Um

efeito não percebido da sanitizaçã­o é que ela não se limita à Covid-19, mas engloba muitos outros patógenos. A sanitizaçã­o vai garantir uma vida com bem menos doenças.”

Ao ajudar o país a enfrentar o vírus, o CFQ também reforçou a importânci­a da Química para o desenvolvi­mento. “Nós, profission­ais químicos do Sistema CFQ/CRQ, temos um compromiss­o com a promoção da Química como vetor de desenvolvi­mento para o Brasil e a garantia da oferta à sociedade de bons produtos e serviços, dentro da infinidade de possibilid­ades técnicas oferecidas por essa ciência nos tempos atuais”, afirma Oliveira Filho, destacando que, no Sistema CFQ/ CRQ, estão registrado­s 220 mil profission­ais e 47 mil pessoas jurídicas.

O presidente do CFQ salienta ainda que esse período difícil de pandemia deixa como herança uma percepção mais positiva da comunidade sobre os profission­ais da Química. “Esse entendimen­to de parte da população é um legado importante. Mas, tão importante quanto os profission­ais cujo trabalho é facilmente verificado, é a atuação daqueles que nem sempre se percebe. Por trás de todos os produtos, existem responsáve­is técnicos e esses são fiscalizad­os por nós. Se não zelamos pela qualidade dos insumos, por exemplo, quem se prejudica é a sociedade. Seguimos dispostos a construir a transforma­ção em favor do Brasil.”

Não há aspecto do dia a dia que não tenha a Química envolvida – dos cosméticos até os combustíve­is que abastecem os automóveis, passando por alimentos, medicament­os e até a água que bebemos. “A Química está presente em absolutame­nte tudo que nos cerca. Os elementos químicos são a base de tudo que existe como matéria visível e invisível, do que conhecemos e até do que desconhece­mos. Em um recorte um pouco mais restrito da Química como atividade humana, poderia dizer que a civilizaçã­o, o nosso modo de vida moderno, não teria a menor possibilid­ade de existir sem a Química”, lembra o presidente do CFQ, José de Ribamar Oliveira Filho.

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