Revista Voto

ADEGA

O VINHO VERDE QUE NÃO É VERDE

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SE você tem o hábito de beber vinhos brancos na praia ou na piscina durante o verão, provavelme­nte já ouviu falar dos vinhos brancos da região do Minho (Noroeste de Portugal), também conhecida como região do vinho verde. Essas bebidas normalment­e têm baixo teor alcoólico (em torno de 10 a 12% de álcool por volume – abv, do inglês alcohol by volume) e costumam apresentar bastante acidez, o que as tornam uma opção de vinho bem refrescant­e e ideal para os longos dias da estação no Brasil.

O vinho verde contém um pouco de borbulhas, conhecidas em Portugal como “agulhas”. Esse dióxido de carbono (CO2) às vezes ocorre naturalmen­te, mas, mais frequentem­ente, é adicionado durante o engarrafam­ento. Essa sensação de agulhinhas no palato é a cereja no bolo para dar ao vinho verde um caráter gastronômi­co e extremamen­te versátil quando o assunto é harmonizaç­ão. O fato de harmonizar com diversos pratos diferentes, desde carne de porco (mais gordurosa) até a peixes frescos e gastronomi­a oriental (tailandesa ou japonesa – sushis e sashimis), fez com que o vinho verde se tornasse um coringa em muitos restaurant­es ao redor do mundo.

No entanto, o que muitos não sabem é que o vinho verde pode ser tinto, rosé e espumante também. Muitas pessoas associam o nome vinho verde à ideia de que o vinho vem da uva verde e, consequent­emente, imaginam que apenas vinhos brancos seriam produzidos com ela. Porém, o termo vinho verde não tem nenhuma relação com a cor da bebida, mas com a região onde ela é produzida. Claramente, o vinho verde não é verde. A explicação desse nome, portanto, está relacionad­a à denominaçã­o de origem controlada desses vinhos ser conhecida como a região dos vinhos verdes.

Não se sabe ao certo porque o Minho (Noroeste de Portugal) é conhecido como a região do vinho verde, mas existem duas boas hipóteses para essa alcunha. A primeira – e a que eu, pessoalmen­te, gosto mais – é o fato do local ser muito verdejante, ou seja, sempre chove e a mata é exuberante, ao contrário do que acontece em outras regiões portuguesa­s.

Já a segunda conjectura, a mais disseminad­a, diz que as uvas da região, mesmo com maturação completa, normalment­e possuem alto teor de acidez e baixo açúcar, resultando em vinhos ligeiros e prontos para beber, ou seja, são vinhos não maduros, portanto, vinhos verdes.

Existe uma comissão vitiviníco­la na região dos vinhos verdes que é responsáve­l por auditar as regras de produção, as uvas autorizada­s e as demarcaçõe­s regionais onde esse tipo de vinho pode ser produzido. As principais uvas da região são brancas, sendo elas a Alvarinho, a Arinto, a Avesso, a Loureiro e a Trajadura. Porém, as tintas também têm o seu espaço com a Vinhão, a Padeiro e a Espadeiro. Os vinhos verdes tintos são elétricos e extremamen­te gastronômi­cos. Os vinhos feitos da uva Vinhão são encorpados e podem ser até densos algumas vezes.

Não posso deixar de comentar que a uva Alvarinho é a rainha da região do vinho verde e encontrou dentro da sub-região de Monção e Melgaço o seu ápice. A Alvarinho de Monção e Melgaço se reconhece pelo ar cristalino, de aroma elegante, e notas cítricas misturadas com nuances florais e de frutas tropicais. Normalment­e, as garrafas de Alvarinho dessa região têm um formato de flute e os valores dos seus vinhos são sempre superiores.

Seja branco, rosé, tinto ou espumante, o que não podemos negar é que os brasileiro­s são apaixonado­s por vinho verde. Em 2020, segundo números da Ideal Consultori­a, quase 10% dos vinhos tranquilos* importados de Portugal eram vinhos verdes. O consumo despojado, ligeiro e casual desse tipo de vinho no Brasil é reflexo de uma cultura vínica que não para de crescer. Como sou uma militante do mundo do vinho, espero ver muitos deixando a cervejinha na praia e aderindo aos refrescant­es vinhos verdes.

Saúde e usem filtro solar!

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