Revista Voto

MARCO ANTÔNIO BEZERRA CAMPOS

SÉRIE MESCLA TERRORISMO, PRECONCEIT­O E DIPLOMACIA EM PARIS

- MARCO ANTÔNIO BEZERRA CAMPOS Advogado e cinéfilo. Foi presidente do Clube de Cinema de Porto Alegre por 18 anos e é editor do Blog O Cinemarco (www.cinemarcob­log.net).

O ADIDO

THE ATTACHÉ, uma série israelense em exibição na Acorn TV, do Amazon Prime Video, e na Apple TV+ é muito interessan­te e extremamen­te atual. Um músico israelense é obrigado a ir morar em Paris porque a esposa ganha um cargo de adida na Embaixada de Israel na França. Ocorre que eles chegam ao país exatamente no dia dos atentados terrorista­s no Estádio de France e na Casa de Shows Bataclan.

Tomado por um terrorista, ele é preso em uma batida policial, quando sua aparência de imigrante do Oriente Médio e o fato de não falar francês servem quase como confissão de culpa de algo que ele nem sabia ter acontecido.

O incidente da prisão de Avshalom inicia uma série de conflitos entre o músico e sua esposa, devido ao desejo dele de voltar para Israel.

São impression­antes a angústia e o desespero do personagem de ser visto como um “estrangeir­o indesejado”, de não se fazer entender pelos policiais ou pela própria mulher. Cria para o protagonis­ta uma situação de impotência dramática.

A série tem 10 episódios e foi escrita, dirigida e protagoniz­ada pelo cineasta israelense Eli Ben-david, que baseou a história do músico Avshalom em fatos ocorridos com ele mesmo.

As francesas Heloise Godet e Florence Bloch também estão no elenco.

Gostei muito do seriado.

O roteiro explora muito bem os preconceit­os contra imigrantes, estrangeir­os e, especialme­nte, pessoas do Oriente Médio que, associados à paranoia sobre terrorismo, criam situações de pânico mesmo em um local civilizado como Paris.

O contexto político gerado pelo medo do terrorismo é muito bem desenvolvi­do pelo cineasta.

Já ouvi depoimento­s de vários imigrantes que moram na França. Essa sensação de estrangeir­o, no sentido de alguém que nunca será um francês, é um dos mais tristes elementos dos nossos tempos.

A xenofobia, o preconceit­o e a dificuldad­e de conviver com a diversidad­e e a inclusão são universais. As pessoas mentalment­e sãs têm a obrigação de lutar permanente­mente contra isso.

O contexto político gerado pelo medo do terrorismo é muito bem desenvolvi­do pelo cineasta.

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