MARCO ANTÔNIO BEZERRA CAMPOS
UM MUSICAL MODERNO ABORDA TEMAS ATUAIS EM NOVA IORQUE
Gostei muito de Em um bairro de Nova Iorque (In the Heights), o bastante aguardado filme de Jon M. Chu, a partir do musical da Broadway criado pelo ultracompetente Lin- Manuel Miranda (Hamilton).
In the Heights é uma adaptação cinematográfica primorosa sobre as histórias do bairro latino de Washington Heights, em Nova Iorque. Costa-riquenhos, panamenhos, mexicanos, cubanos e latinos de todas as origens trazem seus sonhos de vida para a Big Apple. Muitos, claro, não conseguem realizá-los.
Usnavy, o dono de uma pequena bodega de esquina (Anthony Ramos, ótimo), é perdidamente apaixonado por uma cabeleireira do bairro que sonha em ser estilista, papel de Melissa Barrera (a incrível atriz mexicana de Vida).
O filme desfila um sem-número de tipos maravilhosos, como a Abuela de todos (Olga Merediz), o dono do serviço de táxis local (Jimmy Smits), que realizou o sonho de enviar a filha (Leslie Grace) para estudar em Stanford, o vendedor de raspas de gelo saborizadas (o próprio Lin-manuel Miranda, sempre ótimo) e o empregado apaixonado pela filha do chefe (Corey Hawkins).
O musical foi lançado em pleno governo Trump, quando latino era quase um palavrão, o que acrescenta um ar de coragem à obra de Miranda e Chu. Inclusão, diversidade, amizade, lealdade, parceria e oportunidade são os temas de Em um bairro de Nova Iorque (In the Heights).
O gênero musical já criou clássicos memoráveis do cinema, como Cantando na Chuva, Alta Sociedade e West Side Story. Mais recentemente, gosto muito de La La Land.
No final de Em um bairro de Nova Iorque, chorei como criança. Este gênero parece que tem o dom de exacerbar nossas emoções. Com uma mensagem das mais lindas (e atuais), o filme é muitíssimo emocionante.
Recomendo demais assistir a In the Heights. Acho que Miranda acertou em cheio outra vez e conseguiu fazer um filme que estará nas antologias futuras sobre musicais do nosso tempo. Assim como o extraordinário Hamilton.