Mocidade, o eterno desejo humano
Até aos lamas tibetanos são atribuídos segredos da juventude. A busca do ser humano por isso é eterna e se manifesta nas variadas formas de artes e esforços científicos
Abusca pela juventude inspira lendas e ciência e não faltam histórias relatando seus segredos. Ela pode estar na magia de um quadro como na história do escritor irlandês, Oscar Wilde, na qual uma pintura do retrato do personagem Dorian Gray envelhecia para que ele permanecesse jovem. Pode também estar em uma fonte, como na mitologia greco-romana em que Júpiter é o guardião da fonte da juventude, ou como para o pintor alemão Lucas Cranach, que retratou velhos rejuvenescendo ao se banharem em uma bica.
A água é freqüente guardiã da juventude. O povo do Paquistão, hunzakatu, abastecido por geleiras, é caracterizado pela sua longevidade. Assim como em outras regiões do planeta, onde os habitantes ultrapassam os 100 anos de idade a qualidade da água é, geralmente, a principal responsável.
Mas o segredo também pode estar no amor, como declarou a atriz francesa da década de 40, Jeanne Moreau: “o amor, na medida certa, protege contra a idade”. Já para o filósofo grego Aristóteles, cada pessoa nasce com certa quantidade de calor interno, dissipado ao longo da vida. Ele sugeriu o desenvolvimento de métodos para impedir a perda deste calor e, assim, prolongar a vida.
Se olharmos para a busca da juventude eterna sob a visão do escritor e filósofo argelino, Albert Camus (19131960), que dedicou sua obra a pensar o absurdo da condição humana: “o homem é a única criatura que se recusa a ser o que é”.
No Budismo não há essa recusa. O Ocidente é que privilegia a juventude, diz George Barcat, professor de filosofia da Associação de Estudos Filosóficos Palas Athenas. ”Longevidade é envelhecer”, lembra o professor, “as coisas não duram para sempre e o objetivo é louvar, honrar e desfrutar de cada época, além de aprender a abrir mão dela para vivenciar a próxima sem escravizar-se por nenhuma”, diz.
“A tradição espiritual budista sugere a pacificação da mente como o caminho para resolver o sofrimento que a evidência da efemeridade (da velhice, da doença e da morte) causa em nós”, explica Barcat.
Mas mesmo no Tibete, onde o Budismo
é filosofia predominante, há histórias de segredos da juventude. Mas, segundo adverte o professor Barcat, “no Ocidente há muitas atribuições ao Tibete. Nem todas são verdadeiras”.
Uma história contada pelo americano Peter Kelder, no livro “A Fonte da Juventude”, com milhões de exemplares vendidos no Ocidente– revelando também o interesse constante pelo tema– sugere que os lamas tibetanos guardam o segredo da juventude, que consiste na adoção de determinados hábitos, como a prática diária de certos exercícios.
Segundo Peter Kelder, os relatos foram obtidos de um amigo que viveu por muitos anos com lamas tibetanos e apreendeu seus segredos, guardados por milhares de anos nos mais remotos templos do Himalaia. O segredo consiste também na forma de controlar a respiração e na alimentação vegetariana, com a ingestão diária de apenas um tipo de alimento. Aliado a hábitos como esse, é necessário a prática de cinco ritos. Os exercícios têm como objeto beneficiar pontos de energia de nosso corpo, os chakras, apresentados na matéria anterior. Mas mesmo que nem todas as recomendações sejam seguidas, há benefícios, assegura o autor. Convidamos a professora Cristina Ruggero para exemplificar as poderosas posições apresentadas por Kelder e, agora, você, leitor, para confirmar os benefícios dos cinco ritos tibetanos, que se não forem mágicos, são saudáveis, acredita Cristina.
No Budismo, não há a recusa em envelhecer. O Ocidente é que privilegia a juventude, diz George Barcat, professor de filosofia da Associação de Estudos Filosóficos Palas Athenas