Boceje, Relaxe espreguice-se,
Aprenda também a não fazer nada e viva melhor
“Temos
muito o que aprender com os animais, especialmente com os felinos”, acredita o estudioso nas áreas de Eutonia, Cinesioreflexologia, Laboração Corporal Integrada e Yoga Nidra, José Antonio Machado Filla. Também filósofo e especializado em ioga pelo Instituto de Yoga Científico de Kaivalyadhama, em Lonavla na Índia, Filla explica que “Nidra, do sânscrito, quer dizer sono, mas relaxar não é dormir. É um estado entre a vigília e o sono. Yoga Nidra é uma técnica que ensina a estar consciente mesmo relaxado.
“Os bichos dedicam grande parte do dia ao relaxamento. E não é à toa que os ásanas da ioga são inspirados na natureza e nos animais.“apreciar um gato levantando, por exemplo, é uma ótima lição. Ele sempre se alonga cuidadosamente. Esse gesto simples ajuda a dissipar tensões e manter o bem-estar”, diz José Filla.
É a tensão que não encontra saída, a grande vilã de nossa saúde. A palavra tensão deriva da raiz grega tend, que significa “mover-se”. E vida é movimento. Da Vinci já afirmava: “O que caracteriza a vida deve também mantê-la”, lembra Filla. A tensão é um componente natural da vida. Que ameaça é aquela que não encontra saída, descarga? A tensão emocional. A expressão “a vida é uma droga” nunca se refere à vida orgânica, é sempre à emocional, “uma sobrecarga que não encontra um caminho natural, não se dissipa e compromete o equilíbrio físico e mental”, explica o professor.
Ela é originada das relações sociais e o elemento que a produz chama-se emoção, do latim, “movimento para dentro”. “É ela que nos põe em movimento. Quer nas palavras, quer nos atos ou condutas”, explica Filla.
“O método de tocar, pressionar, friccionar e amassar diversas regiões do corpo pode parecer simples, mas nem por isso ineficiente. Pelo contrário, a massagem alivia dores, tonifica músculos, tendões, ligamentos e articulações e estimula a circulação do sangue, do sistema linfático, melhorando e eliminando as toxinas do corpo, e acalmando o sistema nervoso” Alda Martinelli
Ao não encontrar uma descarga adequada acaba em algum aspecto orgânico. Alguns perdem o apetite, outros comem demais, sempre há um estepe. Sabiamente o chinês “dá nomes aos bois”. Na acupuntura, problemas nos rins são ligados ao medo, no fígado à raiva e no pulmão à tristeza.
relaxar para reagir
Quando repousamos, segundo Filla, estamos buscando instintivamente a recuperação da força que nos põe em movimento. “Ao contrariar os ritmos básicos comprometemos o “princípio ordenador”, presente em toda a natureza”, complementa. Um exemplo disso é a depressão. Perde-se a “pressão interna”, a força, a potência para reagir. O relaxamento nos devolve a capacidade de reagir. Ensina-nos a dar o distanciamento necessário para enfrentar os problemas.“nossa cultura tem inibido muitos gestos instintivos de recuperação do corpo. São movimentos espontâneos capazes de provocar sensações agradáveis, provenientes de descargas naturais, como bocejar, espreguiçar-se, espirar e até soltar gases”, diz o professor. Outro recurso para o relaxamento é saber apreciar os momentos de não se fazer nada, também cada vez menos exercidos na vida moderna.
Amparado na Física, que demonstra a impossibilidade de deter uma força em curso, José Filla enfatiza o quanto é importante saber lidar com as tensões. Quando relaxamos, damos uma pausa, desligamos e nos recuperamos para enfrentar nossas dificuldades psíquicas, capazes de comprometer a saúde física. “A alma precisa da forma, mas o corpo sem alma não opera”, resume Filla.