IYENGAR YOGA
A modalidade que utiliza acessórios para facilitar a prática da ioga
“Quandopratico, sou um filósofo; quando ensino, sou um cientista; quando demonstro, sou um artista”, esta frase dita pelo mestre indiano B. K. S. Iyengar (pronuncia-se “Aiengar”) sintetiza o pensamento dele sobre a ioga. Criador da linha que leva seu sobrenome, o mestre foi um dos maiores propagadores desta prática milenar no mundo ocidental. Baseando-se nos Yogas Sutras , textos escritos há mais de 2000 anos, do sábio Pajantali, Iyengar inovou a Hata Ioga há cerca de 60 anos, introduzindo novos conceitos como o máximo enfoque ao alinhamento preciso nas posturas. Esta é a peculiaridade do método.
Outra particularidade do estilo é o uso de acessórios para ajudar o praticante a executar o ásana corretamente. Nas aulas, são utilizados blocos de madeira ou borracha, almofadas, cadeiras, cobertores e cintos de pano, que servem para facilitar a execução da postura de maneira correta. A parede também serve como apoio nas aulas.
Nesta linha, observar o corpo e o alinhamento é mais importante do que simplesmente fazer a postura. “Não devemos ajustar o ásana ao nosso corpo e, sim, o corpo ao ásana”, ensina o mestre Iyengar. Por isso, são necessários um trabalho de alongamento intenso e tônus muscular firme. Segundo o mestre, é fundamental ter conhecimento dos princípios anatômicos que regem o corpo humano, saber sobre a estrutura das cadeias musculares para proteger as articulações e praticar de forma segura.
De acordo com Luciana Brandão, professora de Iyengar Ioga, da escola Yoga Dham, em São Paulo, as posturas podem ser executadas por todos os níveis, do iniciante ao avançado, com pouco risco de causar lesões aos praticantes, pois trata-se de um método bem seguro. “Na aula, o aluno pode fazer dos movimentos mais simples até os mais intensos. Além disso, aprende a conhecer e a observar o próprio corpo e sabe exatamente o que se está trabalhando naquela postura”, explica Luciana.
A prática de Iyengar é focada nos detalhes e em cada parte do corpo humano. “O mais importante não é a superação de limites, que pode causar dores, mas executar o ásana corretamente, entender o que está acontecendo com o corpo. É uma aula de autoconhecimento”, afirma a professora.
CONSCIÊNCIA CORPORAL
Em cada aula de Iyengar, elege-se um tema, como a prática de posturas invertidas, flexões para frente e assim por diante. A ênfase é na execução das posturas, portanto, meditação, filosofia e pranayamas são dados à parte.
O tempo de permanência no ásana é um pouco mais longo do que na Hata Ioga tradicional, porém, de acordo com Luciana, o trabalho corporal é intenso, eleva a temperatura do corpo e causa transpiração.
Apesar de não ter contra-indicações, os especialistas recomendam que, ao procurar a modalidade, o interessado deve deixar claro se tem algum problema de saúde e fazer algumas aulas experimentais antes de escolher a escola. No entanto, não é aconselhável para mulheres grávidas, que nunca praticaram ioga, começar a fazer as aulas de Iyengar quando já estão gestantes. Débora Weinberg, professora deste método há 10 anos, dá aulas no Corpo Zen, no Rio de Janeiro, e afirma que o ideal é começar a prática antes de engravidar. “As pessoas devem usar a ioga para fazer bem para o corpo, não para machucá-lo. Precisa fazer com responsabilidade”, diz Débora.
IOGA PARA TODOS
Os professores afirmam que a Iyengar Ioga é a mais de
mocrática de todas. Pessoas de todas as faixas etárias, homens e mulheres, sedentários ou esportistas, praticantes de outras linhas de ioga ou não são adeptos. Tudo é uma questão de identificação com o estilo.
Depois de praticar Swásthya Ioga por seis meses, o professor de educação física Luiz Antonio Turisco, 28 anos, resolveu experimentar a Iyengar. “Na Swásthia, a pessoa já precisa ter uma boa capacidade física e experiência. Em algumas posturas, sentia um certo desconforto. Já neste método, me sinto muito bem. Apesar de ser iniciante, consigo executar os ásanas e tenho conseguido bons resultados. Nunca mais tive dores nas costas”, avalia Turisco.
A paisagista Cynthia Azevedo, 38 anos, começou a fazer aulas de Hata Ioga, depois passou pela Kundalini Ioga até “se encontrar” na Iyengar. Praticante há três anos, ela conta os benefícios: “meu intestino funciona melhor; o tônus muscular está mais firme; tenho maior resistência cardio-muscular e flexibilidade”.
A advogada Joelma Ticanelli, 36 anos, sempre gostou de meditar e, por isso, começou a praticar ioga. No mesmo período, engravidou e descobriu outras vantagens além de bem-estar. “Os exercícios respiratórios me ajudaram muito na hora do parto. E minha coluna ficou mais fortalecida”, aponta Joelma.
A ioga também acaba levando as pessoas a buscar um estilo de vida mais saudável. Depois que começou suas aulas, há pouco mais de um ano, o professor de antropologia Edmilson Felipe, 39 anos, dorme e se alimenta melhor, segue os preceitos da medicina ayurvédica e procura executar os ásanas sempre que possível em sua rotina diária.