Revista Yoga

PASSAGEM PARA A ÍNDIA

Roteiro turístico pelo país onde a ioga nasceu

- Por Patricia Ribeiro

AÍndia é um país cuja beleza está nas diferenças, sejam elas geográfica­s, climáticas, culturais ou religiosas. A nação tem a dimensão de um continente e abriga as geladas montanhas do Himalaia no extremo norte, desertos na Planície Gangética, palácios de marajás no Rajastão e praias tropicais no sul. Para introduzi-lo a esta terra exótica e misteriosa, escolhemos alguns destinos consagrado­s, começando pela capital, Nova Déli, que faz parte do então triângulo dourado, formado também pela exótica cidade rosa de Jaipur e por Agra, onde encontra-se um das sete maravilhas do mundo: o Taj Mahal. Rishikesh é a última parada. Famosa por abrigar vários ashrams - retiros espirituai­s dedicados ao estudo da ioga e da meditação - a cidade é procurada por praticante­s de ioga dos quatro cantos do planeta.

O segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1 bilhão de habitantes, é um dos mais místicos também, com muitas religiões. Cerca de 80% da população é hindu e a segunda crença com maior número de fiéis é a muçulmana (12%), mas há muitas outras. Para os olhos de um ocidental, este sistema social e religioso pode ser muito complicado e parecer caótico. Portanto, a Índia, sem dúvida, é um destino que exige um preparo de viagem mais detalhado e bem antecipado por parte do visitante, que deve informar-se nos livros, guias de viagem e trocar idéias com quem já foi e nas agências de turismo.

Não se preocupe muito com o idioma, além do hindi e milhares de dialetos, o inglês é língua oficial. O importante é estar ciente de que você vai entrar num mundo completame­nte diferente e fazer novas descoberta­s que talvez mude sua visão de mundo para sempre.

NOVA VELHA DÉLHI: E A PORTA DE ENTRADA

Ao chegar a Délhi, já se tem a primeira surpresa: aqui o antigo e o moderno convivem lado a lado na mais perfeita harmonia. Na verdade, são duas cidades, Nova e Velha Délhi, que concentram quase 14 milhões de habitantes. Como toda metrópole, há imponentes edifícios, centros comerciais movimentad­os, ruas com trânsito caótico, motoristas que buzinam o tempo todo e milhões de pessoas circulando de um lado para o outro. O mais curioso são as vacas que podem surgir pelo caminho. Animais sagrados no país, o trânsito costuma ser desviado se uma delas resolver descansar nas ruas.

Velha Délhi, como o próprio nome já diz, concentra a parte antiga, com rica arquitetur­a, bazares e vilas residencia­is. Localizada no norte da Índia, entre o rio Yamnuna e as montanhas de Aravali, Délhi oferece várias atrações, muitas delas influencia­das pelas marcas do império mongol, principalm­ente no que diz respeito à arquitetur­a e à atenção dedicada aos jardins e fontes. Bem-cuidados,

eles estão presentes em quase todos os monumentos, palácios e templos. A tumba do Humayun é um exemplo. Construído em arenito vermelho, foi projetado por um arquiteto persa, cujo estilo principal é usar azulejos nas paredes dos monumentos. Rodeado por um belo jardim, o mausoléu de Humayaun é uma imensa torre feita de mármore que se destaca na paisagem.

A influência muçulmana também é forte em Délhi. Um dos principais pontos turísticos é o Forte Vermelho, que abriga vários palácios e a mesquita de pérola (Moti Masjid), uma jóia de arquitetur­a. O Forte ganhou este nome devido à cor do tijolo que foi construído a pedido do imperador mongol Shah Jahanpara. É um dos monumentos mais belos da capital. Perto dali, fica a Mesquita Jama Masjid, uma das maiores da Índia, que começou a ser construída em 1650 a mando do do mesmo imperador. O lugar impression­a os visitantes pela imponência e bela arquitetur­a.

Merece uma visita também a torre Qutab Minar, com 73 metros de altura, lugar onde foi erguida a primeira mesquita do país. Começou a ser construída em 1200 a.c., mas só foi finalizada em 1368. Há várias versões que contam sobre a origem deste monumento. Uns acreditam que a torre foi erguida como símbolo da era muçulmana no país, outros dizem que serviu como um lugar para os fiéis rezarem.

Outro templo muito visitado por turistas e fiéis é o Lakshmi Narayan. A cor vermelha e os detalhes chamam a atenção. Mas não há somente monumentos antigos na cidade, existem também construçõe­s modernas que valem a visita, como o templo Bahai, famoso por sua arquitetur­a arrojada em formato de flor-de-lótus.

Antes de voltar para casa não deixe de conhecer a casa onde o líder Mahatma Ghandi viveu. O memorial-museu exibe móveis e objetos e marca o lugar exato onde ele foi assassinad­o. Ghandi foi um dos grandes pregadores da não-violência na Índia e lutou pelo processo da independên­cia do país, que ficou sob o domínio britânico até 1947. Para completar o passeio, passe no centro comercial de Connaught Place, que parece mais ocidentali­zado, pois é comum ver executivos em traje social, jovens usando calça jeans e lojas de grife internacio­nais. Já o Déli Haat é ideal para adquirir artesanato. Quando for às compras, a palavra de ordem é pechinchar. Nunca compre pelo primeiro preço que lhe ofertarem e resista ao assédios dos vendedores se não tiver intereress­e em comprar.

MONUMENTOS ETERNOS

Era uma vez um homem que amava tanto uma mulher que, quando ela morreu, ele resolveu construir um mausoléu em sua homenagem. O que ele não sabia é que estava erguendo um dos mais belos monumentos do mundo. Trata-se do Taj Mahal, que fica em Agra.

A história é do príncipe Shah Jahan. Conta-se que ele tinha 300 mulheres, mas depois que conheceu Muntaz Mahal, apaixonou-se perdidamen­te, deixou o harém e casou-se com ela, com quem teve 13 filhos. Quando Muntaz morreu, no parto do 14° filho, o imperador perdeu a alegria de viver. Então, decidiu homenagear a esposa erguendo o maior e mais belo memorial do mundo. Foram 22 anos para finalizar a suntuosa obra, que terminou de ser construída em 1653. Vieram profission­ais da Itália, França e Turquia e mais de 20 mil indianos trabalhara­m para erguer o mausoléu/palácio, que é todo decorado com obras em “pietra dura”, padrões feitos com pedras semiprecio­sas incrustada­s em mármore. Mas são os detalhes que mais impression­am. As paredes são decoradas com guirlandas de turmalina, madrepérol­a, coral jade que contrastam com o mármore branco.

O ideal é visitar o monumento em vários horários, pois ele muda de cor segundo a hora do dia. Seus tons passam pelo branco, prateado, rosado e dourado no pôrdo-sol. No período de lua cheia também abre à noite e a visão do Taj torna-se ainda mais sublime.

Porém, a história do romântico imperador não teve um final feliz. Seu próprio filho, Auranzgzeb, com intenção de tirar-lhe o poder, aprisionou o pai na Torre Octogonal do Forte de Agra. De lá, Shah Jahan observou o Taj Mahal até o final dos seus dias, quando finalmente foi para o lado de sua amada. Os restos mortais dos dois descansam em tumbas gêmeas em uma câmara subterrâne­a no Taj Mahal.

Embora a maioria dos visitantes passem por Agra apenas para conhecer o Taj Mahal, a cidade oferece outras atrações, como as compras, pois o local é conhecido pela qualidade do mármore, pela tapeçaria, pelos sapatos de couro e pelos bordados. E há também o Forte de Agra, construído no império mongol de Akbar, em 1565. Dentro do complexo, seus sucessores mandaram fazer maravilhos­os palácios, que serviam como moradia.

Outro monumento turístico importante também é um mausoléu. A tumba Itmad-ud-daulah foi construída entre 1622 e 1628 a pedido de Nurjahan, esposa do imperador Jahangir, para seu pai, que nasceu na Pérsia. Os artesãos fizeram no mármore um trabalho conhecido ‘Pietra Dura’, a mesma técnica foi usada no Taj Mahal.

A apenas 37 km de Agra fica a cidade de Fatehpur Sikri, edificada a pedido do imperador mongol Akbar, em 1568. Dizem que ele não tinha nenhum herdeiro e, quando estava passando pela região de Sikri, consultou um mago, o asceta Shaikh Salim Christi, que lhe disse que ele iria ter um filho homem em breve. A previsão

estava certa. Alguns meses depois, nasceu o seu primeiro filho que viria a ser o imperador Jahangir. Satisfeito, Akbar mandou construir uma cidade em Sikri , com palácios em arenito vermelho, mesclando os estilos indiano e islâmico. O imperador pretendia transformá-la no centro cultural e administra­tivo da Índia, porém, foi abandonada 14 anos depois por falta de água. Hoje, Fatehpur Sikri é uma das mais esplêndida­s cidades-fantasma da Índia, em que um dos destaques é o Palácio das Audiências Públicas, onde o imperador recebia seus súditos. A Mesquita de Fathepur Sikri também é muito interessan­te e seu estilo arquitetôn­ico foi inspirado na mesquita da Meca.

NOS TEMPOS DOS MARAJÁS

O estado do Rajastão é conhecido como a “Terra dos Marajás”. Localizada no norte da Índia, a região foi habitada durante séculos pelos “rajput”, uma etnia de guerreiros honrados que brigavam até a morte para defender seu território. As batalhas deixaram marcas no estado, como as magníficas fortalezas em todas as partes. Jaipur, a capital, fica a 258 km de Délhi e é um dos lugares mais visitados. Fundada em 1727 pelo marajá Jaisinch, é chamada de “a cidade cor-de-rosa”, pois possui várias construçõe­s majestosas, como muralhas, palácios e fortalezas construído­s com pedras avermelhad­as.

Outra caracterís­tica que chama a atenção é o povo. Os homens parecem viver ainda nos tempos dos marajás, pois vestem-se de branco, usam vistosos bigodes e enormes turbantes. Já as mulheres cobrem-se com os saris mais coloridos da Índia. O sari é uma roupa típica das mulheres indianas, um tecido sem costuras que é amarrado no corpo como um vestido.

Um dos mais importante­s pontos turístisco­s da região é o Hawa Mahal, o Palácio dos Ventos, um edifício de cinco andares construído em arenito cor-de-rosa, com elaboradas varandas e 953 janelas. A 11 km de Jaipur, está o Forte Âmbar, no alto de uma colina. É um monumento com 200 quartos, construído durante o reinado de Kachhawa. No interior do palácio, há expressiva­s pinturas,

O estado do Rajastão é conhecido como a “Terra dos Marajás”. Localizada no norte da Índia, a região foi habitada durante séculos pelos “rajput”, uma etnia de guerreiros que brigavam até a morte para defender seu teritório

trabalhos artesanais feitos com pedras preciosas e espelhos. O melhor meio de chegar até ele é por meio de um pitoresco passeio de elefante.

NA CIDADE DOS SÁBIOS

Não foi à toa que até os Beatles resolveram largar tudo por um tempo e escolheram Rishikesh para meditar. A cidade está a 238 km de Délhi e tornou-se uma meca de peregrinos, religiosos e praticante­s de ioga do mundo todo que buscam a paz, o autoconhec­imento e as práticas de ioga e de meditação. Cercada por montanhas verdes por todos os lados, a 356 metros de altitude, banhada pelo Rio Ganges, Rishikesh transborda espiritual­idade para todos os lados.

O nome quer dizer “a cidade dos sábios¨, mas também ganhou o título de a “capital mundial da ioga”. Na parte leste, ficam concentrad­os oa ashrams, retiros espirituai­s, onde os praticante­s podem se hospedar e têm a oportunida­de de conhecer os swamis (monges) e bra

 ??  ??
 ??  ?? Taj Mahal: a maior prova de amor de um
homem por uma mulher
Taj Mahal: a maior prova de amor de um homem por uma mulher
 ??  ?? O Connaught Place é o centro comercial de Nova Délhi, com trânsito caótico e muita gente circulando
O Connaught Place é o centro comercial de Nova Délhi, com trânsito caótico e muita gente circulando
 ??  ?? A flor-de-lótus foi a inspiração para o projeto arquitetôn­ico do templo Bahai, em Nova Délhi
A flor-de-lótus foi a inspiração para o projeto arquitetôn­ico do templo Bahai, em Nova Délhi
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil