PASSAGEM PARA A ÍNDIA
Roteiro turístico pelo país onde a ioga nasceu
AÍndia é um país cuja beleza está nas diferenças, sejam elas geográficas, climáticas, culturais ou religiosas. A nação tem a dimensão de um continente e abriga as geladas montanhas do Himalaia no extremo norte, desertos na Planície Gangética, palácios de marajás no Rajastão e praias tropicais no sul. Para introduzi-lo a esta terra exótica e misteriosa, escolhemos alguns destinos consagrados, começando pela capital, Nova Déli, que faz parte do então triângulo dourado, formado também pela exótica cidade rosa de Jaipur e por Agra, onde encontra-se um das sete maravilhas do mundo: o Taj Mahal. Rishikesh é a última parada. Famosa por abrigar vários ashrams - retiros espirituais dedicados ao estudo da ioga e da meditação - a cidade é procurada por praticantes de ioga dos quatro cantos do planeta.
O segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1 bilhão de habitantes, é um dos mais místicos também, com muitas religiões. Cerca de 80% da população é hindu e a segunda crença com maior número de fiéis é a muçulmana (12%), mas há muitas outras. Para os olhos de um ocidental, este sistema social e religioso pode ser muito complicado e parecer caótico. Portanto, a Índia, sem dúvida, é um destino que exige um preparo de viagem mais detalhado e bem antecipado por parte do visitante, que deve informar-se nos livros, guias de viagem e trocar idéias com quem já foi e nas agências de turismo.
Não se preocupe muito com o idioma, além do hindi e milhares de dialetos, o inglês é língua oficial. O importante é estar ciente de que você vai entrar num mundo completamente diferente e fazer novas descobertas que talvez mude sua visão de mundo para sempre.
NOVA VELHA DÉLHI: E A PORTA DE ENTRADA
Ao chegar a Délhi, já se tem a primeira surpresa: aqui o antigo e o moderno convivem lado a lado na mais perfeita harmonia. Na verdade, são duas cidades, Nova e Velha Délhi, que concentram quase 14 milhões de habitantes. Como toda metrópole, há imponentes edifícios, centros comerciais movimentados, ruas com trânsito caótico, motoristas que buzinam o tempo todo e milhões de pessoas circulando de um lado para o outro. O mais curioso são as vacas que podem surgir pelo caminho. Animais sagrados no país, o trânsito costuma ser desviado se uma delas resolver descansar nas ruas.
Velha Délhi, como o próprio nome já diz, concentra a parte antiga, com rica arquitetura, bazares e vilas residenciais. Localizada no norte da Índia, entre o rio Yamnuna e as montanhas de Aravali, Délhi oferece várias atrações, muitas delas influenciadas pelas marcas do império mongol, principalmente no que diz respeito à arquitetura e à atenção dedicada aos jardins e fontes. Bem-cuidados,
eles estão presentes em quase todos os monumentos, palácios e templos. A tumba do Humayun é um exemplo. Construído em arenito vermelho, foi projetado por um arquiteto persa, cujo estilo principal é usar azulejos nas paredes dos monumentos. Rodeado por um belo jardim, o mausoléu de Humayaun é uma imensa torre feita de mármore que se destaca na paisagem.
A influência muçulmana também é forte em Délhi. Um dos principais pontos turísticos é o Forte Vermelho, que abriga vários palácios e a mesquita de pérola (Moti Masjid), uma jóia de arquitetura. O Forte ganhou este nome devido à cor do tijolo que foi construído a pedido do imperador mongol Shah Jahanpara. É um dos monumentos mais belos da capital. Perto dali, fica a Mesquita Jama Masjid, uma das maiores da Índia, que começou a ser construída em 1650 a mando do do mesmo imperador. O lugar impressiona os visitantes pela imponência e bela arquitetura.
Merece uma visita também a torre Qutab Minar, com 73 metros de altura, lugar onde foi erguida a primeira mesquita do país. Começou a ser construída em 1200 a.c., mas só foi finalizada em 1368. Há várias versões que contam sobre a origem deste monumento. Uns acreditam que a torre foi erguida como símbolo da era muçulmana no país, outros dizem que serviu como um lugar para os fiéis rezarem.
Outro templo muito visitado por turistas e fiéis é o Lakshmi Narayan. A cor vermelha e os detalhes chamam a atenção. Mas não há somente monumentos antigos na cidade, existem também construções modernas que valem a visita, como o templo Bahai, famoso por sua arquitetura arrojada em formato de flor-de-lótus.
Antes de voltar para casa não deixe de conhecer a casa onde o líder Mahatma Ghandi viveu. O memorial-museu exibe móveis e objetos e marca o lugar exato onde ele foi assassinado. Ghandi foi um dos grandes pregadores da não-violência na Índia e lutou pelo processo da independência do país, que ficou sob o domínio britânico até 1947. Para completar o passeio, passe no centro comercial de Connaught Place, que parece mais ocidentalizado, pois é comum ver executivos em traje social, jovens usando calça jeans e lojas de grife internacionais. Já o Déli Haat é ideal para adquirir artesanato. Quando for às compras, a palavra de ordem é pechinchar. Nunca compre pelo primeiro preço que lhe ofertarem e resista ao assédios dos vendedores se não tiver intereresse em comprar.
MONUMENTOS ETERNOS
Era uma vez um homem que amava tanto uma mulher que, quando ela morreu, ele resolveu construir um mausoléu em sua homenagem. O que ele não sabia é que estava erguendo um dos mais belos monumentos do mundo. Trata-se do Taj Mahal, que fica em Agra.
A história é do príncipe Shah Jahan. Conta-se que ele tinha 300 mulheres, mas depois que conheceu Muntaz Mahal, apaixonou-se perdidamente, deixou o harém e casou-se com ela, com quem teve 13 filhos. Quando Muntaz morreu, no parto do 14° filho, o imperador perdeu a alegria de viver. Então, decidiu homenagear a esposa erguendo o maior e mais belo memorial do mundo. Foram 22 anos para finalizar a suntuosa obra, que terminou de ser construída em 1653. Vieram profissionais da Itália, França e Turquia e mais de 20 mil indianos trabalharam para erguer o mausoléu/palácio, que é todo decorado com obras em “pietra dura”, padrões feitos com pedras semipreciosas incrustadas em mármore. Mas são os detalhes que mais impressionam. As paredes são decoradas com guirlandas de turmalina, madrepérola, coral jade que contrastam com o mármore branco.
O ideal é visitar o monumento em vários horários, pois ele muda de cor segundo a hora do dia. Seus tons passam pelo branco, prateado, rosado e dourado no pôrdo-sol. No período de lua cheia também abre à noite e a visão do Taj torna-se ainda mais sublime.
Porém, a história do romântico imperador não teve um final feliz. Seu próprio filho, Auranzgzeb, com intenção de tirar-lhe o poder, aprisionou o pai na Torre Octogonal do Forte de Agra. De lá, Shah Jahan observou o Taj Mahal até o final dos seus dias, quando finalmente foi para o lado de sua amada. Os restos mortais dos dois descansam em tumbas gêmeas em uma câmara subterrânea no Taj Mahal.
Embora a maioria dos visitantes passem por Agra apenas para conhecer o Taj Mahal, a cidade oferece outras atrações, como as compras, pois o local é conhecido pela qualidade do mármore, pela tapeçaria, pelos sapatos de couro e pelos bordados. E há também o Forte de Agra, construído no império mongol de Akbar, em 1565. Dentro do complexo, seus sucessores mandaram fazer maravilhosos palácios, que serviam como moradia.
Outro monumento turístico importante também é um mausoléu. A tumba Itmad-ud-daulah foi construída entre 1622 e 1628 a pedido de Nurjahan, esposa do imperador Jahangir, para seu pai, que nasceu na Pérsia. Os artesãos fizeram no mármore um trabalho conhecido ‘Pietra Dura’, a mesma técnica foi usada no Taj Mahal.
A apenas 37 km de Agra fica a cidade de Fatehpur Sikri, edificada a pedido do imperador mongol Akbar, em 1568. Dizem que ele não tinha nenhum herdeiro e, quando estava passando pela região de Sikri, consultou um mago, o asceta Shaikh Salim Christi, que lhe disse que ele iria ter um filho homem em breve. A previsão
estava certa. Alguns meses depois, nasceu o seu primeiro filho que viria a ser o imperador Jahangir. Satisfeito, Akbar mandou construir uma cidade em Sikri , com palácios em arenito vermelho, mesclando os estilos indiano e islâmico. O imperador pretendia transformá-la no centro cultural e administrativo da Índia, porém, foi abandonada 14 anos depois por falta de água. Hoje, Fatehpur Sikri é uma das mais esplêndidas cidades-fantasma da Índia, em que um dos destaques é o Palácio das Audiências Públicas, onde o imperador recebia seus súditos. A Mesquita de Fathepur Sikri também é muito interessante e seu estilo arquitetônico foi inspirado na mesquita da Meca.
NOS TEMPOS DOS MARAJÁS
O estado do Rajastão é conhecido como a “Terra dos Marajás”. Localizada no norte da Índia, a região foi habitada durante séculos pelos “rajput”, uma etnia de guerreiros honrados que brigavam até a morte para defender seu território. As batalhas deixaram marcas no estado, como as magníficas fortalezas em todas as partes. Jaipur, a capital, fica a 258 km de Délhi e é um dos lugares mais visitados. Fundada em 1727 pelo marajá Jaisinch, é chamada de “a cidade cor-de-rosa”, pois possui várias construções majestosas, como muralhas, palácios e fortalezas construídos com pedras avermelhadas.
Outra característica que chama a atenção é o povo. Os homens parecem viver ainda nos tempos dos marajás, pois vestem-se de branco, usam vistosos bigodes e enormes turbantes. Já as mulheres cobrem-se com os saris mais coloridos da Índia. O sari é uma roupa típica das mulheres indianas, um tecido sem costuras que é amarrado no corpo como um vestido.
Um dos mais importantes pontos turístiscos da região é o Hawa Mahal, o Palácio dos Ventos, um edifício de cinco andares construído em arenito cor-de-rosa, com elaboradas varandas e 953 janelas. A 11 km de Jaipur, está o Forte Âmbar, no alto de uma colina. É um monumento com 200 quartos, construído durante o reinado de Kachhawa. No interior do palácio, há expressivas pinturas,
O estado do Rajastão é conhecido como a “Terra dos Marajás”. Localizada no norte da Índia, a região foi habitada durante séculos pelos “rajput”, uma etnia de guerreiros que brigavam até a morte para defender seu teritório
trabalhos artesanais feitos com pedras preciosas e espelhos. O melhor meio de chegar até ele é por meio de um pitoresco passeio de elefante.
NA CIDADE DOS SÁBIOS
Não foi à toa que até os Beatles resolveram largar tudo por um tempo e escolheram Rishikesh para meditar. A cidade está a 238 km de Délhi e tornou-se uma meca de peregrinos, religiosos e praticantes de ioga do mundo todo que buscam a paz, o autoconhecimento e as práticas de ioga e de meditação. Cercada por montanhas verdes por todos os lados, a 356 metros de altitude, banhada pelo Rio Ganges, Rishikesh transborda espiritualidade para todos os lados.
O nome quer dizer “a cidade dos sábios¨, mas também ganhou o título de a “capital mundial da ioga”. Na parte leste, ficam concentrados oa ashrams, retiros espirituais, onde os praticantes podem se hospedar e têm a oportunidade de conhecer os swamis (monges) e bra