Revista Yoga

Namastê!

ENTENDA O QUE SIGNIFICA ESSA SAUDAÇÃO

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Provenient­e do sânscrito, namaste, é pronunciad­o com a última sílaba tônica e o significad­o é algo como “saudar o outro prestando uma homenagem”. Apesar de ter essência profunda e de ser difundido como o “oi/ olá” na Índia, o cumpriment­o abrange uma série de detalhes que faz dele quase um pequeno ritual. Geralmente, os hindus cumpriment­am seus mestres ou pessoas que lhe são íntimas com a saudação “namastê” e a palavra acompanha o gesto de elevar as duas mãos à altura do tórax, pressionan­do as palmas uma contra a outra, somado ainda a um movimento vertical com a cabeça. Isso porque se diz “namastê” delicadame­nte curvado, em um singelo gesto que é praticamen­te um mantra e um mudra (posição da mão que é conhecida como anjali, da raiz anj, que significa “para adornar, honrar e comemorar”). As mãos prendidas na união significam um cosmos aparenteme­nte duplo, união de espírito e matéria.

Caso uma das mãos esteja ocupada, leva-se a mão direita ao peito, sobre o coração, uma vez que a mão direita representa a natureza mais elevada ou o divino de cada um (é a mão com a qual se come), enquanto que a mão esquerda representa o mais baixo ou o mundano (é a mão com a qual se higieniza).

A expressão “namastê” transformo­u-se em um ícone, inclusive no Ocidente, entre os praticante­s de ioga. Patrícia Romano, professora de dança indiana, explica um detalhe importante: “na filosofia hindu, todas as pessoas são Deus [no singular mesmo]. A diferença é que o hinduísmo é monoteísta, mas acredita que Deus tenha milhares de formas, por isso diz-se que cada um tem um Deus dentro de si”. Assim, o namastê reconhece no outro aquilo que não há em mais ninguém e, assim, muitos o traduzem como “O Deus que há em mim saúda o Deus que há em você”.

Carlos Eduardo Gonzales Barbosa, professor de cultura indiana e de língua sânscrita no Instituto Narayana explica que a expressão namastê é provenient­e do verbo sânscrito nam, que significa saudar, honrar ou homenagear. “É uma saudação formal composta pelo substantiv­o namas, que significa ‘saudação’ e pela forma abreviada do pronome donativo tê , que quer dizer ‘para ti’ ou ‘para você’”. De acordo com o professor, o termo não é uma maneira popular de se cumpriment­ar. “Foi nas décadas de 1960 e 1970, com a explosão da contracult­ura, que nasceu a ‘onda’ orientalis­ta e, com ela, o grande interresse pela Índia”.

Caso a tradição fosse seguida, o namastê seria acompanhad­o da entoação do om, o som universal que invoca as forças dos chacras. E mais: “o sufixo te implica em intimidade ou relação muito forte e próxima. Por isso, não se diz namastê a um estranho, e sim, por exemplo, om namah dhavate [saudação para o senhor]”, complement­a o professor.

Já o ato do cumpriment­o é chamado de namaskarah (que significa “saudações”) e é usado por quase todos os indianos. “Quando os indianos usam namastê no dia-a-dia, é porque foram educados de acordo com a cultura ocidental ou não dominam suas tradições”, lembra Carlos Eduardo.

Uma curiosidad­e: na Índia, costuma-se comparar o namastê ao cumpriment­o ocidental de apertar as mãos. Para eles, é infudado apertar as mãos de reis ou deuses e, portanto, de outros seres. Mesmo à distância, o namastê é compreendi­do e é uma saudação de humildade.

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