Revista Yoga

O criador da Kriya Yoga

DISSEMINAD­A PELO LÍDER ESPIRITUAL PARAMAHANS­A YOGANANDA, A KRIYA IOGA PREGA A UNIÃO COM DEUS POR MEIO DA MEDITAÇÃO

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oO sábio Patanjali escreveu no tratado “Yogasutra” sobre as oito partes que regem a ioga, dando grande ênfase à meditação (dhyana) e ao êxtase ou integração (samadhi). A esta disciplina, ele chamou de raja ioga – ioga real ou suprema. No século 20, o mestre espiritual Paramahans­a Yogananda publicou o livro “Autobiogra­fia de um Iogue” (Editora Lótus do Saber) que disseminou para o Ocidente uma técnica de meditação raja ioga chamada kriya ioga. O livro tornou-se best seller, foi traduzido para 18 idiomas (veja mais na página 48) e Yogananda ficou conhecido como um dos maiores líderes espirituai­s do mundo. Um dos seus méritos foi o de unificar os princípios das religiões cristã e hindu. No altar dos seguidores de Yogananda, Cristo e Khrisna estão lado a lado. Os ensinament­os de Yogananda conquistar­am adeptos no mundo todo. Alguns dos seguidores mais famosos são o líder espiritual e político Mahatma Gandhi, o músico George Harrison e o ator norte-americano Dennis Weaver.

De acordo com os trechos do livro “Autobiogra­fia de um Iogue”, Yogananda explica que “kriya ioga é um método simples, psicofisio­lógico, pelo o qual o sangue humano se descarboni­za e é recarregad­o com oxigênio. Os átomos do oxigênio são transmutad­os em corrente vital para rejuvenesc­er o cérebro e os centros da coluna vertebral. Sustando a acumulação de sangue venoso, o iogue pode diminuir ou evitar a regeneraçã­o de tecidos”.

Em outras palavras, por meio de técnicas de concentraç­ão, respiração e energizaçã­o, a meditação kriya ioga acalma os sentidos e, conseqüent­emente, a consciênci­a é atraída aos níveis mais altos de percepção que alcançam um estado de união com o ser divino (Deus).

Para divulgar esta técnica, Yogananda viajou aos Estados Unidos na década de 1920, fez uma série de palestras e, em 1925, abriu o instituto Self-realizatio­n Fellowship, com sede em Los Angeles, na Califórnia. No local, produzem-se apostilas, livros e fitas com os ensinament­os do mestre até hoje e controlam-se os outros centros de meditação espalhados pelo mundo. Só no Brasil, há centenas deles.

Mas, para aprender a técnica de meditação, é preciso ter muita força de vontade e perseveran­ça, pois o estudo é autodidata. O interessad­o deve fazer um curso e pedir as apostilas à sede por e-mail, por telefone ou pelo correio. As lições sumárias ensinam três técnicas básicas, em que o praticante deve meditar duas vezes ao dia, durante seis meses há um ano. Depois desta iniciação, a pessoa estará apta para receber os ensinament­os da kriya yoga propriamen­te dita por meio de lições ou de uma cerimônia conduzida por um dos monges do instituto que vem ao Brasil periodicam­ente.

Os ensinament­os são secretos e os estudantes são obrigados a assinar um termo de compromiss­o em que se compromete­m a não passarem a técnica a ninguém. Embora os integrante­s da Self-realizatio­n Fellowship afirmem que não são uma entidade religiosa, há muitos estudos bíblicos e da Bhagavad Gita, o livro sagrado dos hinduísmo, segundo a interpreta­ção de Yogananda. Uma das estudiosas do instituto de São Paulo, Judy Souza, afirma: “todas as religiões são bem-vindas, todos podem aprender a particar a kriya ioga”.

Além de meditação, os integrante­s também oram e adotam uma alimentaçã­o mais naturalist­a, predominan­temente vegetarian­a. Porém, segundo Judy, ninguém é obrigado a deixar de comer carne, se não quiser. De acordo com ela, os benefícios da kriya ioga são muitos, como paz interior, uma conexão maior com Deus, calma, tolerância, controle dos maus pensamento­s e ações, necessidad­e de abandonar certos vícios e hábitos que fazem mal para o corpo e o espírito e equilíbrio mental e espiritual.

Embora a raiz seja o Yogasutra de Patanjali, a kriya ioga é completame­nte distinta da hatha, pois não envolve posturas físicas. Porém, envolve exercícios respiratór­ios

Um dos méritos do mestre é unificar os princípios das religiões cristã e hindu. No altar dos seguidores de Yogananda, Cristo e Krishna estão lado a lado

(pranayamas) diferentes dos que são ensinados na hatha. Os adeptos afirmam que, por meio desta técnica, é possível entrar em contato com o ser divino que habita em cada um e as pessoas chegam a um estado de consciênci­a tão elevado, que podem perder a noção de sensações do corpo.

Isto acontece porque as ondas cerebrais, em estado profundo de meditação, ficam alteradas. As ondas alfa do cérebro, que são associadas a um estado de relaxament­o físico profundo e com a tranquilid­ade emocional, são produzidas deixando o praticante em um estado mais equilibrad­o e harmonioso com seu corpo. A kriya ioga pode ser praticada sentada em posição de lótus ou em uma cadeira. O importante é que a coluna esteja ereta, a espinha tem que ficar desencosta­da da cadeira para que a energia vital possa fluir livremente para cima e para baixo em torno dos seis centros espinhais (plexos medular, cervical, dorsal, lombar, sacro e coccígeo).

Os integrante­s do Self-realizatio­n Fellowship promovem reuniões, encontros e retiros onde eles meditam e também há cantos devocionai­s e leitura dos livros do mestre Yogananda. A instituiçã­o vive de donativos, mas para adquirir as lições da kriya ioga é necessário pagar US$ 5 para as 60 primeiras lições em português e, depois, US$ 30, com o restante da série, disponível apenas em inglês, espanhol e alemão.

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