É bom parar de agir sem pensar
Muitas vezes, durante as diversas fases de elaboração da Vida & Yoga, a equipe da redação vê-se analisando alguns pontos que envolvem a filosofia e a prática iogues. Outro dia, eu e a redatora Fernanda Sciascio estávamos conversando sobre a Kundalini Yoga, considerada a “ioga das iogas” e que reúne todos os fundamentos numa única aula, mantendo, assim, a conexão corpo-mente-espírito sempre em vista, não “desmembrando” cada uma das técnicas, como meditação, ásanas, pranayamas, entoação de mantras em várias aulas.
Analisando pelo lado teórico, parece perfeito. Aliás, a maioria dos princípios filosóficos orientais causa essa impressão. Só que boa parte de nós, ocidentais, sempre preocupados com a produção e com a pró-atividade (agir antes de ser requisitado, estar sempre pronto a tomar uma postura, uma decisão, antecipar-se aos acontecimentos, ter um comportamento ativo e não reativo), não consegue entender como o princípio da contemplação (uma das bases de toda a filosofia oriental, que representa, talvez, a maior diferença em relação à nossa filosofia ocidental) pode ser esclarecedor, pacificador e mostrar um caminho pleno de realização. E essa realização não precisa acontecer necessariamente por meio de uma série de ações. Ela pode vir (e quase sempre é isso que acontece) por meio da compreensão...compreensão das pessoas, do mundo, das coisas.
Poucos de nós têm a serenidade essencial para enxergar o mundo de forma contemplativa, sem interferir freneticamente nele o tempo todo, modificando-o sem entendêlo. E é em busca de reverter este quadro que muitas pessoas estão procurando a ioga, que acaba funcionando como uma porta de entrada para uma nova postura de vida.
Então, paremos um pouquinho durante nossa rotina diária para refletir sobre nossos modos de agir, de trabalhar, de pensar, de planejar, de sonhar... Será que estamos satisfeitos com tudo? A ioga pode ajudar a encontrar as respostas e modificá-las.