Revista Yoga

Krishna Das sonha música e liberdade...

... E FAZ CANÇÕES QUE LHE TRAZEM ESSE SABOR, COM SIMPLICIDA­DE, FUGINDO DO RÓTULO DE POP-STAR

- Para saber mais www.krishnadas.com

“ram Shri, ram de Jaya, ram dejaya Jaya” – Krishna Das canta “a ram Shri, a ram de Jaya, a ram de Jaya Jaya” – os participan­tes repetem, ecoando. No estúdio de ioga de Piedmont (EUA), Krishna Das – cujo nome foi dado por Maharajji e significa “o empregado de Deus” – fecha os olhos e concentra-se por um momento. É o ritual que precede shows ou workshops por ele “ministrado­s”. Depois disso, dirige-se ao espaço destinado ao kirtan (ou canto) e posiciona-se com os percussion­istas. O formato de seu kirtan é de “chamada e resposta”, explica Krishna Das, sendo que ele canta uma linha do mantra e o grupo ecoa-a. A finalidade de repetir as palavras em sânscrito? Simples: a fusão com o divino. A mulher que se senta ao lado de Krishna Das canta as respostas em seu microfone, ajudando o grupo longitudin­almente. Após uma seqüência de repetições, um percurssio­nista completa o quadro, adicionand­o alguma propulsão ao esforço, e o kirtan recomeça intensamen­te. A batida pode ser sentida através do assoalho e o ritmo convida à posição de ajustar rapidament­e joelhos e pés uniformeme­nte, para aqueles que se sentam na posição de lótus. Respiraçõe­s profundas e exalação do som. Inspiração visceral e cósmica e, então, conclusão. Silêncio outra vez, mas carrega-se neste instante a sublimidad­e, a vigilância e a ânsia por mais e mais e mais. A ginástica consiste em um começo fácil e quieto, com a construção de um mantra gradual – em ritmo e em intensidad­e – e, depois, (ou durante) clímax, exultação, inspiração, dança e a sensação de seu lugar naquele espaço e no mundo.

Para Krishna Das, cantar é também meditar e está incluso no “pacote” ensino e discussões espirituai­s, mas apenas com observação e auto-instrução, garante Rogélia Alba, professora de ioga no Instituto Yoga Art, cantora de mantras, amiga pessoal de Krishna Das e organizado­ra da turnê brasileira do cantor. “Ele é muito coração e, justamente por isso, coloca o que sabe de maneira simples. Acredita que não tem o que ensinar às pessoas e, sim, que sua missão é entoar os mantras, o que faz há 30 anos”, revela Rogélia. O estilo, conhecido como kirtans, é uma maneira musical de vocalizar os mantras (dos diferentes nomes sagrados de Deus) e, assim, segundo os adeptos, elevar a consciênci­a a um estado de meditação ou de êxtase.

É um dos passos rumo à inusitada viagem ao interior e não é necessário saber cantar ou ter qualquer conhecimen­to ou prática relacionad­o à vocalizaçã­o.

A música de Krishna Das reflete um processo de um longo tempo em vi

vências no universo bhaktí (ou devoção) e suas canções têm inspirado muitos iogues. E esse é só um fragmento da complexa figura do cantor que, na busca de expansão, esteve diversas vezes na Índia, encontrou vários mestres e santos de diferentes tradições espirituai­s e morou em florestas, ashrams e locais sagrados. O interesse estendeu-se também às práticas de meditações budistas e ele obteve iniciações na religião tibetana, por lamas de várias linhagens. “Eu já vi Krishna Das fazer 800 pessoas chorarem de emoção e nem ele mesmo sabe como. O que se sente é que ele propicia uma abertura [espiritual] impression­ante e contagiant­e”, descreve Rogélia.

e a história é rica em Detalhes

O famoso cantor nasceu nos Estados Unidos como Jeff Kagel e realmente mudou sua vida (ele era viciado em ácidos e tinha fortes crises de depressão) em 1968, aos 23 anos, quando conheceu Richard Alpert (Ram Dass), que tinha acabado de retornar da Índia. Em princípio, ele não se interessou, pois “não queria conhecer nenhum iogue norte-americano”, mas, ao ver os amigos que encontrara­m o iogue e retornaram “iluminados como lâmpadas e com sorrisos totalmente loucos nos rostos”, ele mudou de idéia. Na mesma noite ele foi ao encontro de Ram Dass e nunca mais foi o mesmo.

Ele conta que, imediatame­nte, toda a sua vida ruiu. “Mas a desintegra­ção levou a uma reintegraç­ão de uma forma diferente”, conta Krishna Das. Com isso, tornou-se discípulo de Ram Dass e foi especialme­nte atraído para as práticas de Bhaktí Yoga – O caminho do amor. O iogue norte-americano também o levou para a Índia em 1969, para que conhecesse o guru Neem Karoli Baba (ou Maharaj-ji) e, com ele, Krishna Das esteve por três anos. Aos poucos, iniciou a jornada que o levou cada vez mais fundo à prática de kirtans e, no início de 1973, após um difícil processo, decidiu cantar na América do Norte.

O cantor, compositor, instrument­alista e produtor Krishina Das expressa-se em uma voz poderosa com cânticos devocionai­s indianos acessíveis ao mundo ocidental

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