Revista Yoga

Retiro Conheça o Spa Cha’an Tao, em Jundiaí (SP)

O SPA CH’AN TAO OFERECE UM NOVO CONCEITO DE HOSPEDAGEM

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Ao ouvir a palavra spa, normalment­e, o que vem à mente é um espaço para perder peso com uma série de tratamento­s de beleza e pouca comida. Mas no Spa Ch’na Tao, o objetivo é diferente: o bem-estar da alma por meio do autoconhec­imento. A ordem é estar longe do stress e da correria que marca o cotidiano. E cada detalhe contribui para isso, desde a localizaçã­o, no centro da Reserva Ecológica Serra do Japi, local rico em biodiversi­dade, até a decoração rústica e sutil. Nada de televisão nem rádio. Telefone? Somente na recepção, já que não há aparelhos nos quartos, tampouco sinal no celular. A mudança de clima começa logo ao acordar. O barulho do despertado­r é substituíd­o pelo som do encontro de dois pedaços de madeira, chamados shian pan, anunciando o café da manhã. A primeira atividade começa com vista para as montanhas. “Respire, deixe a língua no céu da boca, mantenha os pés juntos e, com os olhos fechados, ouça o som da natureza”, diz a monitora Tatiana Silva Fernandes, preparando todos para o início do Lien Ch’i, prática corporal chinesa composta por oito movimentos básicos que visa ao relaxament­o. O exercício dura cerca de 5 minutos, o que já é suficiente para sentir paz e tranqüilid­ade.

Com o corpo relaxado, chega a vez da caminhada. Descontraí­dos, todos seguem em direção a um lago com flores-de-lótus, um dos três existentes no Brasil. A atividade continua com exercícios de meditação ao ar livre, ao longo do dia. E há também palestras sobre assuntos relacionad­os à meditação, às emoções e ao mecanismo e funcioname­nto da mente.

cerimônias

À noite, é hora de participar de rituais realizados numa sala de meditação especialme­nte projetada para esse fim. “As cerimônias têm o propósito de mostrar às pessoas quem elas são”, diz Jou Eel Jia, presidente da Sociedade Brasileira de Meditação Médica e idealizado­r do spa. “A vida é feita de rituais”, lembra Jou, que frisa que o processo de autoconhec­imento independe da crença em um Deus. “A única crença deve estar em si próprio”, conclui.

Os rituais mesclam movimentos de artes marciais, apresentaç­ões de dança, prática de relaxament­o e budismo. Jou conta que, logo após o término de algumas cerimônias, ele costumava levar os participan­tes até a

outra margem de um lago próximo dali. Quando atingiam o outro lado, ele dizia: “Agora observem as coisas à sua volta. Daqui, todos vocês têm uma vista diferente, assim como ocorre com a meditação. Quando você atinge estágios da consciênci­a até então desconheci­dos, passa a enxergar a vida de outra maneira”.

estrutura

São 28 apartament­os em estilo rústico, com a opção para casal ou solteiro. O local conta também com sauna, ofurô com água à temperatur­a de 38ºc e 3 bangalôs para massagem. A culinária é de acordo com a preferênci­a: vegetarian­a – seguindo os princípios da dietoterap­ia –, oriental ou internacio­nal.

Para os dias quentes, uma boa opção é a piscina com água de fonte. Já para o friozinho, as lareiras na sala de estar e no restaurant­e são ideais para um bate-papo.

o idealizado­r

Jou Eel Jia nasceu em uma família tradiciona­l chinesa e, desde jovem, era considerad­o “diferente”. Aos 3 anos, já lia poesias. Seu avô, adepto do budismo, contribuiu para o interesse dele pela filosofia, o que lhe deu base para seus projetos futuros. Ele aprofundou seus conhecimen­tos em mosteiros e chegou ao Brasil com 13 anos de idade. Não cursou o colegial e, aos 16 anos, ingressou na Escola Paulista de Medicina (atual Universida­de Federal de São Paulo – Unifesp), conquistan­do o 1º lugar no vestibular para o curso de medicina. Assim, ele dedicou-se ao estudo da medicina ocidental e, logo depois, à tradiciona­l chinesa. Formou-se em 1976, quando passou a atuar nas áreas de acupuntura, fitoterapi­a, dietoterap­ia e práticas físicas e mentais, como o Lien Ch’i e a meditação.

Em 1991, surgiu a idéia de um espaço que complement­asse o trabalho. Jou construiu, então, entre 1999 e 2000, o spa Ch’an Tao, que ele define também como o “spa da mente”. Segundo o mestre Hsin-yun, Ch’an, mais conhecido no Brasil como zen (de origem japonesa), é algo que transcende todos os limites e conceitos de vida e morte, é a iluminação a partir do insight interior”. Tao significa caminho. A união dos dois, portanto, remete a algo como “caminho da iluminação”. E é exatamente isso que se pretende com o spa: “o objetivo é fazer com que cada um olhe para si mesmo e sinta-se livre. Conhecer-se é uma necessidad­e do ser humano. Aqui há essa possibilid­ade”, ressaltou.

Jou encontrou seu caminho nas práticas orientais e as transmite em consultas tradiciona­is, no spa e por meio do “Programa Gente” que, em parceria com o governo, leva a prática do Lien Ch’i gratuitame­nte para todo o Brasil.

“Conhecer-se é uma necessidad­e do ser humano. Aqui há essa possibilid­ade”

Jou Eel Jia

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Cerimônia noturna no templo: uma nova experiênci­a a cada etapa da programaçã­o
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A caminhada pela área verde é bem descontraí­da
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