Entrevista Charles Saumarez Smith
Diretor-executivo da Royal Academy of Arts escreve sobre o Masp em livro sobre museus do pós-guerra
O Masp está entre os quatro museus do mundo que, na visão do britânico Charles Saumarez Smith, são referências da década de 1960. Ele esteve em São Paulo a convite do Instituto Inclusartiz para uma série de entrevistas para seu livro e filme dirigido por Bruno Wollheim. select encontrou-o na Casa de Vidro, sede do Instituto Bo Bardi.
Por que São Paulo está no itinerário do livro sobre os museus pós-segunda Guerra Mundial?
O Masp é, a meu ver, muito emblemático da transformação dos museus nos anos 1960, passando do puramente “exibir a coleção” para o espaço público criativo de Lina Bo Bardi, um fórum para a liberdade e espaço para o encontro. É um museu muito pioneiro. Na década de 1990, quando eu dirigia a National Portrait Gallery, fizemos um display expositivo no primeiro andar, feito por um arquiteto britânico chamado Piers Gough, que foi muito influenciado pelos displays da coleção no Masp. E ele exibiu retratos dos anos 1950 em caixas de vidro.
Quais as características dos museus do pós-guerra?
O museu costumava ser bastante conservador, enquanto as pessoas que trabalhavam nele estavam mais interessadas em objetos do que realmente no público. A mudança em minha carreira aconteceu no sentido de um engajamento público, uma cultura política, de programas públicos e não menos captação de recursos, porque agora pouquíssimos museus, como o Victoria & Albert Museum, são financiados apenas pelo governo. Realmente todo mundo tem de arrecadar dinheiro e para isso você tem de estar engajado com o seu público e seus financiadores.