EMBAIXADA DO MUNDO
A escultura Gaia Mother Tree, de Ernesto Neto, instalada em julho de 2018 na estação central de trens de Zurique, foi, em estimativa de Sam Keller, diretor da Fondation Beyeler, a obra de arte mais visitada da história da Suíça – vista pelo quase meio milhão de pessoas que por ali passa diariamente. Feita com cordas de algodão tecidas à mão, a instalação do artista carioca tornou-se um grande evento graças às mãos invisíveis da colecionadora Frances Reynolds, que esteve por trás da articulação para levantar fundos para esse projeto promovido pela Fondation Beyeler. “Acredito em parcerias”, diz ela à select.
Frances Reynolds acredita na consolidação da arte brasileira no contexto global e no poder transformador da sociedade brasileira através da arte e tem trabalhado para isso desde 1998, quando, influenciada pelo curador Paulo Herkenhoff, fundou o Instituto Inclusartiz. Sua primeira ação foi trazer a coleção do argentino Eduardo Costantini para o MAM Rio, na mostra Soy Loco por ti Latino America. Na sequência, trouxe o argentino Guillermo Kuitca para o Centro Cultural Hélio Oiticica, no Rio, e levou Tunga para o Centro Cultural Recoleta, em Buenos Aires. “As pessoas estão precisando se encontrar, ficar juntas”, diz Frances Reynolds, que é argentina de nascença, “carioca por paixão” e cidadã do mundo.
Desde que iniciou um programa de residências artísticas, em 2013, sua casa no Jardim Botânico, no Rio, tornou-se uma embaixada do mundo. Já recebeu para temporadas mensais o cubano Leslie Sardinas, os britânicos Martin Creed e Prem Sahib, o argentino Matias Duville, o coreano Do Ho Suh, a polonesa Joanna Piotrowska e o mexicano Rodrigo Hernandez, entre vários outros. Em 2018, o programa de residências recebeu a brasileira Valeska Soares, radicada em Nova York desde os anos 1990, e Maxwell Alexandre, jovem artista contemporâneo natural da Rocinha, no Rio. Preencher lacunas também está nos planos de Reynolds. Os próximos contemplados serão artistas das regiões Nordeste e Centro-oeste do Brasil.