LULA BUARQUE DE HOLLANDA
Artista e diretor de cinema
Estamos nos início dos anos 1960. Sexualidade abafada por um moralismo sufocante. Em meio a polêmicas como Freud X Reich, neurose X potência orgástica, pulsão de morte X repressão sexual, a arte apresenta-se como arma demolidora, acabando por questionar profundamente tudo que nos reprimiu durante séculos.
Em suas primeiras obras e performances, Carolee Schneemann vai além dos limites, adicionando o corpo em seu trabalho, coberta por tinta, graxa, giz, cordas, cobras e plástico. Trabalha na fronteira entre o erótico e o desejo sexual, ao mesmo tempo que reforça uma potente visão feminista no meio de um mundo artístico dominado por homens. Em Meat Joy (1964), desenvolvido a partir de sonhos, Carolee cria uma espécie de “rito erótico excessivo”, uma celebração da carne como material: peixe cru, galinhas, tinta fresca, corpos nus .... trabalhando com diferentes dinâmicas, indo do sensual ao cômico, do carinhoso ao selvagem, do agradável ao repulsivo. As estruturas de uma sociedade conservadora estão em xeque (mate). Mergulhando em seu universo, encontramos uma guerreira (linda demais), a arte em seu ápice, transformando uma sociedade apodrecida por conceitos medievais. O corpo, a arte, o feminismo e a sensualidade como armas. Carolee me emociona no fundo da alma.