PROTESTO DE NAN GOLDINREQUÊNCIAS
Artista promove ação relâmpago em museus nos EUA que aceitam doações da família Sackler, fabricante do opioide Oxycontin
O Guggenheim estava cheio no fim da tarde do sábado 9/2, quando pequenos grupos de pessoas se espalharam, esperando alguma coisa acontecer. Uma celebridade entrou e colocou-se no meio do saguão do edifício, de onde era vista por todos que estavam na rampa em espiral do museu. Era a fotógrafa norteamericana Nan Goldin, 65 anos, que se notabilizou por imagens de LGBT+, a crise da Aids e a epidemia de opioides. Foi quando panfletos começaram a cair, rodopiando, até cobrir o chão do museu. Eram receitas assinadas por um Dr. Robert Sackler para um Solomon R. Guggenheim. A prescrição era de pílulas de 80 mg de Oxycontin, para serem tomadas 24 vezes por dia. Faixas vermelhas foram postas nos quatro níveis da rampa, onde se lia:“400.000 mortos”, “Vergonha de Sackler”, “200 mortos a cada dia” e “Retirem o nome deles”. Então várias pessoas se deitaram no chão do museu, entre os panfletos e frascos com rótulos onde se lia: “Prescrito a você pela Família Sackler. Extremamente viciante. Efeito colateral: Morte”. Goldin falou então em estacato: “Nós queremos o dinheiro deles. Para sites de consumo consciente. Para redução de danos. Para tratamento. É hora, Guggenheim! Retire o nome deles!” O público repetiu a frase e prosseguiu: “O dinheiro do Oxy está nas galerias! Retirem, se tiverem coragem!” O protesto foi o mais recente da série promovida por Nan Goldin e seu grupo PAIN (Prescription Addiction Intervention Now), criado quando a artista conseguiu se livrar da dependência, adquirida após ter recebido o remédio depois de uma cirurgia, ter se viciado “da noite para o dia”, e ter passado a comprá-lo no mercado negro. O grupo já fez ações semelhantes no Metropolitan Museum of Art, no Smithsonian e em museus da Universidade Harvard, que também aceitam doações da família Sackler. MS